Quinta-feira, 23 de Novembro de 2006

Tiago Sousa Dias - Esquerda, direita e centro

A Esquerda de Cavaco; A Direita de Sócrates e o Centro de Mendes.
 
 
Após este titulo julgo que pouco mais haveria a dizer, no entanto, convém esclarecer para que não restem resquícios de dúvidas. 
Na qualidade de cidadão preocupa-me a nitidez e passividade com que o País assiste hoje a conluio muito pouco saudável entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro. Na verdade o permanente aconchego que Cavaco Silva presta a José Sócrates realça por um lado que (por ora) Cavaco tem privilegiado a estabilidade politica do País mas também, por outro, que o Presidente acolhe bem as medidas do Governo PS, algo que só pode ser explicado por 2 factos distintos.
 - Ou Sócrates fugiu do seu eleitorado tradicional posicionando-se mais (ainda) ao centro quiçá até direita, o que só se fundamenta na actual situação económica do país que carece verdadeiramente de intervenções típicas de Governos Conservadores em tempos de vacas magras(relembre-se a este propósito os recentes - uns mais outros menos - casos provenientes do centro Europeu). Nesta circunstância compreende-se o acolhimento de Cavaco, homem de Direita;
 - Ou Cavaco fugiu para a esquerda por motivos eleitorais. Na verdade, parecendo um paradoxo, caso Cavaco Silva se encoste à esquerda mantendo sempre o inevitável apoio da Direita, o cenário eleitoral será este. Quem vota à Direita, votará em Cavaco (pelo motivo que referi - "inevitável apoio"). Quem votar contra a Direita votará em Cavaco ou..."outro", em todo caso alternativo. 
Já no caso de Marques Mendes a incompreensão aumenta à potência. Isto porque podendo Marques Mendes abrir no "mercado politico" um campo de direita moderada no qual venceria por Wild Card, optou desde sempre por temorizar aquilo que no passado tanto se falou como sendo a dificuldade de um líder - o interior do partido. Marques Mendes optou por enfrentar duas batalhas simultâneamente: uma contra Sócrates (esquecendo-se que o Governo não é Socrático mas Socialista) e outra contra todos quantos lhe possam fazer oposição dentro do partido. Ora este virar de cabeça para um lado e para o outro provocou na direcção do meu partido um verdadeiro torcicolo politico que tem levado a sucessivas derrotas da Direcção do Partido em ambas as frentes.
É preciso falar para a esquerda e para a direita, não apenas na direcção do infinito.
 
Tiago Sousa Dias
publicado por Carlos A. Andrade às 18:51
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Paulo Loureiro - Estilo de ditadura?

