Segunda-feira, 25 de Setembro de 2006
Pontuou a inteligência e a visão estratégica do Engº Sócrates ao aceitar assinar com o maior partido da oposição, um pacto de regime para a área da justiça, aquela que poderia vir a transformar-se no calcanhar de Aquiles da sua governação.
Por outro lado, também o Sr. Presidente da República deixou ficar bem claro ao que veio, contrariamente aos desígnios do principal partido que apoiou a sua eleição, que aspirava a um remake da anterior tomada de posição presidencial que antecipou a dissolução do parlamento, mostrando-lhe que a oposição não deverá feita através de políticas sistemáticas de obstaculização ao governo, mas por via da reunião de consensos e da convergência de ideias em torno de matérias tão sensíveis como o é a da justiça, instituição caída em descrédito, enfraquecida e à beira da rotura, cujos poderes carecem de legitimação a breve trecho.
O PSD compreendeu tarde que desgastou a sua imagem perante o eleitorado ao deixar morrer a oportunidade que lhe foi dada para por em prática o seu projecto de reformas. Escolheu mal a sua estratégia de oposição ao presente executivo, e continua, mesmo após ter assinado com o governo um pacto de regime, a usar de toda a sua arrogância, elevando à condição de lixo a participação do PS neste plano de reforma estrutural, conforme referiu uma porta-voz daquele partido, ao que consta braço direito do Dr. Marques Mendes.
Novos pactos de regime com este PSD a verificarem-se, terão sempre a chancela do oportunismo político do se não consegues vencê-los junta-te a eles, não levarão em conta o interesse nacional, mas sim o interesse politico-partidário das clientelas, com vista à retoma do poder cujo objectivo será brindar-nos a nós cidadãos com mais do mesmo, num cenário político de déjà vu do qual a todo o custo pretendemos distância.
Fernanda Valente