Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2004
O Senhor Presidente da República fez o que devia ter feito, dissolveu a Assembleia, no timing certo, depois do ainda primeiro-ministro lhe ter dado motivos de sobra ao longo dos quatro meses da sua governação. Nem poderíamos nós, portugueses, esperar outra coisa por parte de um alto dignitário da nação, mandatado pelo povo que lhe confiou os poderes de que foi investido por força da Constituição da República.
Foram muitas as vozes que se ergueram contra este governo que representado pelo seu primeiro-ministro, se mostrou insipiente e descoordenado, inoperante e à deriva, pecando pela inobservância do programa de governo apresentado pelo seu antecessor - como era sua obrigação - pois os eleitores que viabilizaram a maioria parlamentar, posteriormente coadjuvada pelos votos do PP, fizeram-no sobretudo com base num programa de governo que a ser levado à prática pelo então secretário-geral do PSD, Dr. Durão Barroso, deveria funcionar como uma espécie de cartilha até ao final da legislatura. É este o modus faciendi que assiste ao acto eleitoral que envolve os cidadãos eleitores e os políticos a eleger.
Por outro lado, e quanto à forma de dissolução adoptada pelo Sr. Presidente, parece-me ser esta uma questão menor, ou de lana caprina, como diria o povo, porquanto o Orçamento de Estado a ser aprovado, servirá unicamente os interesses dos cidadãos que muito provavelmente até virão a ser os seus eleitores mais directos, os funcionários públicos, e para assegurar a liquidez de determinados organismos ou instituições aos quais, estou certa, o Dr. Santana Lopes irá apelar ao voto na campanha eleitoral subsequente, porque tirando isso, o seu destino mais provável deverá ser o "trash" dentro de 2 ou 3 meses.
O Sr. Dr. Santana Lopes poderá pois concorrer, coligado ou "descoligado", como ele já declarou não tem medo de eleições, na certeza porém de que os portugueses saberão na hora certa dar a resposta que ele merece quanto mais não seja pelas sucessivas humilhações que ele nos tem feito passar, sendo que a mais recente se prende com a polémica do referendo sobre a Constituição Europeia em que apela ao voto "sim" numa pergunta a qual a esmagadora maioria dos portugueses não entende o significado.
Fernanda Valente