Quinta-feira, 23 de Março de 2006

Fernanda Valente - Políticos e cidadãos

Não admira que os índices de abstenção em eleições sejam sempre bastante elevados. Lisura e transparência não têm sido as notas dominantes no diálogo entre os políticos e os cidadãos. O actual Presidente da República, ao ter enunciado a sua candidatura como suprapartidária, deixou cair por terra algumas dúvidas que ainda subsistiam quanto ao seu envolvimento emocional com o partido social-democrata, e cuja presença se torna agora evidente através das disposições que tomou quanto à nomeação da sua competência, dos cinco cidadãos a conselheiros de Estado, todos eles políticos, todos eles conotados ideológica e/ou partidariamente com o PSD. Para trás, esquecidos, ficaram a sociedade civil, o mundo das letras e das artes e aquela minoria representativa de 7,57 % da população portuguesa que acrescida de uma outra minoria de número aproximado, preenchem o total de 22 deputados na Assembleia da República, vezes uns largos milhares de cidadãos eleitores que não votaram PS, muito menos PSD e decididamente não CDS/PP que, por acaso, e de uma forma inaudita irá ter voz activa no dito órgão político que é o Conselho de Estado.
É claro que estas minorias partidárias não pouparam elogios à candidatura presidencial ganhadora aquando da campanha eleitoral, apesar de terem observado, de uma forma regrada, os preceitos protocolares da tomada de posse. No entanto, um Presidente que se avoca de todos os portugueses, deveria de uma forma exemplar, seguir a via da indulgência, como convem ao mais alto magistrado da Nação, mesmo porque estamos na presença de um extracto social com algum peso no tecido produtivo do nosso país, suportado por um dos sectores mais sensíveis desse espectro laboral , o sindical, sendo, pois, de toda a conveniência evitar fustigar essa classe que mais directamente se encontra sujeita às consequências resultantes da precariedade do emprego, sob pena de a cooperação estratégica com o Governo anunciada pelo Presidente dar lugar a um ensaio fracturante de governance entre estes dois órgãos de soberania.
Fernanda Valente
publicado por quadratura do círculo às 19:57
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Jorge Costa - Perfume do Poder

Este fim-de-semana assistiu-se mais uma vez a um espectáculo demonstrativo da verdadeira essência dos nossos partidos políticos.
Quando afastados do poder e das prebendas que podem propiciar aos seus mais destacados militantes, degladiam-se em lutas fraticidas.
O mais lamentável disto tudo é que nenhum dos partidos que tem tido o poder em Portugal está imune a este fenómeno, ao longo do tempo tem-se revezado nas crises depressivas de contestação das lideranças, mais ou menos subreptícias, quando na oposição.
Paulo Portas após uma clamorosa derrota, sonha com o regresso nem que seja como eminencia parda de um qualquer testa de ferro.
Ribeiro e Castro ainda que eleito em Congresso e reeleito em Directas não controla o Grupo Parlamentar que lhe é completamente adverso e que defende uma linha política autónoma em relação à liderança duplamente legitimada.
Com a marcação do próximo congresso electivo, Ribeiro e Castro vai conhecer a sua terceira legitimação e aos mesmo tempo sentir que os oficialmente seus deputados continuam a tentar cavar-lhe a sepultura.
No PSD, partido particularmente vocacionado para o Poder, o espectáculo é semelhante!
Abundam os candidatos a líderes, com propostas de prática de oposição alternativas, e que dizem de Marques Mendes o que Mafoma não disse do toucinho. Veremos que nas Directas em Maio, apesar da maledicência, nenhum candidato alternativo se perfilará para deslustrar a sua vitória. Preferirão continuar a roer-lhe as canelas, cozinhá-lo em lume brando.
Como é difícil a vida do gerente em tempo de crise, de vacas magras para as sinecuras inerentes ao exercício do Poder, e de travessia do deserto.
O Governo e o Partido Socialista estão como peixe na água neste ambiente.
Os militantes do PS ainda que não completamente satisfeitos, principalmente quando a agenda política tanto se assemelha àquela que anteriormente contestaram, vão-se mantendo calmos por acharem que chegou a sua vez de aproveitar qualquer coisa que surja e também receiam ser acusados de criarem dificuldades ao Governo.
O campo da oposição está aberto para os partidos parlamentares à esquerda do Governo que tentam encarnar o descontamento popular ainda que convenhamos sem grande êxito.
Aparentemente, o eleitorado está por tudo na esperança que finalmente o país tome um rumo, principalmente depois dos últimos desvarios protagonizados pela gestão de Santana Lopes.
Perplexidade é o que se sente quando nos falam em profunda crise e se assiste a propostas de compra de empresas bilionárias, mas como diz a vox populi quem o tem é que o troca, e as crises nunca foram para todos.
Aguardam-se os próximos capítulos desta novela que é a nossa vida e a História do nosso país.
Jorge Costa



