Segunda-feira, 23 de Outubro de 2006

Louro de Carvalho - Rescaldo de debate

Recente programa televisivo colocou frente a frente o Conselho Directivo da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), representada em mesa de debate pelo seu presidente, com a coadjuvação de um dos vice-presidentes, e o Ministro de Estado e da Administração Interna, coadjuvado pelo fiscalista Saldanha Santos.
Sendo certo que os debates nas estações de televisão portuguesas raramente são proporcionais à representação das forças em causa, este nem foi proporcional nem representativo. Não foi proporcional, porque o peso da facção que está contra a proposta de nova lei das finanças locais, foi seguramente maior do que o da parte que a está a promover (uns míseros pontos percentuais) e que configura a actual maioria absoluta parlamentar, a menos que se acredite piamente na infinita força do governo. Não foi representativa, porquanto, se de autarquias se trata, só estavam representados os municípios, deixando por fora os representantes das freguesias, que também estão legalmente constituídos em associação. E não acredito que se tenha recuperado a categoria social e política da Idade Média: a pretensa tradição municipalista estreme, quase esquecendo o clero e a nobreza. Onde está o peso da ANAFRE, estribado na força das freguesias? E, destas, se umas pouco significam em termos políticos e económicos, outras bem se vêm afirmando quer no aspecto político-económico quer nos aspectos político-social e cultural.
É caso para desconfiar: se o governo joga forte e absoluto no Terreiro do Paço e um singelo ministro, acompanhado de um fiscalista sério e intelectualmente competente, pode bater-se com uma plêiade de presidentes de câmara, que até sabem aclamar e apupar, porque a lei não lhes agrada pessoalmente por vir a exigir maior responsabilidade gestionária ou por vir a beneficiar os munícipes que sobrevivem através das freguesias; ou se a ANAFRE está pura e simplesmente de acordo, porque a distribuição do bolo das transferências do Orçamento do estado a beneficia e por ver em palpos de aranha a sua congénere municipal.
Porém, a afirmação mais escandalosa e estranha veio a lume, quando um dos vice-presidentes da ANMP, ao atirar para fora do capote municipal o propalado labéu da corrupção, silabou que não se é corrupto por ser autarca, mas é-se corrupto por opção pessoal.
Confesso ter ficado perplexo. Se o homem quis dizer que nem só os autarcas são atingidos pelo raio da corrupção, estamos de acordo. Mas era necessário reconhecer que o estado que, desejaríamos transitório, de autarca constitui um espaço onde é mais fulgurante a tentação corruptora, pelo que é necessário mobilizar permanentemente as instituições controladoras para a vigilância, até para bom nome dos bons.
No meio de tudo esteve bem o Ministro ao recusar debater a corrupção em especial com os autarcas, até, como disse, para não estar a pactuar com o que deles se murmura tão frequentemente.
Lançar o espectro da corrupção para o campo das opções pessoais é grave e de pernicioso efeito. Por ser a corrupção a todos os títulos eticamente reprovável e configurando, à face da lei, o instituto de crime, não pode ficar na lista das opções pessoais, tal como o não podem o roubo, a violação, o espancamento, o assassinato, o abuso de autoridade, a deserção, a alta traição, etc.
As prisões, os hospitais e os cemitérios existem, porque o crime, a doença ou o desastre e a morte acontecem, não porque se desejam; são condição dos mortais, não sua opção; resultam da fraqueza e da maldade dos homens, não de seu legítimo estilo de vida.
Como a corrupção não é uma condição ditada pela fraqueza da vida ou da maldade do homem, é caso para pensar que os corruptos nem lugar têm na prisão, hospital e cemitério. Todavia, para onde é que eles haveriam de ir?
Louro de Carvalho
publicado por Carlos A. Andrade às 19:03
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Nuno Monteiro - Quem manda

