Segunda-feira, 28 de Março de 2005
Caso se confirme a nomeação de António Guterres para o cargo de Alto Comissário para os Refugiados, actualmente desempenhado pelo ex-primeiro-ministro holandês Ruud Lubbersser, o cenário de putativos candidatos presidenciais à esquerda pode sofrer uma tremenda reviravolta.
Sendo quase certo, atendendo à força das sondagens, que o candidato do centro-direita não poderá ser outro que Aníbal Cavaco Silva, à esquerda muito pode ficar ainda por definir e por conjecturar.
Se os indicadores de recentes sondagens se concretizarem e se se confirmar a célebre teoria dos ovos na cesta em que os portugueses gostam de "distribuir" os cargos pelas várias sensibilidades políticas, qualquer candidatura pela esquerda poderá sentir-se desencorajada.
Por um lado, poder-se-á equacionar a candidatura de António Vitorino, eterno D.Sebastião do espectro socialista, mas face aos sinais recentes por si transmitidos e à sua idade, talvez opte por se resguardar durante mais uns anos. Não me parece que seja desta que apareça a D.Constança...
Se António Guterres, o natural candidato da esquerda acabar por ser o comissário nomeado de uma lista de oito candidatos, duvido que arrepie caminho e troque um lugar internacional de destaque - algo que sempre ambicionou, pela cadeira do Palácio de Belém.
Ora, neste cenário de semi-orfandade resta um nome: Diogo Freitas do Amaral.
Decorrente da sua aproximação à família política socialista, com o beneplácito do PCP e, sobretudo do Bloco de Esquerda - veja-se a forma como foi defendido esta semana, por essa bancada no parlamento, face às investidas do CDS-PP, teremos o candidato do consenso.
Apresentando um currículo de oposição à guerra no Iraque e à administração Bush, o exercício de altas funções na ONU, o cargo de ministro de um governo socialista, Freitas será ainda o símbolo da evolução política, para certos sectores de esquerda. Para além disso, terá ainda como trunfo, a possibilidade de poder colher votos à direita.
Poderá estar assim encontrado o adversário de Cavaco Silva nas próximas eleições presidenciais.
Interessante!
Nuno Moreira de Almeida