Sexta-feira, 28 de Maio de 2004

Júlio Marques - Causas

(...) Pacheco Pereira recém-chegado de terras da Rússia, por coincidência não programada, não esteve no Congresso do PSD porque não quis, porque se sentiria incomodado, que estaria a fazer num congresso assim?
Outros desejaram lá estar em lugar destacado a que por
inerência têm direito mas não quiseram para não incomodar outros. Também
nestas coisas os homens se distinguem e ainda bem, digo eu. Desta distinção
se reconheça a Pacheco Pereira a escolha das causas que valem, ainda que
necessariamente a seus olhos. Lobo Xavier, num estúdio da província (o Porto
é província?), ficou mais marginal. E o acordo continuado (coligação obriga)
às posições de Pacheco Pereira passaram a discussão mitigada do passado,
presente e futuro da coligação. Com uma substituição (demissão) de um
ministro inexplicada (inexplicável?) e com um congresso sem assunto, nem foi
preciso travar o ímpeto dialéctico (retórico?) de José Magalhães. Como
alguém diria, num propósito diferente, assim é fácil.
Por muito bom argumentador que se seja, há causas que não têm ponta por onde
se lhe pegue e assim fica difícil e, se tiver continuação, tornar-se-á
impossível. É que as coisas não estão a correr nada bem para a direita,
ainda que como esta afirma tudo por causa da esquerda: do passado que pesa
sobre o presente e do futuro de que se culpa já , se houver problemas de
segurança, uma outra esquerda. E Manuela Ferreira Leite já deu a entender
que também Deus será responsabilizado se vier a permitir que a esquerda
ganhe eleições e vier de novo a governar Portugal. Para já põe os pastores
do seu rebanho a pagar impostos, tal como as ovelhas que apascentam, mas se
o défice não melhorar não estará fora das suas intenções poder vir a exigir
uma quota das colectas arrecadadas em Fátima que poderia colocar em causa a
construção da modestíssima casa da mãe de Deus no santuário do mesmo nome.
Tal colecta seria, sem dúvida, ouro sobre azul, porque azul é que está a
dar. Mais o azul, que o ouro e os dourados fazem penasar em coisas
desagradáveis. E isto de cores como sabemos é muito importante porque com
elas se fazem as bandeiras que é quem vai à frente de todas as causas. Pena
é que o governo que tem ministros que não se sabe bem para que servem, não
tenha um que seja o porta-estandarte. Mas talvez não houvesse quem
aceitasse com medo de vir a ser decepado, porque o que já aconteceu pode
voltar a acontecer. De todo modo, seja-me permitido apontar o nome do homem
que governa a Madeira, que tem voz tronituante, é corajoso, não tem papas na
língua e tem um rumo para esta jangada à deriva, mas sobretudo porque estou
certo que todos os portugueses o adorariam ver cavalgando a burra de Sancho
Pança.
Falávamos de cores. Tem é de se estar atento para ver qual é a cor que está
a dar. O vermelho já contribuiu. Agora o que está a dar é o azul. E foi
comovente ver o nosso Primeiro-ministro a aplaudir como ninguém mais
aplaudiu a equipa de azul e branco. Parece que tinha uma visita de Estado ao
México mas que pelos vistos não era muito importante para o país, porque
como o mesmo costuma dizer " o que está em causa são os supremos interesses
da nação" . O meu amigo transmontano que é um esquerdista inconvertível,
sportinguista (im)penitente (e que por isso se juga moralmente superior e
justificado pelos factos ocorridos que provam que o sistema existia mesmo) e
que é do género de dizer as coisas sem rodeios, pão pão, queijo queijo, sem
rebuço, concluiu que o Durão ganhara as eleições anteriores à custa dos
vermelhos do Vilarinho e que quer ganhar as próximas à custa dos azuis e
brancos do Pinto da Costa. É claro que o meu amigo sportinguista tem todos
os defeitos e todas as virtudes dos ingénuos e diz o que deve e o que não
deve. Embora estime o meu amigo transmontano, mais por ser transmontano do
que sportinguista, acho que comete uma grande injustiça para com o nosso (de
todos os portugueses) primeiro ministro que, como todos se recordarão, era
um fraco líder de oposição e se tornou o melhor membro de todo o seu
governo, ele próprio um transmontano, embora transplantado e um
esquerdista convertido da militância maoísta para um partido sem ideologia,
fazendo assim bandeira de não ter bandeira nenhuma, ou de ter a bandeira que
lhe permita aguentar-se na cavalgadura, se não for em cavalo que seja em
burro, pois também ele dirá "Antes quero burro que me leve do que cavalo que
me derrube". E solípedes é o que não falta por aí.
Júlio Marques
publicado por quadratura do círculo às 17:28
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Terça-feira, 25 de Maio de 2004