publicado por quadratura do círculo às 19:55
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J. Gomes Gonçalves - Memória de Barroso

Quando Durão Barroso foi primeiro-ministro teve dois momentos altos em política externa, matéria em que é especialista: quando vestiu a farda de mordomo, na cimeira das Lajes (Açores), que afinou os detalhes para invasão do Iraque; mais tarde quando se reuniu com Tony Blair e viu as famosas provas das armas de destruição massiva que Saddam Hussein tinha escondido no quintal.
Eu vi as provas, foi a afirmação categórica com que Durão Barroso, perante as câmaras de televisão, pretendeu convencer todos os cépticos e sossegar todos os crentes daquele desastre anunciado. Certamente por distracção esqueceu-se de explicar quais eram as tais provas.
Passados três anos, na qualidade de presidente da Comissão Europeia reconhece que a invasão do Iraque foi decidida com base em “informações que não foram confirmadas”. Repare-se na subtiliza florentina: informações não confirmadas para explicar a monumental campanha de mentiras que foi montada pela Administração Bush!
Durão Barroso assusta-se com facilidade (fugiu para Bruxelas assustado com o monstro), tem problemas de visão (viu provas que nunca existiram) e, sobretudo não aprende com a realidade (será autismo?). Todavia, em compensação, também é especialista em bullshit: quando se quer vender alguma coisa não é a dizer a verdade sobre o produto que ele se vende.
Temos a ascensão da insignificância em pleno; os pinopolíticos (Pinóquios políticos) governam na Europa e no mundo.
J. Gomes Gonçalves
publicado por quadratura do círculo às 19:52
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António Carvalho - Discurso de Cavaco

A unanimidade na política, como em qualquer outra área, tem por regra nunca gerar novos rumos de desenvolvimento e progresso. O consenso è apelativo a uma tendência viciante que nos priva de pensar, de discutir ideias, de produzir mais e melhor. A estagnação, irremediavelmente, é a patologia dai decorrente. Vem esta introdução a propósito do discurso de tomada de posse do Presidente da República, Prof. Cavaco Silva. O facto de este novo ciclo que se inicia em Portugal ser de esperança e de expectativa deixa pouca margem de manobra, num sentido temporal, à forma do PR intervir (ou
influenciar) nos mais diversos sectores da sociedade. Os Portugueses precisam urgentemente de um “símbolo” onde reconheçam talento, capacidade e merecimento, de forma a congregar à sua volta o tão necessário equilíbrio que os faça ultrapassar de vez esta quase congénita crise económica e social. Fizeram desta eleição não uma meta, mas uma linha de partida.
“Que a estabilidade não se confunda com imobilismo”. “Os diagnósticos estão feitos”. Palavras directas e concisas que enfunam mais uma vez as velas desta “nau” que se quer levar a bom porto, após uma maçadora, verborreica e insípida viagem de 10 anos em que o País e os Portugueses se limitaram, invariavelmente, a constatar o carácter molhado da chuva. Aquilo que precisamos não cai do céu nem nasce da terra. Sai da vontade aglutinadora de todo um povo em fazer mais e melhor, sem laivos de superioridade e arrogância.
Assentemos pois, os pés nesta terra chamada Portugal.
António Carvalho
publicado por quadratura do círculo às 19:34
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José Duarte Amaral - Sócrates queria Cavaco?

