Segunda-feira, 23 de Outubro de 2006

Nuno Monteiro - Argumentos de professores

Quando se aproxima uma câmara de televisão de um professor manifestante ou grevista, dá jeito conseguir responder às perguntas cruciais: “porque está a se manifestar?” ou “porque está a fazer greve?”
Nessas alturas, qual é a resposta recorrente? A das grávidas e dos doentes… que são prejudicados na sua progressão da carreira. Até as quotas e a titularidade de parte dos docentes fica para trás.
É o tal “sound bit”.
O facto da matéria ter vindo a ser melhorada ao ritmo das versões e propostas do Ministério demonstra que é uma não questão.
Mas, mesmo sendo uma não questão, entronca numa verdadeira questão, essa sim essencial:
A carreira docente deixou (ou deixa, com este ECD) de ser um caminho simples, sem interrupções, até ao topo. A progressão, ao invés de ser para todos e linear, passa a ser uma promoção…
A diferença é substancial. De progressão para todos, passa-se à promoção para os melhores.
Quando se promove? Quando se atribui um prémio. Quando se valoriza a excepcionalidade e a produtividade extra.
A mudança é grande e difícil de “entranhar” nos pressupostos esquerdistas e igualitários (dos sindicatos de professores) onde se entende que não há que diferenciar os melhores só porque isso vai isolar os… piores.
Caso esteja garantido o ordenado e o suporte da segurança social, nos termos de todos os trabalhadores, não há qualquer inconveniente a que uma gravidez ou uma doença prolongada tenha impacto na promoção (ou progressão) na carreira… Afinal, como premiar quem não lá está? Não teria qualquer lógica.
Aí, saltam logo os argumentos de que a sociedade precisa das crianças, blá, blá, blá, blá…
Certo. Precisa sim. E deve valorizar (ou até compensar) quem as tem. Através dos impostos, do (de um novo) abono de família, do acesso mais facilitado a serviços educativos, etc. Não tem de ser, nem deve ser, à custa de igualdades nas promoções das carreiras profissionais que, assim, se distorcem…
Generalize-se essa ideia e veja-se o prejuízo: se todos fossem sempre promovidos por igual, apesar de uns produzirem mais do que os outros, a curto prazo, as mulheres (porque poderiam engravidar) passariam a ser (ainda mais) prejudicadas pelos empregadores. Afinal, estes teriam que pagar sempre mais, apesar de terem ao serviço pessoas menos produtivas e dedicadas.
Sim, porque a dedicação dos trabalhadores que são pais é - e deseja-se que seja - forçosamente menor pois é partilhada com a sua família. A constituição de uma família é uma decisão importante. Com consequências nas carreiras e empregos e que acrescenta custos significativos no orçamento familiar. E, por essas razões, as famílias deverão ser mais apoiadas pela sociedade no seu todo (contribuintes em geral), através de um novo modelo de incentivo à natalidade. Que, neste momento, pura e simplesmente, não existe. Por exemplo, o valor de impostos pagos por um casal sem filhos e um casal com dois filhos apenas se diferencia marginalmente no IRS, valor que é logo ultrapassado pelo IVA no aumento de consumo provocado por aqueles.
Terminando, o “sound bite” dos professores não passa de uma resposta pronta para quem, provavelmente, estará nas manifestações e greves, sem ter lido a proposta do Ministério…
 
Nuno Monteiro
publicado por Carlos A. Andrade às 18:41
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De Anónimo a 25 de Outubro de 2006 às 11:49
Como é que alguém se atreve a pensar e a escrever tanta "baboseira"?
Das criacinhas a sociedade precisa, de mentalidades como a sua é que seguramente não!


De Nuno Monteiro a 25 de Outubro de 2006 às 13:06
Difícil de "entranhar", não é?
É fácil dizer que é baboseira, mas contra-argumentar...


De Anónimo a 26 de Outubro de 2006 às 01:09
Meu caro senhor, argumentar pressupõe convencer alguém de que as nossas convicções estão certas, a si eu nem convencer quero. Obviamente podia apenas dizer que o senhor com certeza é pago para atacar os professores, mas percebo nas suas linhas que é muito pior que isso! É prepotente, está convencido ("de quê?", convencido, apenas!),
é reaccionário, preconceituoso e antiquado, não conhece aquilo de que fala (já alguma vez entrou numa escola pública?), só conhece a sua realidade, mas testemunha sobre outras.
Não incentive demasiado a natalidade porque a genética é um facto científico!


De Nuno Monteiro a 26 de Outubro de 2006 às 11:37
Não. Argumentar significa sustentar opiniões. Não precisa de mais ninguém para argumentar. Basta-lhe a si e a sua opinião.
Quando alguém não tem argumentação que sustente interesses ou opiniões, normalmente desvia-se para a forma (ortografia) e para o ataque pessoal.
Mas, respondendo à sua questão: todo o meu percurso escolar foi feito em escolas públicas e conheço a sua realidade profundamente pelo que me considero suficientemente válido (se isso fosse relevante) para emitir uma opinião. Sem que haja qualquer objectivo em convencer alguém do que quer que seja...
Tão só contribuir para a matéria em discussão.
Cumprimentos


De Anónimo a 27 de Outubro de 2006 às 00:08
Deixe então que o corrija de forma mais precisa: a argumentação é o desenvolvimento de um raciocínio com o fim de defender ou repudiar uma tese ou ponto de vista, para convencer um oponente ou um interlocutor circunstancial. Remeto-o para Aristóteles, que é sempre uma leitura esclarecedora, com a credibilidade que lhe confere o ter atravessado os séculos a colmatar ignorâncias.


De Nuno Monteiro a 27 de Outubro de 2006 às 08:02
Com referi e previ, cá está a discutir forma e semântica...
De conteúdo, assunto, matéria, nada...
Conforme Aristóteles, argumenta-se para desenvolver (suportar disse eu) um ponto de sista (uma opinião) com vista a um interlocutor circunstâncial e não a convencer "o" interlocutor (você).
Mas mais, e isto é relevante: um e não "o". Para além de Aristóteles não ter desenvolvido as suas teorias no tempo dos blogs. Ou acha que isto de mensagem, emissor e receptor ficou tudo na mesma desde o tempo da antiga Grécia?


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