Quinta-feira, 13 de Outubro de 2005
O circo já lá vai, o pão a ver vamos
Em tempos remotos o império romano criou a política de alimentar e divertir o entorpecido povo Romano, que ficou marcada no tempo como o estratagema político do Pão e circo. Pão e Circo foi a táctica usada para impedir o agravamento da situação de descontentamento que se vivia nessa época, a crise era generalizada a imagem da que se vive actualmente, corrupção dentro do governo e gastos com luxo eram habitués, o que enfraqueceu o exército e o poder romano. Os políticos desses tempos receosos de que se pudesse suceder alguma revolta popular, decidiram em conclave que o ideal era abstrair o povo da realidade. Os políticos de então, cogitaram que a solução para motivar e acalmar as insatisfações de seus súbitos fosse proporcioná-los, no Coliseu (leia-se: auditórios, comícios e afins
) com o circo, e com o pão para saciar devidamente o corpo. Que fique desde de já bem claro aos políticos e demais, que possam estar a ler este post que esta fórmula não funcionou. O Império Romano ruiu!!!
Com o desfecho da campanha eleitoral foi posto um termo ao triste espectáculo que vínhamos a assistir por estes dias, o circo era de tal ordem, que mais parecia uma tragédia inspirado no famigerado estilo grego. Nestes dias de circo deu para quase tudo, desde dos inacreditáveis políticos do tipo arruaceiros, como, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira torres, Valentim Loureiro e não esquecendo nunca o bobo da corte Alberto João Jardim, que como nos vem a habituar, elevam a política ao mais alto patamar da dignidade dos imbecis, passando pelos inúmeros municípios e seus responsáveis que estão sobre investigação policial (mais de um terço das câmaras municipais), mas que ainda assim, não se coibiram de voltarem a candidatarem-se com o apoio das varias facções politicas a que pertencem, dando um leve toque de seriedade e honestidade à já tão aclamada classe de políticos que este país alimenta. Foi vê-los a esburacar estradas, a inaugurar as obra por acabar, a dar beijos e abraços pelas ruas, a prometer que desta é que é, a dizer que a culpa é dos outros e eles imunes e inimputáveis as suas responsabilidades, enfim uma incomensurabilidade de circo. O sistema político do tipo empresa, perfeitamente organizado e corporativo que alimentamos, atingiu patamares incomportáveis num estado democrático e de perfeito direito, a doutrina política e judicial, aliados no interesse do grupo de amigos ao estilo empresarial, criaram incompetentes que por sua vez geram políticos irresponsáveis. Nos dias de hoje pertencer a uma qualquer pútrida escola partidária é sinónimo de estabilidade financeira e bem estar pessoal, nunca indo ao encontro da essência do dever político no verdadeiro sentido odontológico da politica, de servir em compromisso com o dever público a que esses mesmos cargos comportam. Os políticos continuam a nos tentar fazer passar a ideia que o nome é que dá a realidade às coisas, no mínimo a idiotice no seu maior estado natural. Ser de esquerda e ser de direita, alguém que me explique a diferença, para mim está no aroma, o ataque à minha inteligência vai mais longe quando por aí em tempos de circo, vejo disperso pelas ruas slogans como as do partido comunista A CDU Prometeu A CDU Cumpriu, o que? Não li bem certamente, hão-de me aclarar as ideias e afirmar que neste país os políticos, varrendo da esquerda para a direita e vice-versa, prometem e cumprem, é um ataque à inteligência do povo, é o estado de psicanálise que os políticos vivem, pensam eles os políticos, que basta dizer para que seja verdade, mas a imbecilidade continua, em alguns cartazes do partido social democrata podia-se ler Chega de Tachos, agora sim, o expoente, diria mesmo um hino ao verdadeiro político desta terceira república, então não foi no tempo dos dez hediondos anos de governação d pérfido Cavaco Silva que atribuíram não dezenas, não centenas, mas milhares de cargos públicos aos amigos da escola corporativa do PSD, qual é o partido político com poder camarário ou governamental que não tenha usado a política viciada do Padrinho.
Tentemos clarificar as ideias e chegaremos rapidamente a conclusão que ser de esquerda ou de direita é uma das mil maneiras que o ser humano pode escolher para ser um imbecil.
O aparato do circo é tal, que a revolta social e por demais evidente, a indiferença do povo para com os políticos leva a que esses mesmos políticos se preocupem a procura do voto, pois o nível de abstenção e sinónimo de descrédito e se caminhamos para abstenções exorbitantes o império político cai por si só, ou seja, a empresa política entra em falência. Este circo tornou-se numa máquina eficiente consumidora de dinheiros públicos e num prestador de serviços de qualidade medíocre.
A partir do instante em que o poder se encontra esgotado ao extrair tudo o que podia da natureza envolvente, é altura do sistema político eliminar o seu maior inimigo, ou seja, o próprio individuo. Qualquer ser que pense em penetrar para este sub mundo, deve saber que deve sempre ficar do lado do seu próprio inimigo, a política irá incumbir-se de destruir a sua alma para que dali não tenha mais imputação sobre os seus actos. O político destes dias é um braço ao serviço do polvo político, a política é um jogo sujo de traições, ilusão, destituído de qualquer dignidade que apenas e somente a alma e o espírito podem fornecer. Quando o circo atinge este patamar de subversão do sistema o perigo de desordem ameaça com os meios extremos de força e de cadeia de comando, fazendo lembrar tempos horripilantes doutros sistemas passados. Permitam citar um velho adágio chinês que diz o seguinte
É a água que sustenta o barco, mas é essa mesma água que vira o barco
, ou seja, os políticos viciaram o sistema do povo, compete a esses mesmos políticos lavarem a mente e o corpo e arrumarem a casa, a ética enquanto valor aglutinador surge do indivíduo para a sociedade e nunca ao contrário, a sociedade não nos pode impor valores compete ao indivíduo impô-los à sociedade.
Pão e circo são a subversão do sistema democrático que já desmoronou em outros tempos.
Nuno Berenguer