Quarta-feira, 20 de Outubro de 2004
Há dias um responsável da empresa onde trabalho repreendeu uma colaboradora por ter chegado 40 minutos atrasada depois desta ter alegado um problema com o filho. A resposta foi de que a "empresa não tem nada a ver com a vida particular das pessoas". Não sei se foi o filho ou não, mas admitamos que sim.
Este episódio é o mote para dirigir algumas perguntas, tendo o novo código laboral como pano de fundo, a saber:
1) A pessoa é uma peça menor do sistema em nome duma totalidade anónima?
2) O darwinismo social é uma fatalidade das sociedades actuais?
3) A resposta está no individualismo?
4) O meu lucro está na proporção directa do prejuízo do outro
(competitividade)?
5) A competitividade é boa ou nefasta? Em que condições é uma coisa ou
outra?
6) É o novo código laboral a melhor maneira de gerir as fragilidades da
pessoa e as disfunções dos sistemas?
7) Deve um governo, ou não, ter autoridade para modificar as forças do
mercado (como faz o sueco) no sentido de estimular a conformidade com os
objectivos sociais?
Subscrevo a necessidade de operar mudanças nas relações e comportamentos em ambiente laboral. Mas não estará a haver liberalismo e Lei e Ordem Natural (A. Smith) em demasia? Não há reciprocidade na ética dos comportamentos entre os diferentes agentes duma empresa? A família, os filhos, o acompanhamento, a educação, etc., são coisas menores em prol da
competitividade?
Não sei este email está conforme com o espírito deste espaço ou do programa.
Em todo o caso, ficam as questões que gostaria que fossem abordadas no
programa a propósito das várias questões debatidas.
Paulo Jorge V. Santos