Os principais responsáveis do "Aparelho" socialista (Sócrates, Vitorino, Coelho, entre outros) sempre que são confrontados com o que pensam sobre a magistratura do actual Presidente da República – eleito, maioritariamente, pelos votantes afectos aos Partidos que o apoiaram (PSD e PP) – agora, fazem um esforço para dizerem que as ideias do actual PR são consonantes com as do Governo, quando, durante a Campanha, diziam exactamente o contrário... e, até diziam que, se Cavaco Silva fosse eleito, seria o "fim do mundo"! Mas, afinal, é Sócrates quem, em poucos dias, virou profundamente à "Direita", ou foi Cavaco que, no mesmo período, virou profundamente à "Esquerda"? E, sobre esta “estratégia” dos ditos cujos, o que é que pensam todos aqueles que, com o seu voto, contribuíram para a Vitória do Professor, nomeadamente os líderes dos Partidos que, expressa e publicamente, o apoiaram, respectivamente, Marques Mendes e Ribeiro e Castro? Será que, estrategicamente, a intenção de “Sócrates & C.ª” em apoiar um candidato da sua área política – partidária (na circunstância, Mário Soares) foi a de o fazer “invernar”, definitivamente? Não? Então, por que foi que, inesperadamente, surgiu outra candidatura da área do PS, ou seja, a do “verdadeiro socialista”, Manuel Alegre e que, inesperadamente (ou não) até acabou por ser o 2.º mais votado, com mais de um milhão de votos?
José Duarte Amaral
publicado por quadratura do círculo às 19:27
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Segunda-feira, 20 de Março de 2006

J.L. Viana da Silva - Nacionalismo e Totoloto

Desde há uns tempos, há uma década talvez, se tem vindo a observar um nacionalismo, que agora se torna exacerbado!
Existe um nacionalismo recente muito curioso num tipo de personalidade: Artistas e apresentadores de programas de entretenimento de televisão que constantemente expressão os seus bons sentimentos por Portugal. Um bom exemplo de programa é o "Portugal no Coração"!
No último festival da canção da RTP dois dos cinco autores escrevem duas canções nacionalistas. Parece não haver razão para tal. Pode-se avançar, para compreender todos estes novos nacionalistas, com a teoria do totoloto. Sem grandes carreiras de trabalho, sem grande talento, sem grande mérito, eles estão no topo da pirâmide nas várias áreas a nível nacional. O seu nacionalismo é a forma de agradecer tal estatuto que lhes foi atribuído sem mérito, sem trabalho, sem talento de destaque como o contemplado com o totoloto que salta e ri de contentamento com a sua sorte!
E esta cultura, numa primeira etapa restrita, passa, a seguir, para a população que nada tem a ver com isso. Existe uma canção que fala no "Amor em Portugal" que quase toda a gente canta ou gosta, mas porquê "o amor em Portugal"?! O nosso amar não é igual ao dos outros países?! Depois o futebol, depois recentemente, nas presidenciais, o patriotismo...
É curioso como o bem estar e "status" atingido sem mérito por uma dúzia de pessoas se transforma em nacionalismo que se propaga em cultura ao resto da população.
Será que foi isto que aconteceu antes e durante o Estado Novo?! É que imagino que criticar as coisas da nação pareça já mal e repudiante a certos indivíduos. Talvez já a indivíduos que nada tem a ver com o sucesso e nacionalismo restrito do inicio.
E é fácil de ver que o sucesso com mérito não provoca este amor justificativo, o indivíduo com mérito auto-justifica-se, justifica-se exactamente com o seu mérito e pouco sobra em agradecimento exterior!
"Nacionalismo exacerbado e totoloto!"
J.L. Viana da Silva
publicado por quadratura do círculo às 19:02
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Jaime Branco - "Ensinar em Portugal: o pesadelo"