Rui Silva - Celebrar o Euro 2004

Assisti ao (recente) debate na Assembleia da República sobre o tema Euro 2004.
Como resumo do que vi e ouvi, penso que todos os portugueses ficaram, se não estavam ainda, entusiasmados com a realização do acontecimento em Portugal.
Parece, deduz-se, uma oportunidade única de colocar Portugal na rota dos maiores. No mapa europeu dos grandes países.
Foi dito e, quem sou eu para duvidar, que "seria a melhor organização dum europeu de futebol" feita até hoje.
A sua promoção dentro e fora do país , foi exemplar, foi igualmente dito.
Tudo estará em condições para a sua ocorrência, os estádios, os acessos, as condições de segurança, as urgências médicas, etc.
Foi, o que vi e ouvi, entusiasmante.
Até o Estado, personalizado pelo Governo, tinha toda a situação controlada, não só nos aspectos supracitados, como no controlo orçamental previsto, rigorosamente executado sem desvios de um único cêntimo de Euro.
Fiquei satisfeito e quase despreocupado.
A ligeira preocupação que me assalta, são decorrentes da execução da Expo 98, em que parece que tudo o que na altura foi dito não correspondeu inteiramente à verdade.
Parece que houve descontrolo orçamental, "derrapagens" como é costume ouvir dizer e não notei nas minhas poucas deslocações pela Europa que a Expo 98 tivesse tido grande efeito na colocação de Portugal na rota dos maiores.
Aliás, nem de propósito, nesse mesmo dia aparecem na comunicação social uns comentários sobre uma análise do Tribunal de Contas sobre o tema dos Estádios do Euro 2004. Ironia do destino, só pode ser.
Oxalá eu me engane, que não se tenha de recordar mais tarde um "slogan" já ouvido, mas com outros termos:
- Jogue-se o Euro agora e pague-se depois.
Faltarão creches, hospitais, tribunais, saneamentos, etc. mas sobejarão estádios.
Pelos vistos, ser houver um erro, esse será imputável às autarquias locais.
Rui Silva
publicado por quadratura do círculo às 16:07
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Paulo Loureiro - Comunicação Social

Foi uma quinta-feira exemplar. Tristemente exemplar! Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas deram à nossa communicação social aquilo de que mais necessitam: vender. Se no primeiro caso foi vendido um título falso e fora do prazo de validade, no segundo, a CS serviu para divulgar às massas as bocas e assobios de quatro ou cinco pessoas,
muito bem amplificados.
No primeiro caso, a notícia deveria ser "Ministra Corrige Declaração de Rendimentos". Mas não. Noticiou-se o primeiro acto, já corrigido. A correcção do "ilícito" é um mero apêndice, tanto mais grave quanto foi voluntariamente corrigido, como fazem todos os de bem. Mas aquele título é uma não-notícia por natureza, logo, distorce-se, contorce-se e apregoa-se
em busca da atenção de alguém a quem servir a história, já envenenada. E como muitos não sabem sequer cheirar, engolem à confiança.
Eles, os que escrevem, eles é que sabem. O que as pessoas talvez não saibam é que algumas notícias são "feitas" para o jornal das 13 ou para a edição do dia 18, não para informar. É tão escandaloso que o tratamento a dar foi o mesmo que caberia na razão se a correcção não tivesse tido lugar.
Quanto à pseudo-vaia a Paulo Portas, o som disponibilizado permite concluir que se tratou de um grupos de meia dúzia de gatos pingados, sendo perceptível a voz de um homem cuja voz se destacou, já que emitia "bocas" sozinho. Por este caminho, e se bem conheço algumas forças partidárias, vamos ter camionetas de aluguer a percorrer as capelinhas das visitas ministeriais. À frente poderão estar uns senhores envergando cartazes do género "assobiar agora!".
Vale bem a pena!
Tristemente, vejo-me dentro de um veículo cheio de portugueses, a que chamamos Portugal.
E a avaliar pelos problemas de escape, do motor e do livro de instruções, a viagem ao futuro promete!
E como às centenas se morre em África! Todos os dias, em matanças, sem que alguma CS abane sequer.
Enquanto isso, somos "informados" sobre o soldado Eepanhol que quase levou um tiro ou o da GNR que apanhou "pé de atleta" no Iraque.
Paulo Loureiro
publicado por quadratura do círculo às 15:57
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Gabriel Rafael Guerra - Eleições europeias

