Quarta-feira, 29 de Junho de 2005

Fernanda Valente - A propósito de erros

Os críticos na rede e entenda-se “rede” no sentido mais lato, vulgo oposição, comentadores políticos, jornalistas, voyeurs…, por falta de argumentos palpáveis que consubstanciem uma crítica construtiva e sã, direccionam o olhar público para os erros de um Orçamento Rectificativo, pertencentes a uma rubrica com mero carácter informativo, que nem sequer obstam a que o mesmo seja votado em Assembleia.
Mas, infelizmente, ninguém é perfeito, sobretudo quando nos referimos ao Sr. Ministro das Finanças e respectivo staff, a braços com uma das maiores crises orçamentais jamais vividas por anteriores executivos.
A oposição, sobretudo a que representa o 2º maior grupo parlamentar, preparada que estava para se opor, fazer oposição a um governo nascido de dentro do Partido Socialista ( que, segundo as palavras de Manuela Ferreira Leite em Congresso, é um partido que não governa, que não sabe governar), vê-se confrontada com uma prática governativa que de socialista não tem nada, tornando assim improcedente todo o conteúdo argumentativo de que dispunha para voltar a arregimentar os seus eleitores fujões no próximo acto eleitoral legislativo.
Mas, o Engº Sócrates surpreendeu-nos a todos, a nós cidadãos eleitores que viabilizámos a constituição do seu governo com algumas reservas, e até aos próprios militantes socialistas.
Como disse Tony Blair, nas declarações que proferiu após o encerramento da cimeira europeia e quando o acusaram de ter sido o causador do seu insucesso, não é uma questão de “ideas” ou “ideals”, mas de “modernisation”, acrescentando eu, no nosso caso, também uma questão de sobrevivência e garantia de continuidade da nossa independência.
O Engº Sócrates, para além de um excelente “gestor de recursos humanos”, ao saber rodear-se da nata de um painel de técnicos “experts” nas diferentes áreas de actuação do governo, mostra uma coragem e uma determinação muito acima da média de todos os políticos que têm passado pelos sucessivos governos, afrontando o “poder” das corporações, até aqui julgado intocável, e enfrentando as críticas no interior do seu próprio partido, gerindo os ânimos mais controversos da melhor forma que pode, entendendo eu, inscrever-se neste contexto, as nomeações bastante polémicas que levou a efeito, donde destaco a de Fernando Gomes para a vice-presidência da Galp e a de Manuel Maria Carrilho para candidato à Câmara Municipal de Lisboa.
Fernanda Valente



publicado por quadratura do círculo às 19:41
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Mário Martins Campos - Sampaio e Banca

O Dr. Jorge Sampaio veio a terreiro, tecer algumas considerações sobre o papel da banca no desenvolvimento do País, que levantaram alguma celeuma.
Na minha opinião, de forma empolada e de desproporcionada.
No entanto, depois de durante a campanha eleitoral, este sector ter sido atacado de forma vil, como o grande responsável pela queda do governo, bem como após isso, apontado como o grande “poupado” do sistema fiscal, sobre quem tem de cair as espadas do Fisco, é natural que a hipersensibilidade sobre o sector bancário esteja ao rubro.
O que o PR disse, tem dois aspectos fundamentais, que não são do domino da opinião, mas dos factos:
1. O capital de risco é maioritariamente publico, o que é um absurdo.
2. O sobreendividamento das famílias é uma facto incontornável.
São dois aspectos distintos, mas que devem ser igualmente encarados de frente.
Em relação ao primeiro aspecto, o PR quis convocar para a construção de uma sociedade assente no conhecimento e na inovação, aquilo que de melhor existe na economia nacional, e lembrou-se do sector bancário, como uma referência e uma âncora indispensável para esta tarefa. A banca deveria sentir-se elogiada porque o Presidente da República ao tomar esta posição, reconheceu o esforço de modernização, inovação e sucesso do sector bancário nacional, que se coloca nestes aspectos ao lado do melhor que se faz no mundo.
Bem sei, que o capital de risco não é a vocação da banca, sei igualmente que existem critérios associados às normas de Basileia II, que impedem a incorporação de risco na estrutura financeira das instituições bancárias, mas também sei que existem mecanismos de organização das unidades orgânicas dos grupos financeiros, que permitem gerir a distribuição do risco.
Basta comparar os índices, associados ao suporte a capitais de risco, com o que existe em Espanha, para entendermos, que é possível fazer mais e melhor.
No que diz respeito ao segundo aspecto, terá de facto de partir das entidades reguladoras, o controlo àquilo que muitas vezes parece ser o “el dourado” financeiro, que promete tudo e mais alguma coisa, em troca de facilidades e com demasiado facilitismo.
Ai sim, o PR criticou. E bem!
Mário Martins Campos

publicado por quadratura do círculo às 19:38
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David Moreira - Proposta de candidatura