Não, não é pelo facto de os professores merecerem tanto a atenção da população em geral, nem sequer por eu próprio o ser. Não passa do título de um artigo que saiu no dia 26 de Fevereiro do corrente ano , no jornal “La Presse” (Canadá), sobre a ignomínia e o opróbio cometidos por alunos, na pessoa de alguns professores, em França. O título original é : Enseigner en France : le cauchemar. Uma busca no “motor” mais conhecido…coloca-nos o texto à disposição, em francês, naturalmente. Li-o. Reli-o devagar. Meditei. E gostaria de fazer algo com os relatos que lá vêm, mas colocaram-se-me várias questões: não seria correcto enviá-lo tal como o li ; não seria correcto fazer uma tradução (já a fiz para mim) e enviá-la…Que fazer, para poder levar um pouco mais de luz a quem tanto critica os professores ou, se conhece o ensino, foi quando estudante, ou então quando ocupou o cargo…por estar no desemprego… E depois vem aqui dizer que até conhece “por dentro” o Ensino.
Por acaso, (..) até se voltou a falar muito do Ensino em Portugal, não só pela eventual “Prova Vocacional” como também com o forte elogio ao ensino finlandês e ainda por causa do Processo de Bolonha. Não vou pormenorizar nenhum destes temas, dado que, sem reflexão, o que sair, não sai pensado e pode ser disparatado. E de disparates estamos nós fartos. Posso apenas acrescentar que, como bacharel, estou perfeitamente à-vontade para falar de “Habilitações Académicas”, de licenciaturas de três anos, de mestres e doutorados. Na família tenho tudo isso, mas não estou preocupado, uma vez que, mesmo que a idade de Reforma se prolongue até aos 80 anos, eu nunca passarei do meu 9º escalão, isto é, atingi o chamado “topo” da “minha” carreira ( não o “topo” da carreira do ensino…). E até fiz acções de formação apenas para mim, sem delas necessitar para a progressão (já “deitei fora” três créditos, voluntariamente), mas é altura de dizer chega!
O que há então de tão extraordinário nessa notícia do “La Presse” ? Pois bem, e resumidamente : o clima de violência que se vive em muitas escolas de França começa a tornar-se incontrolável, sobretudo no equivalente aos nossos 3º ciclo e Secundário, e ainda Escolas Profissionais, onde os alunos se consideram “discriminados” por frequentá-las, pois acham-nas uma segunda escolha. Exemplos de violência física e moral : Karen Montet-Totain, professora de Artes, foi agredida com facadas no ventre, por um aluno de 18 anos, porque este havia tido uma suspensão da frequência das aulas, de cinco dias, suspensão essa motivada pela queixa da professora em questão. Ninguém interfere, nem Associações de Pais, nem Conselhos Executivos, nem Ministério, nada, O silêncio e a impunidade reinam nas escolas de França. Outra situação, com a mesma docente : um grupo de alunos, em plena aula, rodeia-a totalmente, em torno da sua seceretária. Mexem nos seus haveres, no material pedagógico e um aluno grita : “Stora, desejo-a”…. Dias mais tarde a cena repete-se, mas a exigência aumenta : “Stora, desejo-a, depressa, já aqui em cima da mesa” !!
A professora Anne Losada, de 35 anos, parece ser extremamente enérgica, não receia qualquer tipo de aluno e ignora a idade e a corpulência dos jovens. Enfrenta-os com determinação. Ela foi criada num ambiente pobre, conhece bem o vocabulário e a forma de agir daqueles jovens adolescentes, pois parte da sua vida partilhou-a com eles… Se, ao entrar na sala, estiver escrito no quadro “Losada é uma puta”, pois o tema da aula toda será esse mesmo! Contudo, e por muito que conheça sobre jovens difíceis, por ter ela própria vivido em ambiente semelhante, não foi suficiente para resistir a tanto vexame, a tanta humilhação e a tanta miséria moral. Teve uma depressão, em 2005, que durou seis meses. Já regressou ao trabalho, às suas aulas de Francês, mas…segundo ela, quando dá 15 minutos de aula, por cada tempo lectivo, considera-o bem empregue! É o melhor que consegue.