Esta semana fiquei a saber que corro sérios riscos de, ao mostrar um certo descontentamento, ser carimbado na testa com a marca “comuna”, “pêcê” ou “bloquista”. É o preço de viver numa democracia, que dá direito a qualquer um de dizer aquilo que pensa, incluindo o PM e agora “querido líder” socialista, José Sócrates. Kim faria melhor? Que se cuide aquele delegado que na solidão de um hall de congresso disse a uma câmara de televisão que há muitos problemas que se sentem, mas quando se quer comunicar “para cima” (deduzo que seja em direcção ao Largo do Rato) não se consegue: “Não há comunicação,..., não há reuniões...” Provavelmente, como há dias (Sol) na Câmara de Lisboa, leva uma traulitada do PS, é condenado ao ostracismo e desaparece das fotografias de família. Este método de gestão, não ligado à terra, tem um grande problema: é que se o querido líder se engana, estamos quase todos lixados. Perante a desgraça de uma oposição que é pelo menos igual, senão pior, há que ouvir o timoneiro e esperar ver sinais que agradem. Aí vai ele, que começa! Poucos segundos depois, Portugal já é um problema e a culpa é do estado em que a direita nos deixou. Tudo estragado! Segundo a história, e assim sendo, durante a governação de Guterres (e Sócrates) estava tudo muito bem. Dedução lógica, caso contrário a frase seria “... o estado em que nós e a direita deixámos o país”. Mas não, não é assim a frase. Logo, coloca-se uma questão pertinente: porque nos deixou a direita neste estado? Talvez porque Guterres fugiu no pico do el dorado e o PS recusou o pedido de sua Excelência, o Presidente Sampaio, para formar novo Governo. Mas nada de confusões: este não é mesmo Sampaio que aparece no vídeo do partido durante o congresso! Tendo o PS prescindido do poder, este foi entregue ao povo, que votou nos menos maus. Concluindo, a culpa é dos Portugueses, que por vezes (depende do momento) nunca se enganam! Também é muito esquisito que, sendo assim, tenham fugido. Normalmente as pessoas fogem de algo de que não gostam, de que têm medo, ou quando conseguem superar o Princípio de Peter (quase impossível em política). Faltou dizer que o povo vai nu. Péssimo e fraco sinal para quem governa de modo tão seguro e com maioria absoluta, que a tal direita (comparado o incomparável!) não teve. Curiosamente, a direita foi completamente ignorada, até há poucos dias, reaparecendo precisamente agora, ao ponto de um dos discursos de um socialista na discussão do orçamento fazer dezenas de referências ao líder da oposição e nenhuma ao nome do PM, líder do partido. Na hora do aperto, houve que procurar o inimigo lá fora para encontrar os “amigos” cá dentro. Hugo Chávez é mestre na matéria, com bons aprendizes no médio oriente. Quanto à comparação em si, é falaciosa mas reveladora, bastando substituir “de tanga” por “em situação difícil”. Mera alteração semântica, em que a forma se sobrepõe ao conteúdo (a única coisa que realmente interessa ao país), outra táctica comum. Quanto a resultados, todos os votos menos um não significam unanimidade, mas tão-somente que não há melhor, o que, por si só, não implica que é bom o que simplesmente existe. Para infelicidade dos realistas, entre boa parte dos analistas (mesmo os mais credíveis) parece brotar a ideia de que, não havendo melhor, se deve considerar que este é bom porque o discurso é bom e está a mexer nas coisas em que nunca ninguém mexeu. Nesta parte, reconheça-se todo o mérito (sem ironia), apesar de estético e de o PM não ter ainda percebido (ou fazer de conta que não percebe) que nenhum Governo faz um país, principalmente quando composto unicamente por ministros regulares, acompanhados por um inocente vendedor de imagens salpicadas, que já amanhã, vai colher o mérito de retirar da máquina do estado parte do pessoal que ele e o seu partido lá puseram, há poucos anos. Anedótico. De facto, o discurso é excelente! Mas eu quero mais! Quero uma pessoa que diga que vamos ter todos que “apertar o cinto” e que me deixe apertar o meu próprio cinto a pensar no bem de todos, não um PM que me diz que tem muitas preocupações de justiça e que me vem a casa apertar as goelas enquanto durmo, depois de alguém carregar em F9 e a impressora cuspir um papel que traz na mão, carregado de análises psicadélicas sobre o nível de vida e as estradas alternativas (ex: ruelas). Tudo muito lindo quando a iniciativa vem de dentro. Quando vem de fora, como no caso do abandono dos emigrantes na Holanda, tudo muda. Com um quase beneplácito governamental, denunciado por calmas e diplomáticas palavras doces de um governante na TV, oferece-se publicamente a possibilidade de as vítimas fazerem uma queixa (gente boa, a do Governo!), não vá a representação diplomática servir para alguma coisa ou ser incomodada com miudezas. Tudo a ferros, depois das competentes e naturais cenas de pancadaria e de isto passar repetidamente, há anos, na mesma TV que usam a torto e a direito para deitar foguetes antes da festa! O que muitos deles têm é fome e querem comer comida, não palavras! É aqui que a porca torce o rabo! Entretido na escrita sobre momento tão rico, quase me esquecia da frase que nunca pode faltar: “as sondagens valem o que valem, conforme a direcção e o sentido das setas”. Com opções assim no Governo e na oposição, prevejo que nas eleições de 2009, para muitos bastará olhar para o retrato nas paredes das repartições públicas e “fazer a cruz” em quem lá estiver representado, seja lá o que isso for!
Paulo Loureiro
publicado por Carlos A. Andrade às 18:43
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Ramos de Barros - Elogios de Cavaco