Chegou a altura de Portugal ter um Chefe de Estado que fale a verdade. Um
Presidente em que se possa confiar por ser intelectualmente honesto. Um
Presidente que saiba de facto o Estado da Nação. Um Presidente independente
do poder político. Um Presidente da sociedade civil. O Professor Medina
Carreira é a pessoa da sociedade civil mais habilitada para tal.
Além de ser o único capaz de vencer o “Pai do Deficit”…
O voto no professor Cavaco Silva é um voto de um saudosismo de um progresso
económico cuja factura é para começar a pagar agora …
É preciso alguém com autoridade intelectual e independente do poder político
que lembre ao professor Cavaco Silva quem é o verdadeiro “Pai do Deficit”. Guterres apenas foi o padrasto extremoso que o perfilhou, num devotado
cristianismo, e o alimentou bastante bem, enquanto viciava a balança que o
pesava.
Durão, Santana a família de acolhimento que o tentou pôr de dieta… Sócrates só sabe que nada sabe o que fazer com ele… … Uma banda gástrica, talvez? …
David Moreira
publicado por quadratura do círculo às 19:34
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Segunda-feira, 27 de Junho de 2005

J. L. Viana da Silva - Racismo em Portugal

Não creio que haja racismo em Portugal, ou racismo com algum significado. Penso confundir-se a questão em discursos politicamente correctos que não ferem ninguém. Se a pessoa X diz na televisão que existe racismo e que o racista é um idiota ninguém se chateia, olha para o lado, pois, não é consigo! E toda a gente gosta de falar de racismo. Mas o problema não é o racismo... O problema são os problemas relacionados com as condições de vida em bairros ou zonas degradadas e, a partir daí, brancos, negros, amarelos ou ciganos são tratados da mesma forma. Penso que em Portugal ninguém se importaria de ter um primeiro-ministro preto; Importar-se-ia mais, talvez, por ter uma mulher primeiro-ministro. Nas relações pessoais não creio existir entrave racista por parte dos portugueses... Um equivoco!
J. L. Viana da Silva

publicado por quadratura do círculo às 17:41
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Jorge Alexandre - Ainda o Tratado

Sim à Constiuição. Porquê? Alguns aspectos em análise:
1. Princípio da subsidariedade = decisões tomadas ao nível mais próximo dos cidadãos.
2. Maioria qualificada: para que uma lei seja aprovada pelo Conselho de existir pelo menos uma maioria composta por 55% dos estados membros que representem 65% da população.
Minoria de bloqueio: a minoria de bloqueio deve integrar no mínimo 4 países.
No tratato de Nice apenas são necessários 3 estados (argumento os que são contra a constituição porque dizem que esta concede mais poder aos grandes. Falso. sendo necessario 4 estados no minimo torna-se mais difícil).
3. O Conselho delibera em público sobre legislação europeia = transparência.
Actualmente o Conselho delibera "à porta fechada". É muito fácil para um qualquer deputado dizer que se bateu fortemente pelos interesses do país mas que a oposição foi mais forte...
4. A Carta adquire força jurídica vinculativa ao ser incluída na Constiuição = os cidadãos têm mais direitos.
5. Implementa o direito de iniciativa popular: o mínimo de um milhão de cidadãos pode pedir à Comissão para apresentar uma iniciativa legislativa.
Muitos dos artigos de Nice transitam intocáveis para "a Constituição", por isso "os do 'não'" que verifiquem primeiro o tratado em vigor antes de afirmarem com toda a certeza que com "a Constituição" isto "passa a ser assim" e "é muito mau" e tal...
Jorge Alexandre
publicado por quadratura do círculo às 17:37
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Nuno Moreira de Almeida - Cem dias positivos

