Segunda-feira, 26 de Julho de 2004
Antes da minha ida para férias, apresso-me a enviar mais este comentário, escrito entre uma mudança de fralda, a habitual explicação de matemática ao meu filho mais velho (muito burro aquele miúdo me saiu! Dizem que sai à mãe... enfim, os genes são os genes e contra os desígnios da natureza nada podemos fazer) e depois de ter servido o almoço ao meu marido. Tenho pena que, uma vez de férias, já nem sequer possa assistir às futilidades transmitidas pelos "media", para depois as poder comentar no blog da Quadratura do Circulo, (sou obrigada a assumir interinamente as funções da empregada doméstica que também vai de férias, e, por outro lado, também não quero incomodar o meu prestimoso esposo, pois segundo ele diz, as férias foram feitas para descansar!) futilidades como por exemplo, o buraco orçamental deixado pelo Dr. Santana Lopes na Câmara Municipal de Lisboa, a obra interrompida do túnel do Marquês por indevida preparação do dossier, os honorários pagos ao arquitecto Frank Gehry pela realização de um ante-projecto destinado à reconstrução do Park Mayer, cujos terrenos até ao momento ainda não tinham sido negociados pela edilidade, e etc., etc., etc.
Fernanda Valente
Sábado, 24 de Julho de 2004
Nunca pensei que uma diferença de quinze anos pudesse traduzir-se num quase impeditivo comunicacional. Passo a explicar. Actualmente com 38 anos de idade, deparei-me recentemente com algo de que já tinha ouvido falar, mas a que nunca dei grande importância:
o gap de gerações. Também o senti na minha época de adolescente e talvez por o supor similar, nunca lhe tenha atribuído a importância merecida. Mal eu sabia o quão errado estava. Afinal, nos dias de hoje, a tal diferença de uns quantos anitos pesa. Em várias áreas, a vários níveis e de uma maneira que não julgava possível. A simples conversa, os códigos usados ou a abismal diferença de termos agora usados por uma faixa que se situa entre os dez e os vinte e poucos anos, quase que invalida uma possível troca de palavras perceptível com um adulto na casa dos trinta e tais. O contacto que me proporcionou esta revelação tive-o com um grupo de rapazes e raparigas dentro desta faixa etária e que vivem de acordo com os princípios de uma comunidade à parte, a que se torna difícil de aceder.
Uma espécie de gangs do século XXI, mas cujos ideais são tão só os de demarcarem a sua própria personalidade, meramente com recurso à palavra. Uma forma de proceder que se tornou comum, se não mesmo natural, e que faz uso corrente e abusivo da linguagem mms, de códigos de fashion e de cor adaptados às novas tendências e de uma atitude que se quer seguida à risca, sob pena de exclusão do grupo. De um momento para o outro, o discurso que parecia sair fluído e completamente perceptível das minhas cordas vocais, deparou com um muro de incompreensão e perplexidade que se ergueu do outro lado da barricada, na pessoa de uns quantos adolescentes alguns anos mais novos do que eu. Termos e expressões antes usadas até à exaustão, acontecimentos que marcaram a minha geração, conhecimentos básicos - digo eu - sobre os mais variados temas que eu julgava de grande importância, tudo parece ter caído em total desuso e, mais, num ridículo que jamais imaginei possível. E sou eu a falar, que tenho apenas 38 anos. Que hão-de pensar os de mais idade, aqueles que são os dignos representantes das gerações que me antecederam? Ouvirão eles um dialecto a necessitar urgentemente de descodificação ou terão, pura e simplesmente, desligado? Hoje, passada esta quase traumática experiência, devo admitir que tenho uma outra visão da realidade. Do mundo em que se movem os futuros donos deste planeta que por tanta coisa já passou, mas por muita mais irá ainda passar. Assim esperamos. Como espero que, sejam quais forem essas revoluções e as suas reais dimensões, as mesmas surjam no sentido de dar um novo rumo à desordem que, pouco a pouco, se tem vindo a apoderar da nossa sociedade. Que mudem os códigos ou que se reformule a linguagem, mas que tal implique igualmente uma mudança real a curto prazo. Que o significado último das palavras daqueles que agora se preparam para tomar nas suas mãos o leme deste mundo cansado, seja de esperança. Pois parece-me claro que este é um tópico que não necessita de grandes explicações. Fala por si e pela urgência de que, cada vez mais, se reveste. Independentemente de códigos ou de idades.
