Segunda-feira, 28 de Novembro de 2005

André Carvalho - Ota e TGV

Desde que o actual governo socialista anunciou a sua determinação em avançar com os projectos Ota e TGV, começaram, imediatamente, a ser levantadas uma série de questões [bastante] pertinentes pelos mais diversos sectores socioprofissionais e político-económicos no que concerne à exequibilidade destes dois projectos multimilionários.
Apesar de tudo, é consensual na nossa sociedade que o investimento público é algo de necessário e até benéfico para o desenvolvimento do país. No nosso caso, esta necessidade/utilidade ganha acrescida importância, pois, o nosso sector privado, tirando raras mas honrosas excepções, é [infelizmente] iníquo.
Contudo, considerando o estado lastimável em que se encontram as nossas finanças públicas, e o esforço adicional a que já estão a ser sujeitos a generalidade dos contribuintes, este Executivo não se pode dar ao luxo de decidir avançar para investimentos desta monta por “obra e graça do espírito santo” sem qualquer esforço na procura de um consenso o mais alargado ao nível político-social, e sem se apoiar em estudos de viabilidade credíveis e num processo transparente para todos os intervenientes, com especial ênfase na elucidação dos contribuintes/eleitores que vão ter de andar a pagar esta factura durante largas dezenas de anos, período este, que excede amplamente a legislatura deste governo.
Convém não nos esquecermos que mesmo em [relativos] fiascos como o Euro 2004 e a Expo 98, os governos da época, procuraram sempre com sucesso um necessário consenso nacional alargado.
Nos casos da Ota e do TGV teremos, no entanto, de tentar aprender com os erros do passado recente e ter a coragem de não avançar (também é preciso ter a coragem para não se avançar) ou de arranjar outras alternativas, caso uma cuidada analise custo/benefício (não somente financeira mas também social/ambiental, etc.) não dê mostras de uma inequívoca satisfação do interesse nacional.
O mais estranho em todo este processo é, que mesmo em situações bastante mais favoráveis de disponibilidade financeira pública e privada, nunca nenhum outro governo democrático, no passado, avançou para projectos de dimensão semelhante sem procurar consensos político-sociais mais alargados. A julgar pela forma como vem gerindo estes dois projectos, parece-me evidente que para José Sócrates, a Democracia não passa de uma Ditadura da “Maioria”.
Caso o actual Executivo insista nesta misteriosa via, só me resta passar a engrossar as fileiras daqueles que publicamente afirmam que nos encontramos perante um “caso de polícia”, onde, alguns poderosos e obscuros interesses [individuais] económico-financeiros se estão a sobrepor, indevidamente, aos reais interesses [colectivos] da Nação.
André Carvalho
publicado por quadratura do círculo às 19:23
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