Fazendo um balanço dos primeiro cem dias de governação socialista, sob a batuta de José Sócrates, tenho forçosamente de classificá-la como extremamente positiva.
Arrojo e coragem na adopção de medidas duras e impopulares, um discurso honesto e objectivo sem se pretender esconder a verdade aos portugueses, blindagem face à comunicação social, anúncio do fim dos privilégios dos detentores de cargos políticos, regulamentação da nomeação de gestores públicos, um núcleo político do governo indubitavelmente eficaz, indiciam um governo no bom caminho e transmitem confiança redobrada à generalidade dos portugueses.
Na pasta da Educação, neutralizou-se exemplar e habilmente a injustificada - nos timings - greve da classe docente e conseguiu-se, em magnífico contraste com o anterior executivo, a divulgação das listas definitivas de professores, de forma atempada e sem levantar qualquer celeuma. Está de parabéns a ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
Em relação ao Ministério da Agricultura, Jaime Silva foi exemplar a "agarrar" os dossiers e a encetar as negociações pendentes com Bruxelas, gerindo correctamente o problema corrente da seca.
O ministro António Costa, tutelando a Administração Interna, deu uma resposta cabal e rápida à ocorrência do "arrastão" e à divulgação dos problemas de segurança na linha da CP de Sintra.
Na Saúde, António Correia de Campos, um profundo conhecedor do sector, entrou bem revelando uma grande vontade de resolver os graves problemas e alguma coragem a enfrentar as corporações do mesmo.
Luís Campos e Cunha, pese embora alguma inabilidade política na gestão do tema da sua reforma do Banco de Portugal, revelou competência e decisão na definição de uma política de rigor faseada no controlo do défice público.
Na pasta dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral tem claramente correspondido às expectativas, ou mesmo superado, nomeadamente na negociação junto de Bruxelas do quadro comunitário de apoio, lutando pela repartição justa dos fundos de coesão. Também na sensível questão do jovem português detido no Dubai, a sua intervenção foi decisiva, revelando grande tacto político e diplomático.
Estas são as pastas ministeriais que para já têm merecido destaque e garantido maior visibilidade na sua acção nestes primeiros cem dias, mas por contraste apetece perguntar:
Onde anda o ministro da Economia, Manuel Pinho?
De qualquer modo, deve ser feito um balanço muito positivo desta fase inicial da acção governativa socialista, a qual tem ganho pontos nas poucas semelhanças que apresenta face aos consulados guterristas que passaram por S.Bento, dando força e razão à tese que sempre defendi, segundo a qual José Sócrates era o homem ideal para liderar o Partido Socialista, e pelos vistos o governo de Portugal, quer pela sua postura pragmática, quer pela confiança e seriedade que transmite.
Nota muito positiva!
Nuno Moreira de Almeida

publicado por quadratura do círculo às 17:34
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Duarte Carvalho - Serviços máximos