A menos de um mês das eleições europeias teima em (não) surgir nos assuntos
(e debates) ditos "europeus", a questão da actual conjuntura internacional.
Garantido já o discurso "clássico", com as questões nucleares a dividir-se
entre a economia (à direita) versus o social (à esquerda), ambos manietados
entre uma "outra" (terceira) questão, ou preocupação, (também ela
"clássica", nestas eleições) de um provável (mas demasiado) elevado grau de
abstenção.
Sendo assim, e já delineadas (aparentemente) as estratégias, iremos assistir a
uma cena "doméstica" de "ajustes de contas" (e "recriminações" mútuas) com
as duas questões (e só elas!) a servir de pretexto "político" para vários
divórcios já consumados .
De um lado, PSD versus PS, o previsível espectáculo de uma ininteligível e
hermética quezília de "cifrões" (ou "lavar de roupa suja" entre
ex-ministros-ex-bloquistas(-centrais)); do outro, PCP versus BE, uma
rebarbativa berraria de "chavões" («sociais», com o Miguel Portas na sua
versão ex-PCP). Em "off, e (auto-)arredados ou confinados no seu beco
"anti-europeista", a (2ª parte) da telenovela da vendetta pessoal PP-PNV
(Portas-Monteiro).
«O que a Europa nos tem dado, ou nos poderá dar», continuará a
ser o moto, positivo ou negativo - somos, afinal, e reiterar-se-á à saciedade,
o "parente pobre" da Europa. Ou seja, como o diz o ditado popular: «Onde todos
ralham e ninguém tem razão». Aguarda-nos, portanto, um baixo nível de
intensidade política, do qual os cidadãos já mostraram (pelas
sondagens) o seu total desinteresse, senão (absoluta) indiferença.
«Qual o lugar de Portugal na Europa?» ou «Qual o lugar da Europa no Mundo?»
(des)aparecerão como máscaras retóricas por detrás da ("pragmática")
pergunta-chave: «Qual o lugar (as vantagens) da Europa em (para) Portugal?».
Ora para muitos analistas (internacionais europeus) este é o "problema
português". Portugal ainda pensa, reflecte, e faz política como um novo
membro o faria, não como um membro já integrado e de pleno direito. Falta-lhe
ainda voz própria, preocupa-se em demasia com política caseira, não formula
grandes reptos. No entanto, é singelo e, na sua singeleza, preocupante. É
detentor da última revolução do continente, sabe fazer política
internacional (o caso Timor é referência internacional), tem algumas
ambições (anote-se a Expo 98), tem potenciais (culturais), mas, ao nível do
discurso (político) impera ou a subserviência ou o queixume.
Não há, discursivamente, (e aqui a excepção, mais uma vez, é o Dr. Mário
Soares) qualquer desenho (próprio) de uma arquitectura coerente ou activa de
política internacional (que mereça menção ou relevo), no enquadramento
europeu. A opção atlantista, face aos últimos acontecimentos foi demasiado
seguidista (para não dizer servil), rapidamente desmoronada pelo efeito
«Zapatero», tem os dias contados (e decalcados) numa agenda de um político
caído em desgraça (ou prestes)(interna; Tony Blair). "Cantou de galo", quando
no auge de uma miragem militarista irresponsável e deplorável (dos EUA),
"cantará fininho" quando, já só, e mais papista do que o Papa, mais ninguém
terá paciência para o seu enfado balizado entre a mediocridade (subserviente)
e os lamentos (de queixume e inveja).
Perguntar-se-á (e bem) o cidadão: para quê ir votar, então?
Gabriel Rafael Guerra
publicado por quadratura do círculo às 15:48
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Terça-feira, 18 de Maio de 2004