Miguel Teixeira
Sobre a polémica que se instalou, quanto à provável não recondução do Dr. Paulo de Macedo, no cargo de Director-Geral dos Impostos, facto motivado pela discrepância salarial comparativamente a outros altos quadros superiores da função pública, permito-me comentar o seguinte:
Incapaz de poder avaliar, do ponto de vista técnico, o currículo profissional deste alto quadro superior, basta-me o facto de o mesmo ter sido admitido pela ex-ministra das Finanças e também o testemunho de um funcionário daquela direcção-geral, com funções executivas, em representação de outros tantos, que manifestamente deu provas da sua intenção em começar pelas medidas de fundo.
Quanto à remuneração de 25.000 Euros, pelo menos, há uma certeza que nós temos, é a de que esse valor irá com certeza ser tributado, no quadro da lei da tributação em vigor para os funcionários públicos. Todos nós sabemos que o nosso país, é um país de favorecimentos. É notório para todos nós (acredito que não haja um cidadão que não tenha tido uma experiência dessa natureza) que a política do favorecimento é altamente rentável, em todos os sectores, sobretudo no público, traduzindo-se esta no encaixe de verbas por parte dos seus beneficiários que, por não serem do domínio público, não são passíveis de tributação.
Haverá, porventura, no quadro das altas funções ministeriais remunerações líquidas finais que superarão em muito o valor dos 25.000 Euros.
A sua exoneração, como medida primeira de um executivo em início de funções, não passará de um exemplo de pura autocracia, de cariz genuinamente populista.
Começamos mal, digo, começamos muito mal ...
Fernanda Valente
Quinta-feira, 22 de Julho de 2004
Pé ante pé...
Pé ante pé, o meu filho partiu o pé! Tem apenas vinte e um meses e a energia da idade.
Pé ante pé, subiu a uma cadeira, depois de já o ter feito com sucesso várias vezes, também depois de vários desincentivos "reais", um momento para tirar o leite do microondas ali ao lado e... cadeira e miúdo no chão.
A quatro pés, (eu e o pai com ele ao colo) corremos para o carro, hospital D. Estefânia, num domingo relativamente calmo depois da triagem, uma hora de espera por um dos dois médicos do serviço de cirurgia - ambos a operar segundo informação prestada - para uma radiografia conclusiva. -"Tem o pé partido, como pode observar, mas vai ter que ir para Stª Maria porque não temos ortopedista." Disse a médica com ar de enfado, alheada da nossa aflição e do choro o bebé.
O pé do meu filho inchado.
Pé ante pé... já passava da hora de almoço além das dores e da fome, o sono.
Hospital de Stª Maria, bem diferente do anterior, numa sala de espera apinhada de novos e velhos, sentados, em pé em macas cada um com as suas queixas, mais os acompanhantes. Fiquei sozinha com ele ao colo, enquanto o pai tirava o carro do estacionamento do hospital, a fim de acalmar a obsessão do segurança e vários empregados da instituição. Em pé, ele ao meu colo, aguardámos já com o pai ao pé, uma consulta de ortopedia que demorou, finalmente o médico -"...vamos ter que imobilizar este pé" disse, depois de observar a radiografia.
Depois da tala de gesso no pé pequenino, depois do choro entrecortado com os "não qué" chorosos mas firmes do meu filho -"...vai fazer nova radiografia, aguarda chamada na sala de espera para o serviço de radiologia e aguarda novamente chamada para voltar ao serviço de ortopedia". Lá fomos resignados à espera, com uma bota branca e nova no pé do meu filho, esse inconformado com tanta espera, esperar. Nós esperámos... Por fim ortopedia, novamente o médico que se certifica que está todo bem e informa dos procedimentos para ser seguido na consulta de ortopedia em de Stª Maria, -Não existem de facto ortopedistas no hospital D.Estefânia?...pergunto eu, ingénua. fiquei a saber que é complicado, há mas não há. Compreenderam?! ...
Eu percebi...pé ante pé, esconderam-se todos porque o ministro da Saúde, secretário de Estado e todo o ministério estão a brincar às escondidas com os médicos e o sindicato dos médicos do hospital dos meninos, e os meninos mesmo que não lhes apeteça, mesmo com o pé partido também têm que brincar com eles.
O meu filho chama-se João Diogo.
Marina Teixeira
É de lamentar que quando um Presidente da República tem de tomar uma decisão importante para o País, logo uma massa de iluminados se manifeste, nas ruas, tentando forçá-lo a assumir uma posição, que é a deles.
