Quinta-feira, 28 de Setembro de 2006
Começo com um puro exercício de retórica e reflexão. Os deputados desta nação, nobres representantes do povo que os elegeu, estão no hemiciclo sentados para fazer valer as razões de um conjunto de pessoas (leia-se eleitores) que os elegeu, ou pelo menos, acredito que seja essa a sua função. Com este pressuposto em mente, a ideia de redução do número de deputados na Assembleia da República seria um diminuir da representatividade do povo nas decisões do país. Mas aquilo que se verifica é, e utilizando um slogan antigo, um caso típico de "jobs for all boys". Sou um romântico, que num filme sobre a democracia americana, um representante do povo, novo e sem grande peso na senda politica, faz valer o seu estatuto e obriga todos a ouvir a sua causa e a do povo que o elegeu, pelo tempo que entendeu valer o seu discurso. Ele representava a liberdade pura, sem grilhões nem amarras. Cá, quantas vezes se vê, nas questões que realmente interessam, não haver vozes dissonantes, votando todos em bloco. Será que, mesmo sendo da mesma cor, não há divergência? Claro que há, mas a vontade do presidente do partido, ou da bancada parlamentar falam mais alto. Não estou com isto a dizer que acho bem ou mal, antes pelo contrário (perdoem-me a expressão que dá uma volta em si mesma), mas se assim é, então não são precisos tantos para levantar o braço e gritar "yeah, yeah...", para ver quem faz mais barulho. Fazem-se comparações com outros países do círculo dos 25, e chega-se ao raciocínio intelectual de que até somos dos que, proporcionalmente, temos menos representantes. Será que somos nós que temos a menos, ou eles é que têm a mais? Parece-me que deveríamos começar a inovar, procurar soluções que não encontrem escudo em argumentos fora do nosso país. Com o mal dos outros podemos nós bem, e até pode acontecer que sejamos nós o motor da mudança. Para terminar, avanço só mais um pensamento: Mais vale poucos a ganhar muito do que muitos a ganhar pouco, deve-se é pedir responsabilidades a quem ganha muito, com um quadro de atribuições, competências e atributos bem definidos, mas que por contraponto não possam ser de impunidade total com a má gestão. Se eu tiver uma má performance numa empresa, a empresa do lado não me contrata, a menos que essa má performance fosse deliberada...
Pedro Santos