Quinta-feira, 4 de Maio de 2006
Um e outro vieram da ruralidade portuguesa; um e outro professores. No jeito e no feitio têm muito de comum.
Também no modo de sentir Portugal. Hoje ao ouvir Cavaco dissertar sobre o desaproveitamento do Tejo, veio-me à memória um texto da minha antologia de estudante do 3º ano extraído dos 'Discursos' de Oliveira Salazar:
«Que pena me faz a mim, filho do campo, criado ao murmúrio das águas de rega e à sombra dos arvoredos, que esta gente de Lisboa passe as horas e dias de repouso acotovelando-se tristemente pelas ruas estreitas, e não tenha um grande parque, sem luxo, de relvados frescos e ervas copadas, onde brinque, ria, jogue, tome o ar puro e verdadeiramente se divirta em íntimo convívio com a natureza! Que pena me faz saber, aos domingos os cafés cheios de jovens, discutindo os mistérios e os problemas da baixa política, e ao mesmo tempo ver deserto esse Tejo maravilhoso, sem que nele remem ou velejem, sob o céu incomparável, aos milhares, os filhos deste país de marinheiros!
Temos de reagir pela verdade da vida que é trabalho, que é luta, que é dor, mas que é triunfo, glória, alegria, céu azul, almas lavadas e corações puros, e de dar aos Portugueses, pela disciplina da cultura física, o segredo de fazer duradoura a sua mocidade em benefício de Portugal» In Alma Pátria, Pátria Alma, de Domingos Pechincha e J. Nunes de Figueiredo, Porto Editora, Lda.
Amora da Silva