O recente discurso do sr Presidente da República deixou "marcas" no PSD. Como era óbvio, quem, durante a campanha eleitoral, teceu tantos elogios (loas?) ao professor não ficou satisfeito com os elogios que ele tributou ao principal visado pelas críticas do PSD.
Veio a terreiro Agostinho Branquinho verberar de forma veemente o comportamento do PR. Mas julgo que sem qualquer substrato crítico fundamentado e credível.
Imaginem só que o professor Cavaco dizia mal do governo (ainda que o fizesse pontualmente), qual seria o comportamento de toda a oposição?
Era logo este: que espera para exonerar o primeiro-ministro?
É óbvio que haverá discordâncias pontuais entre Cavaco Silva e José Sócrates (naturalíssimas num estado de direito democrático), sem que, por tal facto, seja imperioso vir à praça pública lançá-las.
Luís Filipe Meneses  veio a terreiro criticar Marques Mendes por ser pouco incisivo no ataque ao governo; desejava, mencionou, uma moção de censura. Marques Mendes recusou-a, no tempo próprio. O discurso de Cavaco Silva veio dar-lhe inteira razão...
É óbvio que é muito difícil ser oposição neste contexto, em que Sócrates está a actuar como Cavaco Silva o faria num contexto destes. As dificuldades são enormes e o desgaste na rua é um facto. Mas a legislatura é procissão que ainda vai no adro. Sócrates sabe que o seu "julgamento" ainda vai durar (se não houver uma "interrupção voluntária de governação"...) e poderá então, nas proximidades do acto eleitoral, abrir os cordões à bolsa e seduzir o eleitorado. Para isso terá que apertar o cinto agora...
É esta gestão do timing que estará a fazer José Sócrates  na convicção de que só ganhará o próximo desafio eleitoral se conseguir arrumar a casa e ainda puder desapertar o garrote que neste momento vai  asfixiando  o Zé Povinho.
Quanto a Cavaco Silva  não pode dar ouvidos ao canto de sereia que na rua vai fazendo ouvir-se. Ele sabe que isso é  a reacção natural dos sindicatos e líderes de opinião que procuram capitalizar o descontentamento em seu proveito. É a lógica do "mercado eleitoral", doa a quem doer... Se não fossem para a rua agora, quando é que os sindicatos teriam uma oportunidade de ouro para mostrarem os seus méritos? Estão, também eles, impecáveis no seu papel catártico e galvanizador de multidões ululantes e incapazes de verem mais fundo do que o discurso vitimizador.
Ninguém estranhe se Luís Filipe Menezes  começar a usar o livro de Santana Lopes  como "bíblia" para a oposição interna do PSD. É que ele está vocacionado para isso mesmo. O pior é que esta "bíblia" está tão cheia de erros de análise que os "crentes" não se vão deixar iludir; Santana Lopes, com a sua autovitimização exacerbada esquece todo aquele cortejo de ingenuidades que cometeu ou deixou que outros cometessem (v.g. apelo de Gomes da Silva à "censura" na TVI, conselhos de ministros na "província" qual grupo excursionista com cunho mais folclórico do que eficaz, falta de liderança, exagero propagandístico a raiar o caricato...).
Enfim, tempos difíceis se auguram para o PSD, no tocante a uma oposição credível.
Marques Mendes só com um grande "desastre" é que poderá elevar a fasquia pois no actual contexto, apesar da austeridade e do descontentamento de largos segmentos da sociedade (naturais, sem dúvida...) o "status quo" manter-se-á  sem grandes oscilações...
O PSD não poderá tecer "loas" a Cavaco Silva, mas, se for inteligente e sensato, também não poderá verberar publica e ostensivamente o PR pois isso será a todos os títulos nefasto.
Ramos de Barros
publicado por Carlos A. Andrade às 18:39
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Mário Martins Campos - Orçamento credível