A cada peixe corresponde sempre um maior que o come. É a lei da cadeia alimentar.
O peixe do momento é o primeiro-ministro Sócrates. Faz o seu papel de “duro” perante algumas corporações, as autarquias e a Madeira.
Em Portugal quem manda não é Sócrates. Apesar de ele julgar que sim.
Quem manda em Portugal são determinados grupos que se mantêm na sombra. Mas não é muito difícil descobrir quem são. São os “intocáveis” nas reformas e sacrifícios que são, agora pedidos. A todos dizem eles. 
Mas não. Não a todos, verificamos nós. Há alguns que passam incólumes. Exemplos: a banca e associados, construção civil e a indústria farmacêutica.
E há os instrumentais. Os que os servem: a comunicação social.
A Banca continua a somar lucros. Apesar disso, a sua carga fiscal não é mexida. Ou se o for será insignificantemente, apenas para português ver… areia para os nossos olhos.
A Construção Civil manter-se-há à margem do esforço nacional enquanto o IVA não for introduzido no imobiliário (substituindo outros impostos). Este facto cria “espaços” significativos para a ocultação de lucros (menos impostos) e para a criação de sacos azuis aplicados em vários sectores à margem da economia tributável (apoios a partidos, futebol e corrupção em geral).
A Indústria Farmacêutica mantém os seus lucros enquanto a política de medicamento concentrar esforços aparentes no combate à ANF, cortando custos na distribuição e armazenamento e mantendo custos ao fabricante muito superiores ao que está definido por lei (preços de referência de outros países).
Este aglomerado de interesses é que manda em Portugal.
Aproveitou-se de Guterres no tempo das vacas gordas. Quando chegou o pântano e o tempo das vacas magras foi preciso inflectir.
Avançou Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite. A “ferida” foi contida mas era preciso mais. Era preciso reformar e ficou logo claro que isso era impossível de concretizar pelo centro-direita. A frente unida Sampaio PS nunca o permitiu. Fizeram parede (ambos) com a esquerda pura e nada de reformas. Havia uma maioria absoluta no Parlamento, mas, nessa altura (com Sampaio e aquele PS), nada avançou e nada poderia avançar. Relembro, como exemplo, a proposta de Lei de Bases da Educação. A maioria absoluta não era suficiente. Sampaio achou que era necessário “consenso” e pactos de regime. Sim. Tudo aquilo que, agora, é renegado pelo PS.
Não sendo possível reformar por ali, foi por outro lado.
Primeiro sai Ferro Rodrigues e entra Sócrates. Durão tinha ido embora sem olhar para trás. Santana Lopes geriu (inocentemente) a transição.
Sócrates não se compromete na campanha eleitoral e ganha. E quando aparece, alguns meses depois … já não é o mesmo PS. Faz tudo aquilo que os governos anteriores queriam fazer, mas nunca conseguiram (nem ousaram). Ao ponto de “esvaziar” por completo o discurso de oposição do PSD.
Entretanto, pelo caminho, colocam Cavaco na Presidência. Tudo conforme.
Temos dois anos de políticas liberais e … muitas das reformas que eram exigíveis.
Mas… lá no fundo, é sempre o PS. Rapidamente, ficará de estômago cheio de tanto sapo engolido (quando não são elefantes). Pelo que Sócrates é, também, “carne para canhão”. O verdadeiro PS destruirá o processo e tudo voltará ao “normal”. Mas, aí …
Feito o trabalho duro, quem manda (mesmo) em Portugal colocará um liberal no poder. Que fará o trabalho final. O trabalho que Sócrates não conseguirá fazer pela pressão interna que terá em face do descalabro social que provocará.
Do ponto de vista dos peixões, tudo corre bem…
Resta saber se há futuro ou é só para ganhar enquanto a horta dá…
Se houver futuro, estamos safos e tudo valerá a pena.
Se não … o último a sair que feche a luz e a porta.
Nuno Monteiro
publicado por Carlos A. Andrade às 19:01
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Nuno Monteiro - Argumentos de professores