A recente demissão de Durão Barroso e os problemas que daí advieram, veio mais uma vez comprovar a falta de democracia existente em algumas franjas do eleitorado que, conquanto sendo poucos, têm uma grande capacidade de mobilização e de manifestação da sua vontade.
Felizmente o PR não se deixou intimidar e tomou uma decisão que, só a ele competia, não violou minimamente a nossa Constituição e é por demais acertada se considerarmos que:
O PCP e o BE jogam na máxima de quanto pior melhor, visto que quanto maior for a insatisfação do eleitorado mais possibilidades têm de aumentar o número de apoiantes e de deputados.
O PS, após a demissão de António Guterres, contou com a figura de Ferro Rodrigues para tapar o "buraco" no lugar de Secretário Geral, o qual não tinha o apoio da maioria dos Socialistas. Ferro Rodrigues deveria estar grato a Jorge Sampaio por não ter convocado eleições antecipadas, já que teriam sido um desastre para o PS, para o País e para ele, pois seria pouco provável o partido chegar às eleições sob a sua liderança, dadas as guerras internas, sendo assim duvidosa a obtenção de maioria PS no Parlamento.
As actuais candidaturas de José Socrates, José Lamego, João Soares e as mais que virão, atestam da falta de unidade existente no partido e da ausência de uma figura de peso disposta a dar a cara.
Também, o constante invocar do nome de António Guterres como candidato ideal da esquerda à Presidência da República é má estratégia, dados os maus governos que liderou, o estado em que deixou o País e o modo como abandonou o cargo. O que seria de Portugal se António Guterres fosse actualmente Presidente da República?
As reacções de Ana Gomes, são outra demonstração pública da falta de democracia e apontam para uma relação interna de compadrio e protecção da incompetência, sendo as atitudes daquela socialista, por demais, prejudiciais ao partido e a quem ela apoiar.
No PSD, Santana Lopes não seria o ideal para Primeiro Ministro de Portugal, mas pelos vistos foi o possível, resta-nos esperar para ver. Embora com muitas dúvidas, esperemos ver algo de bom para que o nosso Portugal não tenha apenas alegrias a custas do futebol.
Segundo a minha analise o Iraque não foi invadido!
Um país é um estado soberano, e o seu governo deve ser legítimo! Ou seja, eleito denmocraticamente! Se o não é, é de questionar a sua soberania! A ideia de soberania de um estado não deve ser observada de forma antiga, mas nos contextos de democracia pós II Guerra mundial! A ideia de soberania modificou-se - qualquer individuo não olha com bons olhos para uma ditadura! Encontra falhas na sua soberania! Não vê com bons olhos o dominio, pela força e repressão, por parte de um grupo de homens, de um país, de um povo! Existirá um estado num país se esse estado é governado por um ditador?! Ou existe antes uma organização criminosa que o ocupa?! Que existe uma organização criminosa e não um estado?! Se se aceitar tal o estado Iraquino não foi invadido! Pode pensar-se até que foi ocupado por uma força militar que libertou o estado do Iraque de uma organização criminosa! Sabe-se que o estado que não existia está a ser, agora, reconstruido! Diz-se que deve ser o povo do estado oprimido a fazer a sua libertação! Mas isso vai contra toda a ideologia pós II Guerra Mundial que criou conceitos de solidariedade, e de ajuda entre estados! Vai porque mais que outro tipo de ajuda um estado oprimido necessita de libertar-se do seu opressor! No contexto real da ocupação que legitimidade viram os Estados Unidos em ocupar o Iraque?! Pode discutir-se isso nos contextos acima descritos. Sem eles a questão é politica antiga! Ou seja, de antes da II GM e de antes da queda do muro de Berlim! Parece que a ONU os esqueceu! E esse esquecimento pode ser a legitimidade americana! Antes da ocupação os Estados Unidos pediram ajuda à ONU! Não a obtiveram! E tudo agora é politica do passado! Ou seja, é discussão sobre se fizeram bem ou mal! O problema é que continua-se a discutir a ocupação à antiga esquecendo-se que o estado iraquiano está a evoluir para uma democracia que ninguém, ou muita gente, não quer apoiar! Apoie-se a criação da democracia e discuta-se depois o resto! Ou pelo menos que se faça com mais contenção! O terrorismo é um problema grave, é uma organização não democrática de criminosos! E ele pode ser combatido criando democracias nos estados onde elas não existem. Ou seja, eliminando estados, ou organizações, de entendimento mutuo no que diz respeito a politica objectiva que praticam, ou seja, o crime! Eliminando estados criminosos estão as organizações democráticas a eliminar o crime organizado! A politica para a justiça deve ser feita de forma justa, nas leis da democarcia! Em 28 de Maio de 1926 instaurou-se em Portugal uma ditadura militar! Em Fevereiro de 1927 tentaram derruba-la ingloriamente! E se em 1928 ela tivesse sido derrubada com a ajuda de outro estado?! A ditadura só caiu depois da morte do ditador! Quatro anos depois! Passados quase 50 anos! Foi muito tempo de opressão, repressão... de atraso, de sofrimento, de dor! A organização criminosa Estado Novo controlou tudo durante todo esse tempo! A ONU deve rever as suas politicas, se formou jovens pró democracia deve corresponder a essa juventude! Ninguém pede guerras, essa juventude, mas não assimila muito bem argumentos antigos! Pede paz, e a força das Nações Unidas é a única que a pode fazer! Pedindo paz, democracia às nações! Levando-lhes cultura democrática! É um dever, é uma obrigação! Não sendo excelência permite a mediocridade que já era passado! E ser excelente é no fundo ser, justo, ser democrático! É promover a igualdade entre povos e entre cidadãos!