Muito se falou sobre a greve dos professores e tão pouco se disse!...Ao lado das questões fundamentais todos passaram ao lado; uns por não verem outros por não quererem!
Não vou falar sobre a justiça ou injustiça da greve, até porque toda a greve tem sempre as duas vertentes, dependendo do lado em que nos encontramos (os que a efectuam ou os que lhe sofrem o impacto).
Também não vou falar do confrangedor absurdo que é ver as forças de segurança lutar pelos seus direitos e amanhã, se lhes ordenarem, carregarem sobre outros que estarão a lutar pelo mesmo por que eles lutaram ontem...
Sobre tudo isso e muito mais poderei opinar noutra altura mas agora é urgentemente obrigatório que fale do que ainda ninguém falou: do regresso do totalitarismo. E não serão esboços de sorrisos depreciativos intelectopaternalistas que apagarão a realidade dos factos; portanto vamos aos factos e depois logo se verá!
É ou não verdade que nenhum governo democrático está acima das leis e dos princípios que regem o sistema em que está inserido? ( Sim ou não, por favor!)
Não tenho a menor dúvida que a resposta foi unânimemente sim, até porque a pergunta não deixa margem para especulações.
É ou não verdade que em democracia, quando um governo considera que uma (ou várias) leis são impeditórias da aplicação de princípios que considera correctos deve, primeiro, aprovar a alteração a essa ou essas leis e só depois passar à implementação das medidas que corporizam esses princípios?
Penso que mais uma vêz a resposta terá sido um ínequivoco sim, mas já agora digam-me lá (ou será cá? Pelo sim ou pelo não digam cá e lá, na Quadratura do círculo, onde as coisas são mais ouvidas!) e um governo que nega o sim óbvio a estas perguntas está a trilhar que caminhos? (Desculpem, não percebi; podem escolher entre democrático ou totalitário, porque nunca ouvi falar de demototalitacia!)
E só mais uma achega, em português, mínimo e máximo são sinónimos?
E pronto, é tão simples como isto, vamos transpôr para o campo prático:
O direito à greve está legalmente consagrado para todos, negá-lo é fazer tábua rasa das leis que regem este País.(Primeira resposta...)
As áreas em que devem existir serviços mínimos também! (segunda resposta.)
Terceira resposta, alguém a explique ao Governo, porque os professores foram todos obrigados a assinar folhas de presença, mesmo não tendo serviço distribuído e não estarem nas áreas geográficas abrangidas pelo pré aviso de greve. Seguramente foi a manifestação do respeito e da confiança no profissionalismo dos professores a que o Primeiro Ministro se referia no Parlamento. Agradeçam seus ingratos que não distinguem uma manifestação de apreço de uma intimidação descarada; mas está bem, estão desculpados porque a maioria pertence a uma geração que não tem termo de comparação na memória.
Tudo o resto que se possa argumentar para lá destes factos, sem alteração do suporte legal,são divagações, independentemente do seu valor intrínseco; aceitar a sobreposição desse valor em detrimento do dever de respeitar a legalidade estabelecida será abrir um precedente que abala os fundamentos de qualquer Estado de Direito.As áreas em que foram estabelecidos serviços mínimos são aquelas que põem em causa direitos fundamentais, essencialmente o direito à vida.Por essa razão a Educação acabou por ser retirada das áreas abrangidas por esses mesmos serviços.
E não adianta argumentar que a Educação é um dos direitos fundamentais porque, em primeiro lugar,esse direito não foi beliscado, dado as aulas terem sido leccionadas; em segundo lugar os exames podem ser encarados não como um direito, mas como uma obrigação dos alunos provarem que fizeram boa utilização desse mesmo direito à Educação que lhes foi consagrado (Sabe-se o que eles pensam deste "Direito" que lhes foi "oferecido" !) e em terceiro lugar porque alterar datas de exames não questiona qualquer direito dito Fundamental, é apenas isso, mudança de datas. E não me venham com argumentos piegas do aumento do stress porque o que lhes causa o stress não é a greve dos professores, são os exames em si e que eu saiba não vi esses argumentos comoverem o Governo quando tornou obrigatória a realização desses exames.(Alto aí, eu até sou por exames em todas as mudanças de ciclo; mas não por razões de direito, porque agora esse é o argumento que paga dividendos junto dos Encarregados de Educação, mas porque é a forma de obter dados de avaliação, rápidamente utilizàveis sobre o estado de todo o Sistema Educativo. E já defendia essa solução quando ainda se considerava ser um atropelo aos direitos dos alunos levantar-se tal hipótese.)
Será que para este Governo há cidadãos de segunda e de primeira?
Impensável, aqui somos democratas, isto não é uma República das bananas, assim como os Açores, ou esses governos lá da ex-Cortina, aqui são todos iguais!...
Ah, fiquei mais descansado; é que por momentos pensei que o estado psiclógico dos alunos e dos seus Pais e Encarregados de Educação, pelo transtorno provocado à planificação das suas férias, fosse mais importante do que os transtornos psicológicos provocado aos funcionários públicos que já tinham planificado o resto das suas vidas, pensando que já tinham cumprido a sua obrigação para com a comunidade e que descobriram terem que adiar essas ninharias por mais uns anitos, aqueles que não se ficarem pelo caminho, é claro.
Fala-se muito de justiça mas que justiça é esta em que os professores são ameaçados e aterrorizados por pretenderem exercer um direito fundamental e um governo se gaba de ser louvàvel por utilizar esses métodos em defesa de direitos inventados à medida das conveniências mais imediatas? Como é possível inventar direitos onde eles não existem e impunemente argumentar que direitos usufruídos durante anos passaram práticamente a actos, senão criminosos,pelo menos altamente reprováveis! Justiça não é nivelar por baixo;não são os funcionários públicos que têm sido priveligiados, foram os outros trabalhadores que têm sido injustiçados! E mesmo que fosse verdade, que fossem priveligiados, quem lhes outorgou esses privilégios não foram os políticos? Ou foram roubados? Quem errou portanto?
Se um funcinário se arrisca a processos disciplinares por tentar exercer um direito consagrado porque razão os governantes que não cumprem as suas obrigações, também consagradas, não sofrem penalizações por não as cumprirem? O Engenheiro Sócrates pertenceu a um governo que todos acusam de ter conduzido o País a esta situação...Foi penalizado? Foi afastado da carreira política; foi alvo de algum processo disciplinar? E os outros políticos que por outros Governos passaram sem resolver cabalmente os problemas deste País, foram penalizados? Quem fez as asneiras e não cumpriu as suas obrigações foram os trabalhadores? Haja vergonha e que se digam as verdades.Quem delapidou o dinheiro de todos nós e nos tenta culpabilizar desse facto, são exactamente os que se apresentam como aqueles que nos vêm salvar de nós próprios. A grande culpa deste povo é votar nos políticos em que vota, mas verdade seja dita também não têm grande escolha!!!
Não interessa a inteligência se utilizada apenas para manipular aqueles que a possuem em menor quantidade e para satisfacção narcisista do ego:a diferença entre dois inteligentes está apenas na honestidade com que se usa essa inteligência; mas que diferença faz!
Esperemos que essa diferença seja usada para resolver a Quadratura do Círculo o que já não seria nada mau.
Haja um princípio e que seja mesmo fundamental!!!
Duarte Carvalho
publicado por quadratura do círculo às 17:29
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Nuno Monteiro - Comparação com Finlândia

