Quinta-feira, 13 de Outubro de 2005
A expressão «união da esquerda» vem sendo ao longo dos anos comummente utilizada pelo PCP, e mais recentemente também pelo BE. Na prática, esta união não significa mais do que uma renúncia consentida destes dois partidos aos seus ideais, em detrimento de uns presumidos ideais de esquerda do PS.
Esporadicamente, o PS também recorre a esta expressão, e quando o faz, além de ficarmos todos a saber que algo vai mal no reino socialista, na prática constatamos que o PS está a contar que, pelo menos um destes dois partidos de esquerda, renuncie às suas aspirações em prejuízo dos interesses do PS.
Nunca, em caso algum, os socialistas utilizam esta expressão considerando renunciar às suas conveniências.
Sempre considerei enigmática esta vassalagem dos partidos de esquerda ao PS, pois, por muito que tenham tentado, ainda ninguém me conseguiu convencer que o PS é de esquerda e que o PSD é de direita. A única diferença que encontro entre os dois partidos para além das personalidades que os dirigem é que o PS se auto-denomina de centro-esquerda, e o PSD de centro-direita.
Esta diferença de mera assunção denominativa, aparentemente, é ainda o motivo bastante para obstar a qualquer entendimento político mais abrangente em assuntos de interesse nacional que nada têm a ver com as ideologias em causa.
André Carvalho