Rui Silva - Sobre atrocidades

A revelação pública das fotografias das torturas infligidas por alguns elementos do exército dos EUA provocaram na sociedade que as viu uma verdadeira onda de indignação.
Essa indignação é, a todos os títulos, legítima.
Os cidadãos dignos desse nome não podem, não devem aceitar pacificamente a existência de tais situações.
Contra o facto mostrado, o direito à indignação deve ser inalienável e, por outro lado, deve ser exercido.
Daí, compreender a onda de indignação.
O que não compreendo é o aproveitamento dos actos de atrocidade praticados, como arma de arremesso.
Que se levante e atire a primeira pedra alguém que fale por um país, por um estado, por uma nação, por uma religião, por uma civilização, que não tenha atrocidades cometidas, registadas na sua história.
Infelizmente a violência existe em cada ser humano, escondida sob o verniz da aparente tolerância. Não se esqueça, contudo, que se houver oportunidade ela manifesta-se. A ocasião faz o ladrão.
As formas, essas, serão muito diferentes para cada um de nós. Poucos felizmente as praticarão como as fotografias mostram, mas há tantas formas de o fazer; utilizar a pena e o verbo são algumas delas e, não deixam marcas físicas.
Em qualquer caso, conhecidos ou desconhecidos (quantos haverá sem o sabermos), condene-se. Veementemente. Sem compaixão pelos algozes.
Nós, os ocidentais, devemos julgá-los em sede própria. Outros não o poderão ou quererão fazer.
A justiça nos julgamentos é aquilo que nos diferencia dos outros, dos injustos.
Estes actos não se desculpam; punem-se.
Estes actos têm autores, os que os executaram. Não se despersonalizem e, sobretudo, não se generalizam a todos ou a alguns, porque dá jeito.
Estes actos não se justificam com outros.
Só vale a pena arrolá-los, se servirem para evitar a sua repetição.
Rui Silva
publicado por quadratura do círculo às 17:45
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Quinta-feira, 13 de Maio de 2004

