Segunda-feira, 6 de Junho de 2005
Já aqui elogiei os sinais dados pelo governo e em particular pelo Eng. Socrates, neste primeiros três meses, na materialização daquilo que são novas políticas e acima de tudo a nova forma de fazer política, e em particular de interpretar as funções de estado, com a seriedade que elas exigem.
Passado este período, veio o primeiro mau sinal. A nomeação de Fernando Gomes para a administração da Galpenegia, bem como de Nuno Cardoso para a AdP, são maus sinais, da separação entre o partido maioritário e o governo, e sobretudo são maus sinais para quem quer introduzir a meritocracia como principio base da progressão de carreiras na função publica.
Analisando friamente, não são reconhecidos quaisquer méritos a Fernando Gomes, que o conduzissem a tal nomeação. Então a questão que se levanta é: Porquê então?
A resposta a esta pergunta, não deve colocar em causa a capacidade das pessoas, de assumirem o cargo, para que foram nomeados, e até de fazerem um bom lugar. O que deverá estar por detrás da resposta a esta pergunta, é a existência de um cheiro a recompensa ou compensação política, que é sem duvida, não só um mau sinal, como acima de tudo um mau principio.
Este é um principio perigoso, que pode levar a uma rotura irreversível entre o Governo e o País. A conquista dos Portugueses, para o sentimento de confiança no Governo, pode ser completamente perdida, com medidas como esta, que não abonam nada para a credibilização do executivo, das suas políticas e da Política em geral.
Cuidado Eng. Socrates! E cuidado porque o terreno pode ficar minado, pelos tentáculos de uma estrutura partidária, que tem aspirações a colocar as suas bases nas cúpulas. E isso é o que pior pode acontecer, para o País e para o Governo.
O pulso forte, de uma liderança incontestável, tem de ser suficiente para pôr travão a estas tentações. Sem isso a confiança sairá minada, e a rotura será inevitável. Ninguém compreenderá, que o discurso de seriedade, sentido de estado e meritocracia, andem lado a lado, com decisões como estas.
Mário Martins Campos