Terça-feira, 12 de Abril de 2005
Marques Mendes ganhou o congresso do PSD. Não sei se por mérito próprio, se por falta de alternativas credíveis. Está por provar.
A sua vitória, como o próprio congresso, foi frouxa, sem chama e sem galvanização. Não apresentou nada de novo, nenhuma ideia chave, tudo lugares comuns, muito mais do mesmo e nada mais. Caiu no erro de criticar o passado, sem entender que também fez parte dele, no governo e como cabeça de lista, e sacudiu a sua própria responsabilidade. O partido não gostou e penalizou-o. Escondeu a emoção e com isso perdeu a razão. Soou a artificial, sem sabor, sem um toque de sal e com demasiada pimenta.
Entrou no congresso como um vencedor antecipado, falou aos congressistas com o tom de presidente do partido, e saiu dele como um líder, que todos tentam dizer muitas vezes, que não é a prazo, para ver se acreditam.
Marques Mendes, vai ser um líder sob vigilância.
Com o resultado do congresso, do qual resultou um equilíbrio de forças dentro das estruturas do partido e onde o seu carisma não foi suficiente para o arrebatar, Marques Mendes começa a sua nova função, mais enfraquecido do que se encontrava, enquanto simples candidato à liderança.
A vigilância vai vir de todos os lados.
Luis Felipe Menezes vai estar atento e actuante, com toda a estrutura que conseguiu colocar nos órgãos do partido, não dará descanso a Marques Mendes. Sobretudo porque confirmou, durante o congresso, que se as eleições do líder, tivessem auscultação directa das bases, com uma maior componente de emotividade na escolha, talvez o resultado fosse outro.
Santana Lopes vai continuar por ai. E depois do seu discurso, em que atacou directamente Marques Mendes, de forma polida mas incisiva, ficou bem claro que não se dá por vencido e que continuará a construir o seu caminho. Caminho esse, que às vezes, encontra entroncamentos que nem o próprio prevê, como foi o caso do que o conduziu a Primeiro-ministro.
Santana, junta-se assim, como dizia Marcelo Rebelo de Sousa, ao grupo dos fantasmas, sendo que será certamente, por natureza e disponibilidade o que mais facilmente sairá do armário.
António Borges e o seu grupo, também estarão vigilantes e atentos, e sobretudo preparados para construir uma alternativa, que se tornará inevitável, após o ciclo eleitoral próximo e na previsão de falta de liderança, por parte do agora líder, nos tempos que se seguem. A pergunta é: Até quando?
Enfim, ainda não foi desta que a direita, que afinal quer ser centro-esquerda, encontrou um rumo
Mário Martins Campos