Gabriel Guerra - Atrocidades no Iraque

Chegaram esta semana ao conhecimento da opinião pública (mundial) algumas das
atrocidades (já) cometidas pelo Exército Norte-Americano contra o Povo
Iraquiano n(est)a 2ª Guerra do Golfo. As imagens são (objectivamente)
chocantes e, caso raro, chegam ao nosso conhecimento com um mínimo de tempo de
desfasamento em que foram (ou estão a ser) perpétuadas. Assim, é
natural que o seu impacto seja tremendo, senão brutal. Como tal fuga de
informações foi possível, não o sabemos ainda, mas que os Serviços Secretos
de Informação e Inteligência Norte-Americanos (Pentagono, NSA, CIA, FBI)
falharam na ocultação das mesmas surge evidente. Tal parece (também)
reflectir (e o eleitorado americano o penalizará sem qualquer sombra de
dúvida nas próximas eleições) a total inexperiência, desarticulação e
incompetência da Administração Bush (Jr.), se, claro, comparada com a dos
seus antecessores.
Dito isto, para as várias organizações (de direitos do homem, jornalistas e
activistas) que se têm debruçado sobre os inúmeros crimes de guerra já
cometidos pelo Estado Norte-Americano, tais acontecimentos não constituem
propriamente novidade ou surpresa, só que a dimensão mediática a que estão
a ser sujeitos, - o seu consequente impacto político -, de facto, são-no.
Sendo assim, é deveras curioso estarmos a assistir (em directo, e sobre o
acontecimento) a um desdobramento (a roçar o pánico) do próprio Presidente e
Secretário(s) de Estado a tentarem "apagar" estas imagens do consciente
colectivo (mundial), e tal através da sobreposição (claro, hipócrita) de
suficiente ruido mediático.
No entanto, há duas razões de fundo que presidem a este desdobrar "frenético"
(entre o eufórico e o disfórico) de "pedidos de desculpa".
O primeiro é claramente propagandístico e visa obter dois resultados: 1º) o
mais "óbvio", capitalizar (mediaticamente) o acontecimento, invertendo o seu
sinal negativo; há que admitir que ver o Presidente dos Estados-Unidos (e o PM
Britânico) a desdobrar-se em pedidos de desculpa em directo na cadeia
Al-Jazeera seria algo impensável há duas semanas atrás (mesmo no horizonte
de qualquer futurólogo); 2º) Se bem que este gesto se (con)figura como um
"mea culpa", dado o seu conteúdo, ele surge antes como uma confissão, e é
precisamente esta natureza confessional, reiterada ad aeternum, que perturba e
obscurece a sua implicação política, e, sobretudo, jurídica. A confissão
é da ordem da moral e/ou do religioso, claro, mas também da ordem do
jurídico, e é esta sobreposição exaustiva, ou indexação mediática de uma
à outra, que causa confusão, e impede (ou visa impedir) a implicação
judicial: Quem pode julgar um Crime de Guerra? O próprio país que o
perpétua? Quem terá legitimidade para representar a vítima? O (país)
agressor? Claro que não.
Ora (segundo ponto), os Estados Unidos são o único país no mundo (!) a não
ter assinado a convenção sobre o Tribunal Internacional que se encontra sob a
égide da ONU (International Court).
Chegou, portanto, a hora de as democracias do mundo exigirem-no, e sob pena do
seu total descrédito junto dos povos que deles (EUA) são vítima (pensemos,
por exemplo, no apoio pernicioso dos EUA ao regime de Suharto contra
Timor-Leste). Existem, além disso, neste momento, três atrocidades passíveis
de serem indiciadas como Crimes de Guerra contra os Estados Unidos: 1º)
Meio milhão de crianças (a serem actualmente, e continuamente) mortas no Laos
(vitimas das «bombies», as minas colorida cujo código de desminagem os EUA
continuam a recusar divulgar; 2º) Meio milhão de crianças Vietnamitas
(vítimas do «agente Laranja», uma dioxina que continua a abortar os fetos
humanos ou a causar mal formações genéticas; e, 3º) Meio milhão de
crianças Iraquianas mortas de malnutrição e fome (na sequência das
sanções que a própria ONU, sob pressão dos EUA, impôs contra o Iraque).
Com o consentimento da ONU, meio-milhão de crianças foram mortas para tentar
vergar um regime que sempre se manteve e cresceu à custa do apoio dos EUA (e
não só); Sem o consentimento da ONU, um país sofreu uma invasão para
destruir armas de "destruição em massa", afinal não-existentes; Sob a
passividade e permissividade da ONU, um povo está a ser humilhado, torturado,
violado e assassinado por tentar resistir a uma invasão de que só agora
percebemos os contornos hediondos; e, hoje, para cúmulo, são recrutados os
próprios ex-generais de Saddam Hussein para reprimir as populações.
Onde está o Direito Internacional? Até onde a violação dos Direitos do Homem
pelos Poderosos?
Gabriel Guerra
publicado por quadratura do círculo às 12:09
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JB Barroca Monteiro - Ex-combatentes

