É de enaltecer a opção de Cavaco Silva no sentido de dar mais visibilidade (e se possível resolubilidade) aos problemas dos deficientes, tantas vezes esquecidos e/ou marginalizados; dar visibilidade é um primeiro passo, mas não basta; é preciso articular com o encaminhamento de certos problemas para os destinatários adequados...
Quando se fala em discriminação, às vezes esquece-se o essencial: não basta exibir, expor, é preciso denunciar situações gravosas e tentar minorar problemas, às vezes de bem fácil resolução...
Até nos domínios da linguagem: o "aleijadinho", o "tolinho", o
"ceguinho", o "manquinho", são, dentre outros, golpes duros na
idiossincrasia relacionada com a deficiência. Tantos que se dizem defensores dos deficientes, às vezes atiram à cara como anátemas o facto de alguém usar uma prótese, ser gago, estrábico ou sofrer de alguma debilidade de índole psíquica... Eles nada podem contra-argumentar; fica apenas a nossa comiseração por quem assim agride seres incapacitados (muito ou pouco...), de forma insensata, julgando poder emergir com tais dislates...
Mas há problemas que continuam adiados para as calendas: as acessibilidades nalguns edifícios públicos, a falta de respeito pelo ser deficiente (lato sensu), a discriminação tout court, só por ser "diferente", por não pertencer à "maioria"... exclusão social e psicológica desta pólis que se quer solidária e fraterna...
Enfim, o tema é importantíssimo! Oxalá o périplo de Cavaco Silva não sirva apenas para promover certos mentores de uma caridadezinha paternalista que, apesar de tudo, é bem-vinda, mas não vai ao cerne dos problemas...
J. Leite de Sá