Martine Salzman, após 26 anos de ensino, também não foi capaz de aguentar esta pressão intensa vivida no país da Cidade-Luz. Em plena aula, um miúdo de 12 (doze) anos deu-lhe um murro na cara. Em plena aula! Nos corredores da escola é enxovalhada com o que de pior se pode ouvir. Tal como um colega dela, pelo facto de ser judeu. Esta professora esteve três anos e meio com depressão. Regressou ao trabalho, mas… mas desceu de categoria, passou a “Professora de Substituição”, só faz isso…e ainda por cima num bairro burguês. Claro, agora tem uma vida tranquila (palavras dela)!! Está numa daquelas escolas que nós também sabemos que existem em Portugal, mas, apesar de públicas, a selecção prevalece!
Este é o contexto da notícia que veio a lume no passado dia 26 de Fevereiro/2006. É triste termos de ouvir dizer tão mal dos professores, quando praticamente todos têm histórias idênticas a estas ou vividas na própria pele ou por colegas próximos ; é triste ouvirmos dizer que queremos é férias, que não trabalhamos, que é uma das profissões mais bem pagas do país, enfim…são achegas atrás de achegas para a nossa motivação, o nosso entusiasmo, o nosso empenho e a nossa disponibilidade para tentar ensinar alguma coisa aos vossos filhos.
Já (...) li algures que, antes das famigeradas aulas de substituição, os professores não diziam que as escolas não tinham condições!!! Sempre o dissemos, sempre o diremos (enquanto for verdade) e não é com atoardas dessas que se ganham batalhas e…muito menos, uma guerra!!
Processo de Bolonha?? Ainda é cedo para me pronunciar, mas… em muitos países funciona assim há imensos anos. Depende dos cursos. Mas creio que, o que subjaz a esta medida, é uma questão financeira, não uma questão meramente prática. Se passarem a “bacharéis”, provavelmente nunca chegarão ao 10º escalão. Se a razão for essa, as causas estarão explicadas.
Prova vocacional ?? Ainda não entendi bem a medida. Não conheço as profissionalizações integradas nos cursos. Há anos atrás o estágio era dado com turmas e Orientadores de Estágio a tempo inteiro. Aprendia-se a planificar, a contabilizar o tempo, a motivar os alunos, enfim, era, penso eu, algo de bem diferente, mas…não me sinto habilitado para uma análise aprofundada. De permeio, houve a Profissionalização em Exercício (fui orientador de estágio) e não diferia muito do chamado Estágio Clássico. Li também que todos o fazem, até médicos e advogados, mas… quem escreveu não sabe bem o que pretendia dizer. Não se fazem provas para seguir medicina ou direito, no entanto, só podem exercer concluído o Internato e o Estágio em escritório de Advogados. Mas para fazer o curso…quem tiver médias, claro que entra!!
A Finlândia ?? Ó óbvio que nem tudo são rosas…. Por cá, batemo-nos pela abertura, cada vez em maior número, de Jardins de Infância (Pré-escolar), mas na Finlândia só recentemente é que, aos seis anos de idade, as crianças têm direito ao pré-escolar!! Até aos cinco anos…não têm nada. A Primária começa aos sete anos e o secundário é diferente do nosso. E há mais de dez anos que os finlandeses investem imenso na Educação, fizeram, realmente, do Ensino, a sua verdadeira “Paixão”, começando agora a aparecer os primeiros resultados. E nós, será que temos onze anos de continuada aplicação de dinheiros públicos na Educação? Se durante os próximos 10 anos os nossos governos duplicarem a “fatia” da Educação… veremos se há ou não há progressos visíveis! Parece-me pouco simpático mostrarem-nos escolas-modelo (nas televisões), quando um dignitário do Ministério da Educação sai do seu pedestal para visitar uma escola muito bem arranjadinha, muito eficaz, muito “inn”… Se nem 8 horas para apoios a Matemática, no 3º Ciclo, foram permitidas (e temos professora contratada com horário incompleto…), se nem isso nos é permitido, o que pretende o Ministério? E os maledicentes dos professores? Estão convidados a fazerem-me uma visita
Poderia falar de outros sistemas de ensino, mas por hoje…ponto final!
Jaime Branco