Recentemente, Sampaio teve uma intervenção pública onde referiu algumas práticas que terá encontrado numa Escola na Finlândia. Referiu que, apesar do número de horas lectivas ser semelhante, os professores finlandeses, nessa escola, se manterem na mesma 50 horas por semana. Esta afirmação foi desvalorizada e quase “desapareceu” dos meios noticiosos pois foi proferida juntamente com o ataque cerrado aos bancos sobre o crédito de risco.
Não votei Sampaio e a sua presidência confirmou a pouca confiança que lhe tenho. Considero-o um dos “embusteiros” mais determinantes no processo de subida de Sócrates ao governo.
Mas tem toda a razão no caso referido.
De imediato, os corporativos docentes “saltaram a terreiro” protestando da afirmação e solicitando a reposição da verdade (deles).
Dizem, justificando, que na Finlândia as regras são semelhantes às Portuguesas e que, por isso, as 50 horas são informação “falsa”.
Então, o que se passa?
Simples.
Realmente as regras na Finlândia são semelhantes às portuguesas. Mais ou menos horas, mais ou menos reduções das horas lectivas ao longo da carreira.
Indicam as regras (grosso modo) que os docentes devem estar obrigatoriamente na escola durante as respectivas horas lectivas. E que não têm de estar na escola para além desse horário, a menos que tenham tarefas atribuídas pelos órgãos directivos.
Então (novamente) qual a diferença? Porque é que uma regra igual tem resultados tão diferentes na Finlândia e em Portugal?
Simples (outra vez).
Na Finlândia não cabe na cabeça de ninguém que não possa haver trabalho a atribuir numa escola… Que essa “ausência” de trabalho possa sequer existir antes que essa (sua) escola seja a melhor do País e antes que os alunos Finlandeses sejam os melhores do Mundo (a sua economia precisa disso).
Em Portugal, a regra é a mesma, mas os órgãos de gestão encontram inúmeras horas em que podem “dispensar” os professores. Afinal que haverá para fazer? Eles… não sabem. Assim, os períodos não lectivos são períodos de dispensa dos professores… Afinal o ensino em Portugal é muito bom e os seus alunos são dos melhores do Mundo. Podemos nos dar ao luxo de dispensar os professores porque não há trabalho na escola, para além dos períodos lectivos…
Haverá excepções. Mas não são regra. E os professores que reagem a este tipo de exposição sabem disto. Mas sentem-se “tocados” pelo facto do seu empenho estar isolado numa multidão de “maus profissionais” ou, aligeirando, no meio de uma multidão de beneficiados que “deixam andar” as coisas.
Finalmente, porque esta diferença de “exigência” dos órgãos de gestão das Escolas em Portugal e na Finlândia?
Simples.
Em Portugal a gestão é “democrática” como dizem os sindicatos. São eleitos pelos professores (pelo que lhes fazem todos os fretes). A Escola é uma escola dos professores e não uma escola dos alunos. “Como afrontar os colegas? Afinal vim desse grupo e para lá vou voltar. Assim, fica tudo como estᅔ – pensam os directores.
Na Finlândia? Os directores são escolhidos de entre um grupo de indivíduos (independentes das escolas) devidamente formado e habilitado para o efeito. Têm uma carreira própria e podem exercer numa e em outra escola. Respondem pelos resultados na mesma. E assim, estes aparecem.
Os docentes portugueses são privilegiados. O que não seria nada de mais se produzissem resultados. Infelizmente não os produzem.
Aos professores que não se revêem nesta análise: protestem. Com os sindicatos. Com os colegas. Para que dignifiquem a sua profissão. Caso contrário, ficam atolados neste pântano…
Nuno Monteiro
publicado por quadratura do círculo às 17:23
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João Carvalho - Sobre insegurança