Quando se aproxima uma câmara de televisão de um professor manifestante ou grevista, dá jeito conseguir responder às perguntas cruciais: “porque está a se manifestar?” ou “porque está a fazer greve?”
Nessas alturas, qual é a resposta recorrente? A das grávidas e dos doentes… que são prejudicados na sua progressão da carreira. Até as quotas e a titularidade de parte dos docentes fica para trás.
É o tal “sound bit”.
O facto da matéria ter vindo a ser melhorada ao ritmo das versões e propostas do Ministério demonstra que é uma não questão.
Mas, mesmo sendo uma não questão, entronca numa verdadeira questão, essa sim essencial:
A carreira docente deixou (ou deixa, com este ECD) de ser um caminho simples, sem interrupções, até ao topo. A progressão, ao invés de ser para todos e linear, passa a ser uma promoção…
A diferença é substancial. De progressão para todos, passa-se à promoção para os melhores.
Quando se promove? Quando se atribui um prémio. Quando se valoriza a excepcionalidade e a produtividade extra.
A mudança é grande e difícil de “entranhar” nos pressupostos esquerdistas e igualitários (dos sindicatos de professores) onde se entende que não há que diferenciar os melhores só porque isso vai isolar os… piores.
Caso esteja garantido o ordenado e o suporte da segurança social, nos termos de todos os trabalhadores, não há qualquer inconveniente a que uma gravidez ou uma doença prolongada tenha impacto na promoção (ou progressão) na carreira… Afinal, como premiar quem não lá está? Não teria qualquer lógica.
Aí, saltam logo os argumentos de que a sociedade precisa das crianças, blá, blá, blá, blá…
Certo. Precisa sim. E deve valorizar (ou até compensar) quem as tem. Através dos impostos, do (de um novo) abono de família, do acesso mais facilitado a serviços educativos, etc. Não tem de ser, nem deve ser, à custa de igualdades nas promoções das carreiras profissionais que, assim, se distorcem…
Generalize-se essa ideia e veja-se o prejuízo: se todos fossem sempre promovidos por igual, apesar de uns produzirem mais do que os outros, a curto prazo, as mulheres (porque poderiam engravidar) passariam a ser (ainda mais) prejudicadas pelos empregadores. Afinal, estes teriam que pagar sempre mais, apesar de terem ao serviço pessoas menos produtivas e dedicadas.
Sim, porque a dedicação dos trabalhadores que são pais é - e deseja-se que seja - forçosamente menor pois é partilhada com a sua família. A constituição de uma família é uma decisão importante. Com consequências nas carreiras e empregos e que acrescenta custos significativos no orçamento familiar. E, por essas razões, as famílias deverão ser mais apoiadas pela sociedade no seu todo (contribuintes em geral), através de um novo modelo de incentivo à natalidade. Que, neste momento, pura e simplesmente, não existe. Por exemplo, o valor de impostos pagos por um casal sem filhos e um casal com dois filhos apenas se diferencia marginalmente no IRS, valor que é logo ultrapassado pelo IVA no aumento de consumo provocado por aqueles.
Terminando, o “sound bite” dos professores não passa de uma resposta pronta para quem, provavelmente, estará nas manifestações e greves, sem ter lido a proposta do Ministério…
 
Nuno Monteiro
publicado por Carlos A. Andrade às 18:41
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António Carvalho - Cursos de formação

Curiosos os cursos de Formação, ditos Profissionais, que amiudemente continuam a ser impingidos por esse País a fora. Á parte de raríssimas excepções, apenas a imperiosa necessidade de “queimar” os milhares e milhares de euros dados de mão beijada justificam a preocupação das nossas superiores sapiências para com os horizontes profissionais da “Raia Miúda” e do “Mexilhão”.
No momento os "Sistemas de Gestão da Qualidade" são a “galinha dos ovos de oiro” do capoeiro. Há que desfraldar, à porta do “estaminé” lá da Autarquia Local, a bandeira comprovativa de Empresa Certificada num qualquer ISO do “raio que os parta a todos”.
No final de uma destas acções de formação, o Formador-Gestor, como se auto-intitulava, pediu a um dos formandos a sua opinião sobre tal palestra:
a resposta foi elucidativa!
- “O Senhor Doutor vai-me desculpar mas isto é assim: V.Exª. convida meia dúzia de indigentes, sem-abrigo, mete-os numa sala e fala-lhes das ideias e do projecto que levou Eduardo Souto Moura a criar o Estádio Municipal de Braga ou da Casa de Chá da Boa Nova, trabalho feliz e perfeito de Siza Vieira. Para os deixar ainda mais de cara à banda, disserte um pouco sobre Rem Koolhaas!!!
No final mande-os embora com a promessa de que esses atentos “alunos” irão colocar em prática, nos seus “chalés”, “vivendas” e “mansões” um pouco daquilo que aprenderam!!! Esta é a minha opinião, Senhor Doutor”.
Para bom entendedor…
António Carvalho
publicado por Carlos A. Andrade às 18:34
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Quinta-feira, 19 de Outubro de 2006

Gonçalo Araújo - Leis de Finanças

Independentemente do Governo de José Sócrates estar a tomar muitas medidas importantes para o País, temos de entender que apenas as toma, por inevitabilidade. Finanças e União Europeia obrigam.