O Orçamento de Estado agora apresentado, tem uma característica específica, que o distingue das propostas dos últimos anos. De facto, este orçamento traz consigo um selo de credibilidade, sustentado pela execução do seu antecessor, que há muito não se via.
Este é pois um orçamento com a marca do Rigor e da Justiça, reforçado com a Credibilidade.
Este é um orçamento que propõe uma abordagem rigorosa da despesa pública, fazendo cumprir o objectivos de convergência macroeconómica, seleccionando o investimento, de acordo com uma ideia de desenvolvimento Nacional, sustentada pela inovação e pelo conhecimento.
Por outro lado, este é um orçamento que traduz em justiça fiscal a justiça social, que tem de guiar um governo verdadeiramente social-democrata.
Com estes três pilares, de Rigor, Justiça e Credibilidade, o governo tem toda a credibilidade para encarar os tempos que se avizinham, por forma a alavancar as reformas que já se iniciaram, como forma de prosseguir os objectivos definidos.
O caminho está traçado, cumpre cumpri-lo!
Mário Martins Campos
publicado por Carlos A. Andrade às 18:37
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António Carvalho - Mão invisível?

Como alunos bem comportados continuamos a assistir, impávidos e serenos, a dissertações repetitivas, já cansativas, de teorias económicas que de uma forma ou de outra, quais “Mãos Invisíveis”, nos acabam sempre a mexer forte e feio na carteira.
Vem este intróito a propósito de um recente “Prós e Contras” sobre a situação financeira da Nação e posteriormente do debate (ou combate) do Orçamento de Estado. Como diz o ditado, “cada cabeça sua sentença” e o facto é que, daqueles “todos contra todos”, não saiu augúrio de que os sacrifícios com que o País está a arcar venham a dar resultados benéficos num qualquer futuro próximo.
São tantos Professores, “Karamba”, tantos Professores reconhecidos há muitos e muitos anos na área económica e mesmo assim não conseguem passar ao comum do cidadão se as actuais medidas restritivas, implementadas e a implementar, vão ou não valer a pena!!!
Bem podem comparar a desenvolvida mentalidade económica da Suécia ou da Finlândia com a económica mentalidade portuguesa!
Perante tão tristes e dispendiosos espectáculos a que diariamente se assiste, é caso para se duvidar se o verdadeiro problema de Portugal é de ordem económica ou de ordem… mental.
(Quanto às teses, Adam Smith é capaz de ter uma certa razão na sua teoria económica da “Mão Invisível” (penso eu… não sei)!)
António Carvalho
publicado por Carlos A. Andrade às 18:35
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Paulo Jorge - Nomes de grevistas

A Greve é um direito? 
A greve é um direito? De quem? Em que circunstâncias? 
Durante a última governação PSD, os funcionários de uma Camâra da zona metropolitana de Lisboa, Socialista, não sofreram represálias verbais ou outras por aderir à greve de então. Mal visto ficou quem não aderiu. Hoje, esses arautos da liberdade e do direito à dita, pedem a lista de nomes das pessoas que aderiram à greve.
Em que ficamos?
 