publicado por quadratura do círculo às 18:56
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Sexta-feira, 17 de Março de 2006

Jaime Branco - “Cabala Económica”

Foi intencionalmente que titulei assim o artigo, mas julgo que se
torna inteligível, olhando para as aspas lá colocadas.
Vivemos numa globalização sempre mais acelerada, manter o ritmo e
acompanhar o que diariamente nos chega já é, por si só, difícil. Os
debates vão tendo menor audiência, a cultura idem, o desporto…também é fugaz,
vive de paixões fortes, mas que rapidamente se extinguem. Resta-nos
discutir o dia a dia do mundo, do país, da região, da cidade e /ou vila,
das colectividades e associações recreativas, criticar o trabalho do
governo , das autarquias (Câmaras e Juntas de Freguesia), a falta de
empenhamento dos professores ( eu sou professor!), enfim, estamos confinados
a meia dúzia de situações de pouca monta (em termos de substância) que,
no entanto, nos tiram horas e horas as quais, há alguns anos atrás,
eram totalmente diferentes. Diria que a última década foi definitivamente
marcante na viragem das nossas vidas. Pelo menos, para a maioria delas.
Os mais abastados fizeram uma ligeira adaptação e os mais pobres
(muitos, muitos) ficaram bem pior. Mas evoluir e crescer implica sofrer.
Custa, de facto, muito. A nós e ao país. Talvez um dia cheguemos um
pouco mais acima…
Mas pretendo falar dos versados em economia! Não considero que sejam
pessoas diferentes do português comum, provavelmente até mais limitados
em determinados aspectos, mas o certo é que não se dão conta que, se
calhar, oito milhões de portugueses não os entende, dado que utilizam uma
linguagem tão técnica que deixam a grande maioria a perceber metade ou
menos de metade da mensagem!! E, na realidade, nos dias que correm só
se fala em economia, não só em Portugal como igualmente em incontáveis
países do mundo! E também não estou, de forma alguma, a afirmar que
utilizam intencionalmente um código só “deles”, hermético, não é esse o
problema. Em meu entender, é forçoso que digam outsorcing, Task Force,
Holding, Dumping, Golden Share, sei lá, algumas palavras/expressões que
caracterizam a linguagem da economia, mas atrever-me-ia a sugerir que,
durante uns meses, de cada vez que dissessem uma palavra e/ou expressão a
“roçar” o ininteligível ao comum do cidadão, explicassem o que isso
significa! Passado algum tempo, já todos perceberíamos e estaríamos
por dentro desse Glossário, que não precisa de ser necessariamente muito
longo. Torna-se até urgente que interiorizemos alguns desses conceitos.
É que são termos que nos ultrapassam, não tem nada a ver com uma OPA,
uma Oferta Pública de Aquisição!!
Ainda pensei que o problema era meu, mas conversando com amigos e
colegas, coloquei a questão e… fiquei satisfeito!!! Todos ouvem mas
ninguém sabe o significado…
Se os economistas pensarem um pouco mais, se racionalizarem o
problema, então ponham-se na situação de um doente com doenças diversificadas
em que o médico não utiliza senão a linguagem própria da medicina… O
paciente sai de lá a saber o quê ? O mesmo ou menos de quando entrou no
consultório. Julgo que me fiz entender. Quando há troca de ideias entre
dois economistas, em debate televisivo, e se surgirem muitas expressões
deste género, corremos o risco de estar a olhar para dois
“estrangeiros” a conversar num canal português! Não se trata de criticar por criticar, mas sim de aproveitar um tema de economia e discuti-lo de uma forma tão pedagógica quanto possível.
Jaime Branco