O mesmo PS e as mesmas pessoas, quando oposição, recentemente, negaram acerrimamente muitas medidas, que nem roçavam a profundidade das que agora tem tomado. Inclusive, muitos PSs estão já com a barriga cheia de sapos com muitas das tas medidas liberais (obrigatoriamente) tomadas por Sócrates. Os pais Soares e Almeida Santos estarão a digerir elefantes com muita dificuldade. 

Quando oposição (e com Sampaio) o mesmo PS impediu, por defesa intransigente da necessidade de consensos alargados, muitas mudanças. É exemplo a oposição a uma nova Lei de Bases da Educação proposta por David Justino. Curiosamente, são os mesmos que, agora, agitam a bandeira dos direitos democráticos em seguirem sozinhos em muitas matérias de inegável interesse nacional (exemplo da segurança social) com impacto de longo prazo, para além da vigência no poder dos actuais decisores. Direitos concedidos pela maioria absoluta obtida, mas que,... esqueceram-se, também existia antes. 

O que não se esperava era o tique absolutista e centralista no que se refere às Autarquias locais e à Madeira. Em termos financeiros é uma não questão. Tanto as transferências, como a dívida daquelas entidades são insignificantes em relação às verbas (e créditos) de responsabilidade directa do Estado e das suas empresas. Uma "guerra" criada por Sócrates para lançar areia nos olhos dos portugueses. No que são, devidamente acompanhados pela comunicação social.

O que se está a passar é simples: um recuo significativo no processo descentralizador e de autoresponsabilização das Autonomias Locais e Regionais. Um regresso ao Terreiro do Paço todo-poderoso. Através de novas leis, controlo de opções de investimento e redução de transferências financeiras.

A descentralização não é mais do que um passar de competências na prestação de serviços públicos para entidades mais próximas das populações. Neste caso, até eleitas por elas. Com as competências, têm que ir os meios (o peixe), ou, em alternativa, as formas de adquirirem esses meios (a cana de pescar). 

Vejamos: se as autarquias têm como responsabilidade assegurar as questões urbanísticas, têm direito a verbas oriundas dos investimentos imobiliários: taxas e IMI. Se as autarquias têm que assegurar o funcionamento das escolas de 1º ciclo tem de receber verbas (e pessoal) para isso, do Orçamento de Estado, uma vez que esse mesmo Estado (e a Constituição) impõe como gratuita aquela frequência. Se as Autarquias passam a ter que assegurar vigilantes nos transportes escolares (são de sua competência) têm que contratar pessoal. A publicação, pelo Estado da primeira regra e, em simultâneo, de uma imposição impedindo a contratação de pessoal é de uma incongruência atroz. 

O Estado central, assume a cobrança de impostos em todo o País. Dinheiros que infelizmente, nos dias de hoje, quando devolvidos (sim, devolvidos) às autarquias e regiões autónomas parecem ser favores que alguém rico faz a um pobrezinho qualquer incapaz de ser auto-suficiente. Esta ideia (de que o dinheiro é de Lisboa e magnanimamente distribuído) parece vingar, devidamente impulsionada pela comunicação social, em grande parte, arregimentada para esse efeito. 

As Leis de Finanças Locais e Regionais, actualmente em questão, são os contratos entre as duas entidades (Estado cobrador de impostos) e as Autarquias e Regiões (que disponibilizam uma miríade de serviços públicos de cobrança limitada pelo mesmo Estado, Constituição e outras leis), onde se estabelecem as relação financeiras entre ambos. Não podem ser voláteis nem mudadas por razões menores. Não há descentralização sem recursos. E não haverá Autonomia também. 

A ideia da solidariedade. O Estado precisa de reduzir o défice em 1,2% ao ano. Se mantiver (conter o crescimento) das suas despesas, a inflação faria o resto. Infelizmente o Estado é incapaz de fazer isso, pelo que decide cortar onde lhe dá jeito e lhe é mais fácil e mais popular. Sem critérios que não os políticos e tomando o Estado pelo partido e os dinheiros públicos como instrumento de utilização indiscriminada. Inconcebível. 

1)Os Açores perdem autonomia porque foram "comprados".

