Quinta-feira, 25 de Novembro de 2004
O que mais preocupa, nestes curiosos tempos que vivemos, é a ligeireza com que as pessoas responsáveis a quase todos os níveis se vão descartando de uma das suas maiores responsabilidades: a de serem honestas para com aquelas outras que de alguma maneira delas dependem. Compreendo perfeitamente que a informação sobre certos assuntos não possa nem deva ser veiculada para a generalidade dos cidadãos. O não comento é uma frase complicada porque deixa entrever que alguma coisa se esconde, mas é preferível à mentira. Sobretudo se essa mentira revestir aspecto caricatos que configurem insulto à inteligência de todos nós. Eu posso considerar que certos responsáveis ocupem lugares errados, mas é difícil admitir que sejam, definitivamente, pouco inteligentes para minimizar a inteligência dos outros.
Vejamos. Parece ser pouco inteligente um ministro (no caso Paulo Portas) afirmar para uma jornalista que por acaso encontrara outro ministro (no caso Gomes da Silva) na noite de sábado em que decorria o Congresso do Partido Social-Democrata, em Barcelos, onde o mesmo estivera e (penso) voltou a estar no dia seguinte
Como se sabe, a notícia do encontro tinha sido divulgada com a maior oportunidade e naturalmente relacionava-a com os factos ocorridos nesse Congresso, que mais pareceu ser um congresso anti-CDS-PP do que PSD-PPD
Não teria sido mais decente Paulo Porta dizer não comento do que, procurando salvaguardar a verdade, mentir?
Que confiança poderá o país ter nestes governantes?
Meu caro Pacheco Pereira, de facto, pobre país, este!
Carlos Frota