publicado por quadratura do círculo às 19:01
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João António Gomes Gonçalves - Discurso de Cavaco

Não existem salvadores mas abundam profetas anunciando a salvação segun
do a visão que cada um têm da mesma.
Há consenso quanto à competência e integridade de Cavaco Silva, qualidades cada dia mais escassas, o que já não é pouco para as funções que vai desempenhar, mas daí a poder-nos salvar do pântano que assustou Guterres, vai uma distância de anos luz.
No seu discurso de tomada de posse, Cavado Silva enumerou objectivos que não consegui alcançar quando foi Primeiro-ministro, com duas diferenças de monta: o monstro continuou a engordar desde então (os vícios dos políticos e a corrupção também) e agora não possui poderes executivos.
Na sua tomada de posse, Cavaco Silva, desperdiçou duas oportunidades. Ao optar por uma cerimónia com muita pompa e circunstância, ao arrepio do seu perfil discreto, perdeu a oportunidade de transmitir um exemplo de simplicidade e discrição, que tanta falta faz, e perdeu a oportunidade de simplificar o majestático protocolo da cerimónia: não começou da melhor maneira.
Recentemente Cavaco Silva introduziu alguns conceitos novos no léxico político: definiu-se como “tecnopolítico”, para relembrar o seu perfil tecnocrati
co, que gosta de cultivar (sabe que os políticos estão desacreditados), mas trata-se de mais um equivoco.
As teorias tecnocráticas (governação exercida por tecnocratas enxertados no regime representativo, não se sabe como) estiveram em voga em alguns países (Estados Unidos, França e outros), nas primeiras décadas do século passado e, de vez em quando, regressam fugazmente, normalmente em épocas de crise.
A essência da governação não reside na tecnologia, embora a complexidade das sociedades modernas incorporem a sua utilização em múltiplas áreas. Se governar fosse apenas a aplicação de princípios técnicos, com a evolução acelerada que estas registam, viveríamos em sociedades de elevada eficácia, progresso, bem-estar, equilíbrio com a natureza, e por aí fora.
Cavaco Silva tem uma carreira política de qualidade que não envergonha qualquer político, pelo que o disfarce soa a falso.
Como refere Constança Cunha e Sã (Público de 10. Março.2006) não existem países modelo para copiar (todos imitariam o modelo e teriam o mesmo nível de desenvolvimento): cada pais possui condições socioeconómicas específicas e recursos naturais diferentes.
O desenvolvimento é criado por nós – ou não – e a margem de manobra de Cavaco Silva é muito reduzida por muito boa vontade que tenha.
João António Gomes Gonçalves

publicado por quadratura do círculo às 18:58
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Mário Martins Campos - Discurso de Cavaco