2)A Madeira idem, ao sofrer um ataque grosseiro de redução de recursos.

3)As Autarquias, vêm-se controladas na sua liberdade de opção, transformando-se em entidades prestadoras de serviços orientados pelo poder Central (limite e obrigação de redução do endividamento). 

Neste assunto, Portugal está às arrecuas... 

Três casos, três questões: 

1)Os Açores devem ter mais que a Madeira: tudo bem. Sempre receberam mais. Passem a ter ainda mais. Mas, cortando à Madeira? Verbas que as tais Leis de Finanças (os tais contratos relacionais) encimada pela Constituição e pelo Estatuto Político-Administrativo dizem que são devoluções de impostos cobrados em Lisboa e devidas à Madeira? Porquê? Não é possível fazer a discriminação positiva dos Açores sem ter que fazer a discriminação negativa à Madeira? 

2)Se uma Autarquia faz um investimento numa Escola, por exemplo, para 30 anos, porque não pode assumir um crédito pago em 30 anos, ao longo do período de rentabilização (usufruto) do investimento? Porque perdem as Autarquias esta liberdade? E porque limitar o valor de endividamento das Autarquias a um valor indexado às suas receitas, quando uma parte significativa das receitas ali geradas são cobradas pelo Estado? E que, depois, ou não voltam, ou quando voltam, vêm "disfarçadas" de favor do Estado?  

3)Porque impor regras a estas entidades, eleitas, que depois não se aplicam a outras, prestadoras (na mesma) de serviços públicos como o Metro de Lisboa (dívida acumulada de 3.100.000.000 Euros), Carris, REFER, etc? 

Gonçalo Araújo

publicado por Carlos A. Andrade às 19:35
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Pedro Santos - Impostos e qualidade

Tenho descoberto pequenas "aberrações" no funcionamento deste nosso país que me deixam pensativo. Quantos impostos temos nós de pagar para saciar a incessante máquina do Estado.
Não é preciso um génio para perceber que somos taxados vezes e vezes sem conta no mesmo produto e nos mesmos serviços.
A ter em consideração:
1º - Imposto Automóvel - Este imposto incide sobre o valor base e depois incide o IVA sobre o conjunto dos dois; 2º - Taxas moderadoras - Os serviços existem (estruturas e recursos humanos) porque pagamos impostos, depois pagamos para utilizar os serviços; 3º - Todo o tipo de certidões (Finanças, Tribunais, Conservatórias,...) - O mesmo dos hospitais, pagamos para existirem e pagamos para utilizar; 4º - Compramos uma casa e acredito que também compro o terreno por baixo dela - Depois pagamos uma taxa municipal por utilizar os passeios e estradas, mas as estradas e passeios são construídos com os nossos impostos; 5º - Compramos carro - Depois pagamos Imposto de Circulação Automóvel para utilizar as vias criadas com o dinheiro de todos nós.
Se calhar, continuando este exercício, encontraria mais situações análogas. Não estou com isto, contudo, a dizer que algumas situações não deveriam existir, mas em tão grande escala e aplicado a tudo, parece-me exagerado. Por este caminho, as pessoas, qualquer dia, também terão de pagar um Imposto de Circulação, um Imposto de Respiração, um Imposto de Pensamento, em suma, um Imposto pelo simples facto de serem e existirem.
Assim, não dá motivação ser cidadão, pois a nossa liberdade está em muito diminuida. Se pagamos tantos impostos directos e indirectos, ao menos que os serviços sejam geridos como os privados, em termos de eficiência, rentabilidade e produtividade. Os colaboradores dos serviços públicos serem monitorizados de forma eficaz, serem mais polivalentes dentro de cada serviço, e não fazerem as pessoas esperarem 60 minutos ou mais, e vermos 5 sairem para o pequeno-almoço ao mesmo tempo. Promoverem o brio profissional respeitando quem espera, demonstrando mais celeridade de movimentos nas áreas comuns, e não "passear" nos serviços à vista de todos. Os chefes de serviço dessensibilizarem conversas inócuas, ou menos inócuas, à frente de quem espera e desespera, provocando por vezes a "ira" dos que observam, criando situações desagradáveis de confronto.
Por tudo isto, acho que os impostos que pagamos são exagerados; por tudo isto é que a imagem dos funcionários públicos em geral é tão degradada. A formação dos chefes de serviço deve ser acima, mas como é isso possível, se muitas vezes foram colegas de serviço? Onde poderá estar a autoridade de quem quer "mandar" sem causar distúrbios entre colegas, se eles mesmos já foram assim?

