Quinta-feira, 4 de Maio de 2006
Cavaco Silva parece ainda não ter compreendido para que cargo foi eleito: como Presidente da República não dispões de poderes executivos para governar, ou sequer, interferir na acção do Governo, com excepção de alguns vetos que pode exercer e de algumas formas de magistério de influência.
De visita a um insignificante destacamento de tropas portuguesas, na Bósnia, descobriu que a despesa com as forças armadas é investimento e que este não pode estar sujeito aos constrangimentos económicos (leia-se à crise que atravessamos)! Mais submarinos, mais caças e bombardeiros para os espanhóis continuarem a pescar livremente na nossa costa e a ZEE continuar inexplorada e sem controlo?
O discurso comemorativo do 25 de Abril centrou-se na louvável preocupação sobre a exclusão social, preocupação que consta em todos os programas de todos os partidos, de todos os governos, etc., e que de ano para ano se vai agravando. Cavaco Silva ainda está em campanha eleitoral (a intenção de de ser popular é óbvia) ou descobriu o segredo do milagre?
Também desta vez esqueceu-se de referir quem irá financiar o compromisso cívico nacional. Sendo cívico o compromisso qual será o contributo do Estado? E se não for o Estado quem será? A benemérita iniciativa privada ou as falidas instituições de solidariedade social?
O destino dos excluídos está traçado: irão aumentar e irão ficar mais pobres. Cavaco Silva sabe, como poucos, que irá ser assim ... a menos que saiba como resolver esta ciclópica tarefa.
Aguarda-se com a maior curiosidade.
João Gomes Gonçalves