A coisa é séria e já está a caminho do Museu de História Natural de Nova Iorque. Um «artista» português, de seu nome, Leonel Moura, inventou um robot que pinta quadros: um «robot artista», portanto.
Mais uma vez é um português que, num rasgo de génio, dá novos mundos ao mundo: o trabalho duro do dia-a-dia é a grande chatice que o português detesta.
Sócrates já realizou uma reunião de urgência, com os ministros da Ciência e da Economia, para lançar um programa nacional de comercialização do «robot artista», em várias versões: plus, com cinquenta tubos de tinta, que cobrem uma gama alargada de tons, standard, com doze tubos de tinta, para pintores em inicio de correria, e míni, só com um tubo de tinta preta, para exportação para os países do terceiro mundo.
Bill Gates já enviou uma delegação ao mais alto nível da sua administração para negociar uma versão especial para incluir no Windows, em substituição do velho Paint, que ficou completamente ultrapassado.
Segundo estudos de mercado, com a comercialização e exportação do «robot artista», para todo o mundo vai tornar, pela primeira vez na nossa história, a nossa balança comercial positiva, e já em 2009 o actual deficit orçamental passará dos 4,6 negativos para 4,6 positivos.
Nesse ano, 50% dos trabalhadores activos já serão todos artista em Artbótica e deixará de ser necessário plantar batatas, couves, cenouras, grelos, e outras inutilidades. A pesca do arrasto, à linha e aos domingos no Guincho também já terá acabado, ficando essa actividade a cargo dos Espanhóis.
No caminho aberto por Leonel Moura certamente surgirão robots noutros domínios: americanos, japoneses ou indianos talvez inventem o «robot sentimental», um robot que emite sentimentos: afecto, carinho, amizade, amor, compaixão, ternura, pieguice, etc., cobrindo todo o leque de sentimentos que o ser humano mais requintado é capaz de sentir.
A solidão, o casamento (gays e lésbicas incluídos), a amizade, os traumas de infância, etc. serão vantajosamente substituídas pela aquisição, em qualquer loja de electrodomésticos, de um «robot sentimental», que nos fornecerá, por medida, quando e onde quisermos, o sentimento que nos apetecer. Finalmente, o Eldorado do progresso estará ao alcance da Humanidade!
Cavaco Silva já agendou a cerimónia de atribuição da Ordem de Torre e Espada, a Leonel Moura, mas existe uma dúvida entre os seus assessores: a distinção deverá ser conferida na qualidade de artista genial ou de cientista louco?
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