Pedro Santos

publicado por Carlos A. Andrade às 19:32
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João Gomes Gonçalves - Eleitos e eleitores

1. Provavelmente, 98% do portugueses não nunca ouviu falar do Conselho da Europa, nem para que serve. Organismo integrado por 46 Estados Europeus (quase o dobro da União Europeia), serve para tudo e para nada mas, principalmente, para gastar dinheiro aos contribuintes dos respectivos países, em almoços, jantares e outras ocupações dos respectivos representantes ( mais de 700 entre ministros de negócios estrangeiros, deputados, etc.). O Conselho da Europa é uma espécie de «Clube de Poetas», bem alimentados, que disserta sobre os graves problemas que afectam a Europa.
Para comemorar os trinta anos da adesão de Portugal a este selecto clube, o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, mandou organizar cerimónia comemorativa, que inclui um buffet de luxo, a cargo de um especialista da arte culinária, o chef Baena, ao preço simbólico de  €147,33, mais IVA, por cabeça, mas só metade dos convidados deverá comparecer.
O ponto alto das comemorações é o almoço, que se segue às intervenções. A secretária geral da AR declarou: “Temos pena que não que não haja mais pessoas a usufruir desta experiência gastronómica, que será proporcionada pelo chef Baena”. (jornal Público de 10.10.2006).
Já sabíamos que a crise ainda não chegou à Madeira, que tarda em chegar às Autarquias e que, provavelmente, nunca chegará ao «planeta do futebol» (o Governo já está a tomar medidas para canalizar mais dinheiro), e ficamos agora a saber que, também ainda não chegou à Assembleia da República: como é difícil lutar contra os privilégios!
 
2. O ex-congressista Mark Foley, entretinha-se a enviar e-mails, de conteúdo sexual (assédio?), aos funcionários jovens da casa, coisa que já era conhecida desde o ano 2000. Mark Foley limitou-se a actuar, com originalidade, segundo os hábitos da casa, pois desde há muito que o Congresso dos EU também é conhecido pela prática de «contactos íntimos», dentro das suas instalações.
 
3. “Um em cada três deputados italianos consome algum tipo de estupefacientes, como o haxixe e a cocaína, segundo uma investigação de programa de televisão que vai para o ar esta terça-feira.
A informação foi adiantada por responsáveis do programa satírico «Le Iene», que é emitido em Itália 1, canal do grupo Mediaset, propriedade do chefe da oposição de centro-direita italiana, Sílvio Berlusconi. «Le Iene» apanhou cinquenta deputados com um teste de consumo de droga disfarçado de produto de maquilhagem que se revelou positivo em 16 deles.”
(Extraído de Diário Digital, de 10. 10.2006)
 
4. Renata Berger, deputada do partido populista polaco Autodefesa afirmou: “A prostituta era a mercadoria. Se queria proteger-se, devia tê-lo dito no momento em que aceitou a encomenda, não quando o homem quis levantá-la”.
Foi assim que defendeu Bogdan GoliK, eurodeputado e seu colega de partido, acusado de ter forçado uma prostituta a ter relações sexuais sem preservativo.
(Courrier Internacional, n.º 79)
Esta «relação mercantil», onde a mercadoria é uma prostituta, encerra duas histórias: eurodeputado tem tempo para visitar a Disneylândia e outras «lojas» mais intimistas; a deputada polaca, ex-comunista reciclada, recebe o pagamento da sua mercadoria, por transferência bancária e não tem necessidade de proteger-se.
 
5. Graças a Deus, a política não é feita só por políticos destes, não são todos iguais, mas lá que uns são mais iguais do que outros, disso não há dúvida.
Para que o estafado discurso, de aproximar os eleitos dos eleitores tivesse alguma credibilidade, seria necessária uma grande reforma das instituições e das mentalidades, coisa que ainda não se vislumbra, apesar da sua urgência.
 
João Gomes Gonçalves
publicado por Carlos A. Andrade às 19:27
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António Carvalho - Se...