Sempre vivi na Linha de Sintra e as questões de insegurança agora levantadas e muito empoladas, pois recorrendo a gravações, por parte da comunicação social sempre aconteceram, em maior ou menor grau por esta altura do ano: Fim de aulas, idas a praias e regressos a bairros sociais marginalizados. (...) No vosso programa, Pacheco Pereira referiu que esta deliquência é de um novo tipo. Concordo em parte, devido aos métodos mais violentos usados nos assaltos, mas os motivos continuam os mesmos e de difícil resolução. Estes assaltos pouco ou nada têm a ver com o chavão "roubar para comer", pois existem associações, assistentes sociais e outros que garantem as necessidades básicas das populações. O problema é mais complexo, pois baseia-se em cultura urbana de consumo e é extremamente difícil convencer jovens, que convivem com a violência facilmente, que para terem os ténis de marca, os brincos e todas as coisas que cobiçam dos "outros" foi conseguido com trabalho e esforço e que eles assim o conseguirão se forem igualmente esforçados. É um facto que o individuo tipo destes ataques grupais está devidamente caracterizado e definidas as suas origens, mas isso não deve contribuir para que passem a ser um alvo a abater nem, como alguns partidos de esquerda fizeram, erradamente acusar quem factos apresenta de racista. Para tudo isto, a meu ver, contribuiria positivamente, se esta "Cidade" proporcionasse aos jovens áreas e actividades de lazer e menos vias rápidas e menos automóveis, menos prédios e mais espaços verdes de qualidade, para a prática de desporto e, por consequência, maior sociabilização entre as pessoas. Esta Grande Lisboa é, neste aspecto, prefeitamente desumana e hostil.
João Carvalho
publicado por quadratura do círculo às 17:19
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Alexandre Quinteiro - Ideologia e política

“Álvaro Cunhal não abandonou o ideário comunista até ao final da vida. Acreditou sempre - e expressou-o em 1997, cinco anos depois de deixar a liderança do partido - que os "comunistas estão mais próximos de Cristo, do cristianismo primitivo, do que aqueles que usam o poder para oprimir e explorar".
in Diário deNotícias por Miguel Coutinho 14/06/2005.
Para os mais desiludidos com a política e também para os mais distraídos, que muitas vezes não se atraiem pela política por nela não vislumbrarem quaisquer laivos de ideologia, aproveito para relembrar um homem que, nos antípodas do meu ideário político, foi um exemplo vivo de quem sempre viu a política de forma puramente ideológica.
Os princípios da Democracia Cristã fundam-se na vontade de pôr em prática na esfera política um conjunto de valores morais e princípios éticos da moral católica que nós, os democratas-cristãos, entendemos que deveriam dimanar para toda a sociedade.
Não obstante este desiderato ético, isto não provoca em nós uma ideia de superioridade moral pois todos os agentes políticos, sem excepção, estão imbuídos na mesma lógica de melhorar a sociedade!
A questão da exploração dos oprimidos na sociedade (ocidental) e livre sempre foi uma questão tratada amiúde pelos cristãos - não com exclusividade, naturalmente! O que se passou com os comunistas na defesa daqueles que viviam em sociedades oprimidas? Por que é que só se pugnou pela destruição da opressão exploradora nas sociedades ocidentais quando se sabia da imperfeição brutal do sistema comunista, pese embora as similitudes teóricas com a esperança cristã de termos um mundo melhor?
Foi a ideologia que deu à esquerda a visão turva sobre a realidade para lá da “Cortina de Ferro” e lhe deu a “visão clara” para a realidade que lhe era próxima. Ou seja, a ideologia sempre tolheu a esquerda para analisar o real porque era suposto dela fluir um novo modelo social ideal. Com a direita isso nunca aconteceu porque o ideal cristão era anterior à moderna política.
Concluindo, é com muito pesar e algum espanto que ainda hoje conseguimos ver que a extrema esquerda em geral - e aqui, os comunistas em particular - conseguem sempre maximizar os efeitos mínimos da exclusão (preocupante, é evidente) nas sociedades liberais/capitalistas e minimizar as coevas injustiças atrozes desde que praticadas em sistemas ideologicamente próximos.
Alexandre Quinteiro



publicado por quadratura do círculo às 17:11
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