JL Viana da Silva
Dir-se-ia que aquilo que se vê pela televisão, sobretudo em horas normais de trabalho, existe! O resto, não existe! Tudo não passa afinal de uma grande mentira, de um gigantesco complot internacional que alguém arquitectou contra os políticos e os governos democráticos em especial de Portugal, visando desacreditá-los aos olhos da opinião pública mundial...
Não assisti pela televisão à homenagem prestada pelo Tribunal Contas junto ao túmulo financeiro da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, mas não pude deixar de reflectir - certamente por deformações minhas de índole profissional, política, ética, social e moral...) - nas palavras proferidas na auditoria (Ainda se fazem...? Para que fim enigmático?...) pelo Tribunal Contas, que me fizeram recordar o ensaísta Eduardo Lourenço, no seu livro O Labirinto da Saudade, mas não só...
Na mencionada auditoria, coisa fútil associada a impunidades gritantes e ad eternum inconsequentes, a derrapagem financeira do orçamento da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, dos previstos 182,3 para 300,9 milhões de euros, é atribuída a insuficiente planeamento e orçamentação do projecto.
Que saudades nutre o nosso gentio pelo planeamento e orçamentação...
«O projecto da Porto 2001 foi insuficientemente planeado e orçamentado, uma vez que o primeiro orçamento, de 1999, previa 182,3 milhões de euros e, na última revisão, em Abril de 2001, foi corrigido para 226 milhões de euros, mais 24 por cento», sustentou o Tribunal Contas, numa auditoria à Sociedade Porto 2001 e à sua sucedânea Casa da Música/Porto 2001. Não ficou esclarecido quem pagou a diferença, mas o povo adivinha! A construção da Casa da Música, também incluída no primeiro orçamento e cujos custos estimados quase triplicaram, levaram o custo total do projecto Porto 2001 a aumentar para os 300,9 milhões de euros. Para o Tribunal de Contas, a derrapagem neste projecto específico terá resultado do facto da decisão de construção ter sido «deficientemente sustentada, nomeadamente em estudos técnicos e económico-financeiros realistas». Nenhuma alusão é feita à identidade de tão doutos decisores, planeadores e orçamentadores, e muito menos são tecidos elogios à forma como pontualmente sempre cumpriram as mordomias principescas! Debaixo das críticas do TC está também o concurso de ideias para selecção do projectista da Casa da Música - que viria a ser o holandês Rem Koolhaas - que não foi «legal nem transparente». É que, sustenta o relatório, o concurso não terá salvaguardado «os princípios da concorrência, igualdade e estabilidade das regras». Afinal, ideias não faltaram para chegar a brasa à sardinha... tudo com gente séria, sábia e de reconhecidos méritos e apetites vorazes!... Como diz outro ensaista, quando a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha! Divinal! O que adaptado ao habitual gentio desta quinta sempre voluntarioso para a "coisa pública" - vulgo, político-partidários de profissão - significa: quando os jobs for the boys e aquilo com que se compram jogadores não vem até nós vamos nós até eles... E assim foi que deu para muitos por muito e muito tempo... Senão vejamos! Excluindo a Casa da Música, o TC destaca que o maior desvio financeiro entre as várias intervenções feitas em equipamentos culturais foi verificado no Auditório Nacional Carlos Alberto, que custou mais 125 por cento do que o estimado. Aliás, frisa o tribunal, este foi também o equipamento que registou a pior execução física (mais 305 por cento), «visto o projecto não se encontrar em condições de ser executado, o que fundamentou o abandono da obra por parte do empreiteiro». A culpa é sempre do projecto... e nunca morre solteira! Segundo o Tribunal de Contas, as obras de requalificação urbana da cidade, consideradas pela administração da Porto 2001 como uma das pedras basilares do projecto, «não beneficiaram, antes, perturbaram, a vivência do evento».
