Quinta-feira, 14 de Abril de 2005
No passado fim-de-semana realizou-se um novo Congresso do PPD/PSD para a eleição do novo líder. O eterno segundo e fiel apoiante de todos, fruto de estranhas alianças conquistou finalmente a liderança.
Os congressistas, pouco ou nada autocríticos e sem chama, falaram do que nos últimos três anos provaram não saber fazer, como se devia governar o país.
Esquecendo o seu actual peso específico e o fenómeno de rejeição que provocaram no eleitorado, ainda sem norte e estupefactos pelo seu desaire, preferiram falar de cátedra ensaiando algumas chantagens políticas e dar lições de governação.
Não se enxergam!
Marques Mendes tentando mobilizar as hostes vituperou o actual governo por não fazer num mês o que ele, colaborador activo no governo da tanga de Durão Barroso, e o seu partido não fizeram em 3 anos de desgovernação. Quem não soubesse e o ouvisse, parecia que era ele o primeiro-ministro publicitando as linhas de actuação para o governo.
Esqueceram-se rapidamente que já houve quem durante quase uma década não passasse cavaco a ninguém!
Aplicam-se aqui com toda a propriedade os ditados populares Bem prega Frei Tomás! Olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz!ou então Que pode dar quem a pedir anda!.
A plateia adorou, esquecendo-se que se tudo correr normalmente os portugueses estão livres das suas políticas, pelo menos, nos próximos cinco anos.
Alucinou!
A ameaça de condicionar a actuação da actual maioria tentando impor condições não passam de tiros de pólvora seca, assim como se espera e deseja ela saiba assumir integralmente as suas responsabilidades.
No dia 20 de Fevereiro o eleitorado expressou claramente as suas opções, rejeitou o projecto neoliberal que estava em marcha, e indicou que queria outro caminho. O reforço das opções de esquerda foi a expressão prática do sentimento de mudança que varreu da cena política os partidos da direita, reduzindo-os à mais ínfima expressão de sempre.
Em 30 anos de democracia nunca os resultados dos partidos de direita foram tão reduzidos, mas eles parecem não entender isso e mantém a arrogância tão própria dos grandes senhores arruinados que, longe da realidade que os rodeia, se limitam a sonhar agarrados à recordação das grandezas do passado de que só eles foram beneficiários.
Face ao que se ouviu o eleitorado deve manter-se vigilante, e afastar a direita do poder na próxima temporada política, continuando o processo que iniciou nas eleições europeias, reafirmou nas legislativas, deverá reforçar nas autárquicas e encerrá-lo nas presidenciais!
Com os resultados desastrosos que se conhecem, D. Sebastião já foi há séculos e nunca regressou, os salvadores da Pátria também nunca foram de bom augúrio. O último, com a sua tese que um país se governava como uma casa de família, levou-nos a um atraso de décadas em relação à Europa de que ainda não recuperámos.
Com uma história secular das mais antigas da Europa, devemos urgentemente aprender com as experiências do passado. Se formos alunos aplicados e soubermos tirar as lições da nossa experiência colectiva e convenientemente liderados, o nosso trabalho de construção do futuro está facilitado.
À atenção de todos, parafraseando alguém que discursou a despedir-se no Congresso de Pombal e deixou uma ameaça a pairar no ar, contra ventos e marés eles continuam a andar por aí.
Depende de cada um que eles apenas se continuem a arrastar atrás das, para nós, suas tristes recordações!
Jorge Costa (membro do Secretariado da Federação Distrital de Portalegre do PS)