Paulo Jorge
publicado por Carlos A. Andrade às 18:34
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Nuno Moreira de Almeida - Pedido a Sócrates

Enquanto cidadão português que vive neste pequeno rectângulo no canto da Europa, e enquanto subscritor da acção governativa da equipa de José Sócrates, apenas peço a este que não se desvie um milímetro do rumo traçado e que prossiga a imparável e inevitável política reformista, independentemente do barulho que alguns teimam em orquestrar na rua.
Para além disso, e no rescaldo de um Congresso socialista de aclamação da sua liderança, apelo ainda a Sócrates para que não se deixe embriagar por esta artificial unanimidade reinante no seu partido, já que quanto a mim esse foi um dos grandes erros de António Guterres, sempre ávido de diálogo e de consensos.
Como acredito que o actual primeiro-ministro nada tem a ver, em termos de perfil e a nível de actuação política, com Guterres, sei que não vai caír no mesmo erro de se deixar entronizar por aqueles socialistas que "estão sempre do lado de quem está no poder", e sobretudo vai provar que a era de um Portugal pantanoso não voltará.
 
Nuno Moreira de Almeida
publicado por Carlos A. Andrade às 18:30
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João Gomes Gonçalves - Orçamento de desigualdade

“Este Orçamento quer tirar aos que têm mais para dar aos que têm menos”
Teixeira dos Santos, ministro das Finanças
 
(...) Já se percebeu que é necessário reduzir o défice das contas públicas e tentar salvar a Segurança Social, o que implica reduzir a Despesa do Estado. No leque das medidas para atingir estes dois objectivos, o governo de Sócrates incluiu a equiparação fiscal, no IRS, entre pensionistas e trabalhadores activos, ou seja pretende tornar igual aquilo que não é igual.
Se exceptuarmos as pensões elevadas, digamos a partir de 2.000 ou 2.500 euros, onde o poder de compra de um pensionista pode ser equiparado ao poder de compra de um trabalhador activo, nos restantes casos, a condição de idoso não  é comparável com a de um trabalhador activo, e quanto mais baixo é o seu rendimento, mais pressionado se encontra pelas despesas com necessidades básicas, especialmente com a saúde.
Até agora as pensões até €535 mensais estavam isentas de IRS, mas neste OE aquele limite baixa para €435. Conceber que idosos com pouco mais de €450, por mês, conseguem comer, pagar renda de casa, electricidade, gás, água, farmácia etc. e ainda lhes sobeja pensão para pagarem IRS, parece absurdo mas é concebido por um governo socialista, não interessa em nome de quê.
Entre outras consequências, este OE irá contribuir para aumentar a «mancha» de pobreza que existe na sociedade portuguesa. A maioria dos portugueses vai ter os seus rendimentos reduzidos porque irá pagar mais IRS e porque irá pagar ainda mais impostos indirectos. É um aumento de impostos camuflado mas é real.
Não soubemos fazer redistribuição quando as vacas eram gordas e agora com as vacas magras também não.
Para ficarmos com uma ideia mais precisa do que foi a gestão dos governos durante os últimos vinte anos, o depoimento de um ex-ministro das Finanças é esclarecedor a propósito da proposta de OE de 2005:
 
“Senti, como nunca, como é que certas pessoas fazem, de um modo falso e quase angélico, o discurso do interesse geral, para tentar ganhar nos interesses corporativos ou mesmo particulares. Senti como alguns arautos da consolidação tentam contrariar as mais elementares regras da aritmética orçamental. Isto é, exigindo mais nas parcelas (entenda-se despesa), ao mesmo tempo criticando o mínis-
tro das Finanças por a soma não ser inferior. Senti porque é que alguns interesses parecem preferir a instabilidade e a indisciplina para que melhor medrem os respectivos proveitos. Senti como é coerente a incoerência de tantos paladinos do rigor que, por certo, já se esqueceram do que não fizeram ou do que deixaram de fazer, por acção ou omissão, em cargos e ocasiões passados.”
 
