Quarta-feira, 23 de Março de 2005
Mas afinal, o que é isto do centro político? Esse local vazio onde se ganham e perdem eleições, e que todos parecem olhar para ele, como quem olha para um local cheio de tudo e de nada, ao mesmo tempo.
Existem diferentes formas de classificar o centro político, mas todas elas têm um radical comum. A ausência de ideologia, de preocupação politica e de participação cívica.
Enfim, o centro será, segundo estas definições com as quais discordo, um conjunto de pessoas de costas viradas para a política, para quem os políticos se viram, em tempos eleitorais.
Alguns dizem, que são um conjunto de eleitores descolorados, sem orientação ideológica e que vão oscilando entre a esquerda e a direita, como quem flutua na corrente, sem saber muito bem porquê. Outros há que os classificam, como indivíduos partidariamente neutrais, que têm um entendimento consensual e comum da actividade política em geral, e que como tal a escolha lhes é indiferente.
Quer num, quer noutro entendimento, a tentativa de os conquistar, em momentos eleitorais, implica uma renúncia ideológica, em nome do consenso e do esbatimento entre os diferentes flancos do espectro político. Ora, essa não é a minha opinião.
O centro político nasce da abertura de espírito e da pluralidade ideológica. E sobretudo da avaliação dinâmica das propostas e das pessoas, que o eleitorado faz a cada momento. O centro político, não é uma massa amorfa politicamente, é sobretudo um eleitorado que tem como princípio de voto, a análise a cada momento das propostas e das pessoas que as fazem. Para o conquistar, é pois necessário apresentar ideias que os façam sair do conforto do seu nicho político, e que os façam apoiar outro projecto político. É pois necessário, inovar, estimular, surpreender, para fazer face à inércia política e colocar o eleitorado em dinâmica de transferência.
O centro conquista-se com propostas concretas e não com indiferença, ambiguidades e indefinições.
Não se trata pois, de simplesmente ocupar o centro, trata-se sobretudo, de um lado ou outro do espectro político, atrair o eleitorado, com propostas que os façam pensar, que é possível fazer mais e melhor.
Mário Martins Campos