«Não concorreram para a captação de públicos à cidade e, por isso, em nada contribuíram para que o Porto tivesse podido oferecer aos seus visitantes a imagem de uma cidade renovada e cativante, tal como se tinha perspectivado inicialmente», lê-se no relatório da auditoria (não se sabe porquê nem para quê...). Tal como acima digo, tudo não passou afinal de uma grande mentira, de um gigantesco complot internacional que alguém arquitectou contra os políticos e os governos democráticos em especial de Portugal, visando desacreditá-los aos olhos da opinião pública mundial...
No total, as obras de requalificação urbana custaram 80 milhões de euros, mais 16,6 milhões do que o previsto, apesar de terem sido realizadas menos 14 por cento das intervenções planeadas na baixa portuense. Adicionalmente, refere o TC, as obras terminaram «com atrasos superiores a um ano». Quanto às receitas de exploração derivadas da realização da Porto 2001, o TC nota que ficaram «aquém do objectivo» em 5,3 milhões de euros, somando cerca de 14,7 milhões.
Azar: é tudo a exceder excepto as receitas!
A auditoria do Tribunal de Contas incidiu sobre a actividade da Sociedade Porto 2001 desde a sua constituição, em Dezembro de 1998, até Setembro de 2003 - apenas! Além desta auditoria, existem ainda duas outras: uma, ainda não divulgada) pedida pela actual administração sobre a gestão anterior de Rui Amaral,
(2002/2003) e uma outra da Ernst & Young (até ao final da existência legal da Porto 2001 S.A. - Junho 2002), cujo relatório preliminar já é conhecido. Mas ninguém sabe ainda é em que milénio é que esta música será tocada na tal Casa da Música! Mas que música...
O ensaísta Eduardo Lourenço, no seu livro O Labirinto da Saudade, refere que "o fundo do carácter português é constituído pela mistura fascinante de fanfarronice e humildade, de imprevidência moura e confiança sebastianista, de «inconsciência alegre» e negro presságio" e que " o que é necessário é uma autêntica psicanálise do nosso comportamento global, um exame sem complacências que nos devolva ao nosso ser profundo ou para ele nos encaminhe ao arrancar-nos as máscaras que nós confundimos com o rosto verdadeiro."
Tivesse aquela auditoria sido transmitida pelos "media" e não teria suscitado igualmente interesse particular de ninguém mas sim apenas desdém - rima... e é verdade! - e nem sequer teria suscitado este meu comentário. É que não há maior mediatismo do que o do saudoso Dr. Santana Lopes! Tudo inspira intervenções políticas muito iluminadas! Nada mais o justificará, pelos vistos!
De facto, sábias pareciam as palavras em que tantos, afinal, deviam rever-se... O fundo do carácter português é constituído pela mistura fascinante de fanfarronice e humildade, de imprevidência moura e confiança sebastianista, de «inconsciência alegre» e negro presságio... e afinal o que é necessário é apenas uma autêntica psicanálise do comportamento global dos protagonistas (...)
Manuel dos Santos - Porto
Terça-feira, 20 de Julho de 2004
Agora que acabou o Euro do nosso (des)contentamento,
são muitas as pessoas que vêem a sua vida preenchida
por um enorme vazio. Falo por mim que, desde então,
não consigo dar um rumo à minha vida. Deixei de saber
o que fazer com os animados fins de tarde princípios
de noite, com as valentes bebedeiras que se seguiam a
cada novo triunfo da nossa selecção ou mesmo com as
inúmeras bandeiras que adquiri, ou com as muitas
camisolas com as cores nacionais que, orgulhosamente,
envergava em cada novo jogo. Dou comigo a buzinar como
louco na estrada a qualquer hora da noite ou do dia e
a berrar a plenos pulmões por "Portugal, Portugal". Os
meus amigos já tentaram fazer-me entender que a vida
continua e que devo voltar ao emprego pois, segundo
eles, corro o risco de o perder. Coisa que eu não
acredito, pois o senhor Matias, o patrão, também
torcia por Portugal com o mesmo entusiasmo com que eu
o fazia. Ele vai compreender, tenho a certeza. Ainda
assim, o que me vai valendo nestes dias mais tristes é
o vídeogravador. Que grande invenção! Permitiu-me
gravar todos os jogos da competição e agora não há dia
em que, pontualmente às 19h45m, não me sente em frente
ao televisor para rever aqueles grandes momentos. A
casa é que está a precisar de uma arrumadela, pois já
nem os telecomandos consigo encontrar no meio de
tantas garrafas de cerveja e cascas de tremoços e de
pevides. E a culpa é da Manela, a minha patroa. Que
não aguentou a nossa derrota na final e fugiu de casa
com um adepto do Burkina Faso. Mas ela há-de voltar.
