Terça-feira, 12 de Abril de 2005
Atendendo ao panorama das oposições que actualmente se nos é oferecido, cada vez estou mais convicto que o eng. José Sócrates se arrisca a 4 anos de governação bem calmos e muito pouco turbulentos.
Vejamos:
O maior partido da oposição está agora entregue a um líder cinzento, por muitos visto como transitório, sem rasgos de grandes ideias ou propostas, nem pingo de carisma capaz de mobilizar as hostes. A favor, tem o histórico de competência enquanto líder parlamentar do PSD. Nada mais.
O CDS, uma vez ultrapassada esta fase de exasperante orfandade, independentemente de quem venha a assumir a liderança, terá que dedicar grande parte do seu tempo e dos recursos, mais a limpar as feridas de 20 de Fevereiro e a encontrar um novo rumo, do que propriamente a gerir uma postura de oposição com vivacidade e com propostas de ruptura. Aliás, a qualidade da sua actual bancada parlamentar, assim como a vontade nula de aproximação demonstrada pelos sociais-democratas, nada lhes auguram de bom.
Do PCP de Jerónimo de Sousa pouco se espera, a não ser o discurso teimosamente repetido em várias legislaturas, claramente vocacionado para a defesa das franjas de eleitorado que ainda sustêm os velhos comunistas portugueses.
Quanto ao BE, se Sócrates persistir numa inteligente aproximação à esquerda, quer a nível de coligações autárquicas, quer na essência das propostas simpáticas a algumas minorias étnicas, raciais e sexuais, conseguirá estrategicamente esvaziar o campo que alimenta o discurso fracturante anti-sistema que Louçã tem explorado e capitalizado como ninguém. Pelo menos até agora.
Em face de tudo isto, o governo socialista tem indubitavelmente preparado o terreno ideal para implementar as reformas e as políticas cada vez mais inadiáveis e cada vez mais prioritárias, por forma a erradicar grande parte dos males económicos, políticos e sociais que nos assolam desde há anos.
Mas como em tudo também aqui existe o reverso da medalha: os argumentos para desculpar José Sócrates e a sua equipa governativa por não conseguirem pôr em marcha 4 anos verdadeiramente reformistas, serão nulos!
É o tudo ou nada!
Tem a palavra o novo primeiro-ministro.
Nuno Moreira de Almeida