Dadas as pouco úteis análises sobre os ex-combatentes, todas politicamente correctas, género todos merecem muito, pergunto: onde está um módico de apoio às famílias dos mortos em combate? Vale mais uma pequena pensão aos vivos, pode valer um voto.
Setecentos milhões de euros destinados aos ex-combatentes, mais de 140 milhões de contos para aumento das pensões de reforma de algumas centenas de milhares de veteranos da guerra em África.
Agora que desde há dois anos tanto se tem tentado reduzir os excessos de consumo das famílias portuguesas, aí está uma medida com reflexos no consumo, de um governo dito anti-despesista, digna de uma prática ainda hoje tão criticada ao governo anterior, de sinal contrário ao actual e socialista. Uma medida socialista deste governo.
Trinta anos depois do final da guerra em África, quando alguns poucos milhares de ex-combatentes, deficientes das Forças Armadas* e marginais económicos, continuam abandonados e a viver miseravelmente, eis o milagre de fazer chegar a umas centenas de milhares um pequeno bónus nas suas pensões de reforma. Que não pediram. Porquê, para quê?
Desde logo porque é muito simpático aos políticos prometer durante as campanhas eleitorais, principalmente, mais facilidades e bónus. Depois porque num país de cidadãos de fracos recursos, é sempre agradável receber mais um acrescento nos seus rendimentos, um subsidio, sobretudo se proveniente do Estado.
Milagre maior, se numa conjuntura económica e financeira extraordinariamente difícil, com o Estado em dívida para com numerosos sectores sócio profissionais, o Governo da Nação consegue tal proeza. Entre a venda apressada do fabuloso património militar e a cativação de uns milhões de euros do OE, o crime económico consumado. Para quê?
Para cumprir uma das mais demagógicas propostas nascidas na AR** e promessas eleitorais – desnecessária, eleitoralista e despesista - afinal com todos os ingredientes que a actual maioria politica tanto criticou e continua a criticar ao governo anterior e à actual oposição. Que no fundo o Povo paga. E que pagará no futuro, se houver dinheiro e o défice o permitir. Com a esperança de que dure nos próximos anos a até ás próximas legislativas. Depois se verá.
Entretanto: Num país pobre e em tremendas dificuldades económicas, assim foram criadas grandes expectativas de melhoria de rendimentos aos ex-combatentes. Fruto da ilusão da política e da inconsciência económica de todos – responsáveis políticos e eleitores – que vão realmente receber os ex-combatentes? Um curto aumento nas suas pensões de reforma, que virá de onde? Dos bens que o Estado administra e que no fundo irá buscar também aos impostos das famílias portuguesas, de todas as famílias, incluindo as dos ex-combatentes. Estes e as suas famílias, irão alegre e agradecidamente, receber o que entretanto o Estado lhes tirou do bolso. That is the economy, stupid.
Para o futuro, prometer aos espoliados de África (retornados), algo de semelhante ao dos ex-combatentes. Votos assegurados.
*Entretanto, entretanto: Decreto – Lei nº 43/76 (Deficientes das FA). Determina apenas a criação de um grupo de trabalho para tratar da inserção dos DFA no mercado de trabalho. Até hoje... Para descanso de políticos e dos generais do aparelho.
** Com o beneplácito geral e universal da irresponsabilidade dos pais da pátria – os senhores deputados da República que temos, do «estado a que isto chegou», como disse há trinta anos, um dos mais simples e distintos capitães de Abril, cidadão e militar exemplar, Capitão Salgueiro Maia (paz à sua alma).
JB Barroca Monteiro, ex – combatente, Coronel Páraquedista
publicado por quadratura do círculo às 11:39
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Segunda-feira, 10 de Maio de 2004

Isabel do Carmo - Esclarecimento

Exmo. Senhor Dr. Lobo Xavier,
Ao abrigo da lei de Imprensa e porque foi dito pelo Senhor no Programa Quadratura do Círculo no canal SIC Notícias no dia 30 de Abril de 2004 à noite e repetido no dia 1 de Maio que eu fui condenada e em seguida amnistiada, peço que seja esclarecido o seguinte:
Nunca fui nem condenada definitivamente nem amnistiada. Estive presa de 1978 a 1982. Em Janeiro de 1980 iniciou-se na Boa-Hora um julgamento em que fui condenada na 1ª instância. Esse julgamento foi em seguida anulado por instância superior e nos anos seguintes fui sucessivamente absolvida nesse e em todos os outros processos. Em Junho de 1982 fui libertada, por ter sido largamente excedido o tempo de prisão preventiva. Essa libertação seguiu-se a um período de greve de fome e a um apelo público do Presidente da República, General Ramalho Eanes.
Trata-se de matéria de facto e não de matéria de opinião, verificável através dos meios adequados.
Como o Sr. Dr. Lobo Xavier é jurista tem responsabilidades acrescidas nesta área. Trata-se dum erro cometido perante milhões de espectadores, com as consequências que daí advêm. É como se, na minha área, eu atribuísse um diagnóstico errado (e grave) a um doente, por negligência de informação.
Peço pois que seja corrigida com a mesma importância com que foi divulgada a informação falsa anterior.
Com os meus cumprimentos,
Isabel do Carmo