Assim que descobrir que esses gajos nunca participaram
num campeonato da Europa de futebol, vai-me suplicar
para que a receba de volta. Mas até lá, tenho outros
planos. Entre um jogo gravado e outro, vou até à praia
de bandeira de Portugal debaixo do braço e estendo-me
à torreira do sol. Sim, porque se toda a gente usasse
agora como toalhas de praia as bandeiras que compraram
aquando do Euro, talvez o país se pintasse de novo com
as nossas cores. Até porque vêm aí as Olimpíadas e a
selecção de todos nós vai voltar a precisar do nosso
apoio incondicional. É que, desta vez, somos nós que
vamos à Grécia ganhar os Jogos Olímpicos. Força
Portugal! Eu estou contigo.
Miguel Teixeira
Assisti pela televisão à homenagem prestada pelo Dr. Santana Lopes, junto ao túmulo de Francisco Sá Carneiro, e não pude deixar de reflectir nas palavras proferidas pelo ensaísta Eduardo Lourenço, no seu livro O Labirinto da Saudade, quando refere que " o fundo do carácter português é constituído pela mistura fascinante de fanfarronice e humildade, de imprevidência moura e confiança sebastianista, de «inconsciência alegre» e negro presságio" e que " o que é necessário é uma autêntica psicanálise do nosso comportamento global, um exame sem complacências que nos devolva ao nosso ser profundo ou para ele nos encaminhe ao arrancar-nos as máscaras que nós confundimos com o rosto verdadeiro."
Não tivesse aquele acto sido transmitido pelos "media" e não teria suscitado este meu comentário.
Fernanda Valente
Desde há alguns dias que venho a alimentar no meu espírito a terrível certeza de que a invasão do Iraque não aconteceu. Tudo não passou afinal de uma grande mentira, de um gigantesco complot internacional que os media arquitectaram contra os EUA e os governos democráticos da Europa, e em especial Portugal, visando desacreditá-los aos olhos da opinião pública mundial. As imagens das cidades arrasadas, das ruas esventradas, da população a deambular caoticamente pelas praças de Bagdad, dos corpos mutilados, das crianças ensanguentadas, esventradas, das mães a chorar em agonia, de tudo a arder, carros, lojas, pessoas, tudo isto, sim, tudo isto não passou de uma enorme operação de propaganda perpetuada e montada pelo ditador Hussein com a ajuda de Arafat, quais duplos de Bin Laden. Aliás, aquelas imagens que dizem ser do Iraque parecem-me mais ser a de palestinianos da faixa de Gaza! E tenho a certeza de que aquele muro que dizem estar a ser ali construído por Israel é uma piada de muito mau gosto contra os judeus, pois se for das lamentações só pode ser aquele que os alemãs da ex-RDA deitaram abaixo há 15 anos atrás. Decididamente não se pode mais confiar em nada nem em ninguém! Bem razão tem o Dr. Barroso em dizer aos Srs. Deputados Europeus que Portugal nunca alinhou em qualquer guerra, pois como? Se ela nunca existiu?! E isto de todos lhe chamarem de desertor é uma piada de muito mau gosto exportada pelo Sr. Zapatero, este senhor o que tem é inveja de não haver terroristas no nosso país; se ele pudesse ainda exportava todo o País Basco para cá, ele e Chirac. Já agora, como é que me explicam que um Presidente da República tão pacífico como o nosso, o Dr. Sampaio, poderia alguma vez alinhar nalguma guerra?! Decididamente, anda tudo louco! E ele bem o reiterou ao novo governo do Dr. Lopes: ele, o Presidente de todos nós, abençoado seja ele, zelará absolutamente pela continuação das politicas de Defesa! Anda muita gente a mentir, de facto!
(...)
Salomé Saramago