O Prof. Cavaco Silva, tomou posse como Presidente da Republica, e proferiu o seu primeiro discurso, como tal.
Este era um discurso esperado, pois ele servia de pedra de toque, para o seu mandato, deixando as linhas mestras, sobre as quais se vai cimentar a sua acção, enquanto P.R.
Foi um discurso sem surpresas, que no essencial, demonstrou uma importante vontade, de alinhamento entre Belém e São Bento.
Chamou a atenção, para o foco no essencial, para o não desperdício de energias, em guerras estéreis, que só trazem problemas, para cima dos já existentes, e que complicam a abordagem, séria e sistemática, que importa fazer sobre os principais temas de preocupação.
Também aqui, existe um alinhamento entre Belém e São Bento, com a identificação coincidente, dos principais desafios a que o País se coloca.
Relativamente ao primeiro desafio apresentado, parece clara a necessidade de criação, das condições de desenvolvimento económico, que de forma sustentável, sejam o motor para o combate ao desemprego, alavancando a recuperação, relativa ao nosso atraso estrutural, comparado com os nossos parceiros europeus.
A aposta no conhecimento, na inovacão, na criatividade, na investigação e desenvolvimento tecnológico, na excelência do ensino, onde as universidades interagem com as empresas, são as molas impulsionadoras, deste grande e crucial desafio.
A qualificação dos Portugueses apresenta-se como outro grande objectivo, pois só com base numa forte aposta na educação e na formação, é possível levar Portugal e os Portugueses, a enfrentarem os desafios que se lhes colocam.
O reforço da credibilidade e da eficiência do sistema judicial tem sido uma bandeira do Governo, que agora se apresenta brandida pelo Presidente da Republica, em mais um sinal de alinhamento institucional.
São vários os problemas associados a esta temática, que devem ser enfrentados com a seriedade, que esta matéria impõe.
Urge fazer face ao grave problema da morosidade da justiça, que retira uma das premissas basilares de um sistema de justiça eficaz e justo.
Acima deste problema de eficácia, surge o problema da degradação da credibilidade das instituições e do seu consequente desprestigio, que putrifica na base, todo o edifício judicial.
Fazer face a estes problemas, é certamente uma prioridade, que importa implementar. Sem isto não é possível, inspirar a necessária confiança, nos cidadãos e nas empresas, por forma a potenciar o empreendorismo e o investimento, que tanta falta fazem ao País, e que só se frutifica, num contexto de estabilidade, seriedade e justiça.
A sustentabilidade do sistema de segurança social é outro aspecto, onde as políticas já em curso por parte do Governo, afinam com o objectivo definido pelo Prof. Cavaco Silva. Isso é bom! E sublinha a importância das medidas já tomadas.
É importante esvaziar o estado de ansiedade, relacionado com a possibilidade do Estado não cumprir com as suas obrigações e expectativas geradas, no futuro, com uma abordagem séria do problema, sem escamotear as dificuldades, nem adiar as soluções, na perspectiva de adiar os sacrifícios, que parecem inevitáveis.
O Governo tem sido, ao longo do passado ano, o porta estandarte, da credibilização do sistema político, trazendo a ética de serviço publico, para o centro da agenda política. Em mais um sinal de sintonia, o Presidente da Republica vem agora sublinhar essa necessidade, como um imperativo, capaz de credibilizar as decisões políticas, tantas vezes difíceis e ao invés das expectativas de alguns sectores da sociedade.
Como primeiro discurso, pareceu-me um discurso positivo, alinhado com o essencial, prometedor de um entendimento institucional essencial e capaz de levar “a tal nesga de terra debruada a mar”, no caminho do sucesso.
O discurso não teve surpresas, e foi bem notória a linha de pensamento de Cavaco Silva, com a sua personalidade pouco versátil e mono-dimensional, com uma preocupação extrema para os temas de caracter económico, dispensando pouca atenção, à dimensão externa de Portugal no Mundo, bem como à sua vocação Histórica.
No entanto, Cavaco Silva sublinhou que a nossa capacidade de dar novos Mundos ao Mundo, contra ventos e marés, para lá de todos os Adamastores, provam uma capacidade de resposta nos momentos difíceis, que importa repescar no melhor de Nós!
Basta que todos rememos num mesmo sentido, levando todos nesta nau, porque todos não serão demais, para a levar a bom porto.
Mário Martins Campos

publicado por quadratura do círculo às 18:49
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