Nota do moderador - A publicação da presente carta foi anunciada no programa transmitido este fim-de-semana.
publicado por quadratura do círculo às 00:30
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Quinta-feira, 6 de Maio de 2004

Amora da Silva - Novo discurso da tanga

Todos pensamos coisas mas não dizemos. Não por não serem verdade mas por
conveniência. Se assim é para o cidadão comum, tem de sê-lo de modo especial
para um ministro que tem de medir as consequências do que diz. O que disse o
senhor ministro da Educação? Que este sistema de ensino está talhado para o
insucesso. Foi hoje que o senhor ministro descobriu isto? Que fez desde que é
ministro? Sabe quantos anos o Ministério da Educação foi governado por
ministros do seu partido? Senhor ministro, que comandante de navio pegaria num
megafone e alertaria tripulação e passageiros para o facto de o barco meter
água com risco de afundamento?
A educação, como todas as actividades que exigem transformação, requer
optimismo, convicção de que somos capazes de mudança em nós e nos outros.
O senhor ministro com esta posição derrotista acabou de inaugurar um novo
discurso da tanga. Só que desta vez o alfaiate e o tecido são da casa.
Amora da Silva
publicado por quadratura do círculo às 16:20
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Ricardo Nunes - Ex-combatentes (Resposta a Gabriel Rafael Guerra)

Escrevo-vos em resposta ao texto apresentado pelo leitor Gabriel Rafael Guerra, intitulado de “Ex-combatentes”, mas aproveito, desde já, para deixar os meus sincero parabéns à organização e intervenientes do programa.
O senhor Gabriel cai no erro de referir que todos os que lutaram nas guerras coloniais o fizeram a favor do antigo regime. Não sei se já serviu nas forças armadas portuguesas, mas concerteza que conhece aquilo a que a tradição chama o “juramento de bandeira”. Qualquer soldado que o faça, fica incubido através de juramento e beijo da bandeira de defender o seu país.
O senhor Gabriel observa, com pouca clareza devo confessar, a situação da guerra colonial sob um prisma actual. De valores actuais e de factos que, agora, todos damos como consumados.
A verdade é que, na década de 60, todos os territórios ultramarinos eram de facto, e como diz, considerados como Portugal. Os soldados que nesses territórios lutaram, com imensa coragem, nunca puseram em causa o facto de estarem a lutar por Portugal e pela nossa bandeira, isto independentemente das suas convicções partidárias e das suas ideias e pensamentos pessoais sobre o conflito.
O que vossa excelência propõe é que se esqueçam todos aqueles que, muitas vezes contra a sua própria vontade mas com um enorme sentido de dever, lutaram em África, por Portugal e por aquilo que a classe política pensava ser, na altura, o ideal.
Muito sinceramente sinto-me um pouco indignado com essas declarações pois se hoje todos reconhecemos a situação colonial portuguesa como não tendo sido a ideal, a verdade é que na altura muitos soldados deram a vida a lutar por aquilo que pensavam ser servir o seu país. E na altura era-o de facto.
A maior parte dos que se opuseram ao fascismo foram sem dúvidas heróis, pessoas de carácter, mas ignorar por completo quase 1 milhão de jovens portugueses que lutou em África parece-me irrisório. Ter lutado em África não significa que se apoiava o regime, nem sequer que se era apoiante do fascismo.
Por favor separemos as águas.
Ricardo Nunes
publicado por quadratura do círculo às 16:05
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