O Banco de Portugal diz que o crescimento da economia do País vai ser maior do que o esperado!
Sintetizando o arrazoado, o Senhor Constâncio revê em alta o crescimento do Produto Interno Bruto para o presente ano de 2006. Ufa! Respirei fundo e
comentei: até que enfim, é desta. O meu cinto “Luigi Vuiton”, adquirido em prestigiada boutique da Feira do Alvor vai mostrar-se em todo o seu esplendor. Doía-me a alma de cada vez que pensava em sacrificá-lo com o alicate de furos! Mas… O petróleo não poderá passar dos 70 dólares; as taxas de juro têm de subir e as exportações têm de aumentar; a Zona Euro, economicamente, tem de crescer; as famílias portuguesas têm de baixar o seu endividamento e o Estado tem de se equilibrar orçamentalmente!
O tal relatório do Senhor Constâncio, já no final, aponta para 55% as probabilidades de eu vir a usar ou não o dito cujo.
Como nunca tive sorte ao “jogo”, puxei o “lustro” ao boldrié e guardei-o religiosamente.
(Se cá nevasse, também eu fazia cá ski!)
António Carvalho
publicado por Carlos A. Andrade às 19:22
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Segunda-feira, 9 de Outubro de 2006

Pedro Santos - "Conto ou realidade?"

Não sei o que pensam, mas quem jaz aqui era bem intencionada. Ninguém a compreendia, uns mais outros menos. Um dia saiu à rua e foi apanhada num tiroteio de gangs de rua entre os BloodState e os NewParenthood. Como sempre, a polícia de TeachersVillage nada podia fazer. Eles estavam bem armados e pareciam saber sempre onde e como nos manietar. O seu destino estava traçado desde o dia em que os cortes efectuados na polícia foram uma realidade. Menos policias, mais concentração de recursos humanos, menos proximidade, mais perigo. Os polícias sentem pela sua segurança mas continuam a lutar para salvar outras educações, mas o futuro é negro. Os gangs acreditam que são eles que devem dominar as ruas, eles é que sabem, eles é que a vivem. Perante isto, cada vez vai ser mais difícil recrutar elementos para as nossas fileiras, e os que querem entrar fazem parte de um ou do outro gang. Eles querem fazer nascer uma organização todo poderosa onde a lei se faz à medida de cada bairro. Para isso não serão precisos policias. Então chegará a altura em que todos serão dispensados.
Pedro Santos
publicado por Carlos A. Andrade às 19:35
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Amora da Silva - Manifestação dos professores

(Anteontem) na SIC notícias estava eufórico o dirigente sindical Mário Nogueira com a enorme manifestação que os professores levaram a cabo no 5 de Outubro em Lisboa.
A mim chamou-me, em especial, à atenção o raciocínio levado a cabo pelo sindicalista para demonstrar que os resultados dos alunos não dependem do trabalho e da competência dos professores. Em resumo, diz: «A Escola Infanta D. Maria de Coimbra está considerada uma das melhores escolas, em termos de resultados, em todo o país. Com a escola de Pampilhosa, pertence também ao distrito de Coimbra, acontece o inverso. Se trocássemos o corpo docente os resultados das referidas escolas não se alterariam».
Ora bem, vistas as coisas desta maneira não há razão para avaliar os professores porque os resultados não dependem em nada do seu mérito, sendo indiferente que sejam doutores, licenciados ou bacharéis, que sejam assíduos ou faltosos, que façam muita formação ou não façam formação nenhuma. Só lhe faltou concluir que os professores têm tanta influência nos resultados dos alunos como os meteorologistas no estado do tempo. Esqueceu-se o sindicalista de referir que não são apenas as famílias dos alunos que são diferentes. Esqueceu-se de referir que os professores que estão em Pampilhosa, estão de passagem, que têm menos experiência, que ganham menos, que a sua estadia é forçada, que muitos deles estão separados da sua família ou fazem diariamente longo e penoso trajecto. Não ocorreu ao sindicalista defender estes professores e como estes todos os que só encontram emprego em zonas do país económica, social e culturalmente desfavorecidas. Não ocorreu aos sindicatos que os professores em determinadas zonas pudessem ter compensações (monetárias; subsídio de renda de casa mesmo que não sejam como as dos juízes; bonificação de tempo de serviço). Para manter a classe unida é preciso pedir o mesmo para todos.
Amora da Silva
publicado por Carlos A. Andrade às 19:32
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