Concluindo, despido da sua complexidade técnica, o OE é um documento humano, demasiado carregado do seu lado   negativo. O combate do governo Sócrates ao défice assenta nas seguintes opções:
 
·   Aumento dos impostos indirectos (sobre o consumo).
·   Agravamento (aumento) do IRS dos deficientes e dos reformados.
·   Alargamento da base de incidência do IRS (mais deficientes e reformados de baixos rendimentos a pagarem o imposto).
·   Inexistência de medidas para corrigir a desigualdade fiscal.
 
Este Orçamento contraria frontalmente a promessa do Ministro das Fianças que encabeça estas notas, e poderia ter sido elaborado por qualquer governo do centro-direita ou de direita, o que explica as críticas pouco convictas do PSD e do PP-CDS.
Com este Orçamento as desigualdades sociais irão aumentar, os ricos e muito ricos terão mais rendimentos, a classe média terá rendimentos mais baixos, os pobres e muito pobres terão mais miséria.
Nem sequer o modelo de desenvolvimento assente no betão será muito alterado, com a redução do Investimento e a prioridade dada aos projectos megalómanos do TVG e do aeroporto da OTA.
Continuaremos a ter mais crise e por mais anos pois não se vislumbra que através do crescimento económico o aumento do PIB dê um contributo para o equilíbrio das contas públicas e do défice da balança comercial.
 
João Gomes Gonçalves
 
publicado por Carlos A. Andrade às 18:27
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Quinta-feira, 9 de Novembro de 2006

Silvério Rosa - Esperança de vida

Não acredito que a "Esperança de vida" esteja ainda a aumentar em Portugal!
A assistência na saúde pré-natal e infantil nos anos mais recentes foi boa em Portugal, por isso deu-se um aumento da esperança de vida, de devido à grande redução da mortalidade infantil, Portugal melhorou muito nesta área na escala internacional nos anos mais recentes. Como o país tem, felizmente, vivido em paz, aumentou o envelhecimento da população, o que contribuiu para o aumento da esperança de vida. Também houve durante alguns anos uma melhoria nos cuidados de saúde à população em geral, que se reflectido numa maior "esperança de vida".
Porém, os cuidados de saúde estão agora a degradar-se muito, pelo será de esperar que aconteça agora o contrário:
1º.) Fecham-se Centros de Saúde, Hospitais e Maternidades, se reduzem os horários de funcionamento dos "Serviços de Atendimento Permanente" ou se fecham até alguns, mesmo com a sobrecarga dos que ficam;
2º.) Cada vez há menos médicos nos centros de saúde e nos hospitais, assim como enfermeiros, auxiliares, etc... Os que se reformam não são substituídos.
3º.) A avaliação médica aos doentes pelos centros de saúde é cada vez mais mais superficial e visual, dado que se reduzem as verbas disponíveis para os exames auxiliares de diagnóstico. Exames mais esclarecedores sobre as queixas dos doentes ficam por fazer ou são feitos já tardiamente.
4º.) Agora vão ser criadas taxas de internamento...
Para o futuro esperam-se maiores dificuldades de acesso ao Serviço Nacional de Saúde, estando o estado reduzir agora a sua função relativamente à saúde dos portugueses, num país cujos cidadãos têm em geral fracos recursos económicos para se socorrerem da medicina privada, também ela muito cara para o rendimento mediano dos portugueses.
Estas mudanças farão inevitavelmente diminuir a tal "esperança de vida", mas tal só será comprovado pelas estatísticas futuras, daqui a alguns anos; as actuais apenas reflectem os efeitos do pós 25 de Abril e do esforço então feito para melhorar a saúde em Portugal. Porém, pelo que referi atrás, sou forçado a concluir que a esperança de vida deverá agora a diminuir.
Silvério Rosa
publicado por Carlos A. Andrade às 19:00
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Paulo Loureiro - Contribuições dos bancos

No meio de um orçamento que tem de ser analisado como um todo, aquilo que está sabiamente a ser realçado é o aumento das contribuições dos bancos. A medida é vergonhosa, não porque desnecessária, mas porque tem uma natureza puramente populista, carregada de demagogia e que vai ter o resultado exactamente contrário, já que, como todos sabemos, os bancos mexem em meia dúzia de taxas e recuperam tudo a dobrar, sem que ninguém pie na TV. Claramente, é uma medida de alavancagem ou tentativa de alavancagem de votos para o segundo mandato! A actividade bancária é vergonhosa na única parte que lhe cabe, como alavanca para o desenvolvimento do país, estando quase completamente concentrada na habitação, consumismo e prática de taxas de juro vergonhosas, que fazem tudo menos ajudar ao desenvolvimento do pequeno e médio comércio, principalmente na vertente de exportação. Se assim não fosse, não era necessário recorrer aos subsídios, como hoje acontece, com estes a substituírem os empréstimos. Hoje, os bancos vendem dinheiro a juros astronómicos, usam de tácticas de risco zero e juro alto, emprestam dinheiro com despesas de contrato pagas à cabeça que chegam a 15% do valor do empréstimo (faz lembrar o período pós-revolução), ignoram pedidos de informação de clientes quanto a operações de venda por Internet e leasing, vendem carros em concorrência aparentemente desleal com o mercado, vendem livros, prata, ouro, medalhas, cristalaria, hi-fi’s, e outras coisas de pôr os cabelos em pé. Comerciantes vêem liminarmente negados (de imediato) pedidos de empréstimo para aquisição de maquinaria para o seu negócio, não sem receberem, antes de sair do banco, propostas de empréstimo para aquisição de automóveis. Tudo bons exemplos de como plantar a destruição do futuro seguindo a via mais fácil. Mas há muito mais, que nem Sócrates nem o amigo do Banco de Portugal vêem! A obrigação dos comerciantes aderirem aos termos dos contratos de adesão para pagamento remoto com terminais multibanco é um exemplo do que há de mais pernicioso na nossa sociedade (eu chamo-lhe “assalto legalizado”), com os bancos ou outras entidades a cobrarem, não pela operação de transacção, mas como comissionistas, à percentagem, constituindo-se, arrogantemente e em abuso descarado, como participantes em negócios de que não são parte, com taxas (ganhas instantaneamente) que são mais ou menos iguais à taxa de juro que pagam pelo dinheiro que pedem no estrangeiro, ao ano! Aqui, devia mexer-se, riscar-se ou mesmo martelar com força! Mas não dá tantos votos. Engraçado é que empresas como a PT (participadas pelo Estado e, portanto, tuteladas por este mesmo Governo) consolidam prejuízos do Brasil com lucros de Portugal (consta que sim, mas custa a acreditar que seja possível) e pagam zero ou quase zero de IRC. O sinal é mau, e dá a ideia que alguém pretende tapar o sol com a peneira, iludir outrem, ou tudo ao mesmo tempo. O tempo o dirá, sem nunca esquecer que, no final de tudo, o lucro real vai ser a diferença entre os resultados esperados e o custo de poder viajar num novo comboio. Curiosamente, tudo isto é implementado debaixo de um plano cheio de preocupações de justiça, como atesta de forma indubitável o caso do centro materno-infantil e do hospital pediátrico da cidade do Porto, acabados de assassinar para que mais alguém possa construir um novo edifício transparente ou ver o “Chico Fininho” a cantar ópera na Casa da Música. Se a isto adicionarmos o conteúdo da entrevista de Bagão Félix sobre a barragem e sobre as comparações dos índices económicos deste ano com os do ano passado, depois da conveniente alteração dos critérios que fizeram desaparecer custos de algumas rubricas (déjà vu, em “taxa de desemprego recalculada”, por computador reprogramado), só podemos esperar que o ex-ministro esteja a mentir muito descaradamente, não vá dar-se o caso de a verdade se confundir com a realidade de um país surrealista.
Paulo Loureiro
publicado por Carlos A. Andrade às 18:54
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